Raquel Lyra e João Campos em ação e reação para 2026
Campos, com o crachá de presidente do PSB, ganha a prerrogativa de negociar para seus planos eleitorais e partidários, só com uma ordem executiva.

Essa semana a governadora Raquel Lyra (PSD) volta ao trabalho depois de um período de descanso. As articulações políticas, no entanto, não tiveram pausa. Nomeações aconteceram em três secretarias, na administração de Fernando de Noronha e no IPA.
Todas tiveram algum motivo de fundo que vai se configurar com mais força apenas nas próximas semanas. No IPA, por exemplo, o Podemos reforçará o vínculo com o Palácio e, em breve, ajudará a criar ainda mais raízes com o PSDB. O antigo partido da governadora está em processo de fusão com o Podemos nacionalmente e isso vai alterar a relação de forças nos estados.
Algo parecido acontecerá com o PP, que está no processo de criar uma federação com o União Brasil. Em Pernambuco é o PP quem vai mandar, até no destino do hoje oposicionista UB. Por isso, o partido ganhou mais espaços.
E ainda tem o Avante, que ganhou uma secretaria e Fernando de Noronha, resolveu deixar o grupo de João Campos e assumir posição com o Palácio levando ao menos 10 prefeitos e um deputado federal.
Tudo isso completa um movimento que começou na filiação ao PSD e, desde então, atraiu prefeitos do PSB e do MDB para a nova sigla. Ninguém pode mais dizer que ela não faz política.
Reação
Por outro lado, é importante lembrar que não existe ação sem reação. O PSB está realizando eventos nos municípios como preparação para um encontro do partido em Brasília que confirmará João Campos como presidente nacional, substituindo Carlos Siqueira.
O PSB não tem mais a força que tinha na época de Eduardo Campos, quando o ex-governador de Pernambuco chegou a ser candidato à presidência e nem quando governava o maior número de eleitores no país (porque tinha Márcio França como governador de São Paulo), mas é a primeira vez que a sigla, tida por muitos como um espaço de propriedade indiscutível dos Campos Arraes, volta ao controle formal de um integrante da família.
Crachá
Campos, com o crachá de presidente de partido, ganha também a prerrogativa de negociar diretamente apoios em benefício de seus planos eleitorais e partidários, sem precisar convencer o presidente da vez.
É muito mais fácil negociar um apoio regional quando você fala de igual para igual com os presidentes nacionais. É lógico que entrar no PSD fortaleceu muito Raquel por causa da influência de Kassab na política, que constrói redes desde o ponto mais ao sul do Rio Grande do Sul até o ponto mais ao norte da Linha do Equador em território brasileiro. Essa influência o prefeito do Recife, agora, terá diretamente, de próprio punho e voz.
É uma oportunidade que poderá comprovar ou não o que muitos aliados costumam comentar, sobre ele ser um bom articulador desde quando era deputado, muito mais do que a figura de celebridade de rede social que os adversários lhe apontam.
Transição
Uma observação que precisa ser feita é sobre a diferença de tamanho entre PSD de Kassab e PSB de Campos. Os socialistas não chegam nem perto da influência que o ex-prefeito de São Paulo possui hoje no Brasil. Nesse ponto, a imensa vantagem é da governadora Raquel.
Mas o fato é que João começa a ter condições de extrapolar sua imagem nacionalmente para além do TikTok e do Instagram.
Ele terá a chance de ser menos a figura com quem os fãs querem tirar fotos para conseguir curtidas e mais o indivíduo com quem os protagonistas políticos do país desejam conversar. Resta saber equilibrar essa transição e ter o que dizer quando a hora exigir.