Cena Política | Análise

Igor Maciel: Nomeações e acordos políticos após demonstrar força com PSD

O ato de Raquel no Recife com o PSD foi visto como um choque de realidade para os socialistas, sobre o tamanho que um governador no cargo pode ter.

Por Igor Maciel Publicado em 24/03/2025 às 20:00 | Atualizado em 25/03/2025 às 7:07

Para além dos partidos políticos que foram contemplados, o governo Raquel Lyra (PSD), em um só dia, conseguiu fortalecer sua presença política junto a três grupos diferentes no Sertão. As nomeações da segunda-feira (24) no IPA e nas secretarias de Turismo e de Empreendedorismo.

Com essas mudanças, a governadora dá um segundo passo na estratégia de consolidar a força política demonstrada durante o evento de filiação ao PSD, dias atrás.

Grupos

Na pasta de Empreendedorismo, o escolhido, ex-prefeito de Custódia, aproxima o Palácio do grupo de Waldemar Oliveira (Avante), deputado federal, e do presidente do Avante em Pernambuco, Sebastião Oliveira.

No Turismo, o escolhido foi o deputado estadual Kaio Maniçoba (PP). A escolha dá ao PP ainda mais espaço na gestão, enquanto também fortalece os laços com o grupo da atual prefeita de Floresta, Rorró Maniçoba (PP), que está no quarto mandato à frente do município.

Por último, o novo presidente do IPA, Miguel Duque, é filho do ex-prefeito de Serra Talhada e deputado estadual, Luciano Duque (Solidariedade).

Coelho

Esses grupos do Sertão são estratégicos para tentar isolar a influência da família Coelho na região, que lança sua força a partir de Petrolina e expande para outros municípios.

Do ponto de vista partidário, as novas nomeações atingem adversários políticos também. O reforço dos espaços do PP na gestão fortalece a posição do partido em Pernambuco na federação que vai formar com o União Brasil.

O União está, oficialmente, na oposição a Raquel, mas pode ser forçado a se incorporar à base governista porque o comando da federação será do deputado Eduardo da Fonte, que preside o PP. O prejudicado, nesse caso, seria Miguel Coelho que, recentemente, assumiu a presidência do UB com o objetivo de levar a sigla para João Campos (PSB).

Avante

No caso do Avante, o partido tem pouco a oferecer, mas além de ter um deputado federal o desembarque da prefeitura de João Campos acaba sendo simbólico também.

O Avante tinha cargos na gestão socialista e já os entregou de volta para migrar e assumir postos no Palácio, a administração de Fernando de Noronha será um deles. A representação de um partido que estava com Campos e decidiu se afastar é significativa para ser usada como argumento de força.

Solidariedade

O espaço no IPA vai para um filiado ao Podemos, partido que está em negociação com o PSDB para formar uma federação nacional. Só isso já é importante. Mas também é curioso porque o nomeado, Miguel Duque, é filho de um deputado estadual do Solidariedade, presidido em Pernambuco por outra adversária de Raquel Lyra. Marília Arraes (Solidariedade) é aliada de João Campos e vem sendo cotada para ser candidata ao Senado numa chapa socialista.

O Solidariedade, como partido, não está no governo estadual oficialmente, mas as ligações são importantes e isso também conta nas narrativas políticas.

Força

Desde a demonstração de força dada por Raquel Lyra na nomeação ao PSD, a oposição ancorada no prefeito João Campos tem buscado reorganizar a argumentação contra o Palácio. Antes a crítica era de que ela “não dava espaço para aliados e não fazia política”, agora é de que ela “usa o governo para fazer política”. Antes era um argumento de fraqueza, de não ter apoios, agora precisou mudar.

O ato de Raquel no Recife com o PSD foi visto como um choque de realidade para os socialistas e para João Campos, sobre o tamanho que um governador no cargo pode ter.

João, pelo que se comenta, pretende demonstrar força política também quando for assumir a presidência nacional do PSB, algo já certo no partido.

Confira o podcast Cena Política

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