Cena Política

O preço dos móveis que Janja comprou é o menor dos problemas da República

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (14)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 14/04/2023 às 0:02
MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL
área externa do Palácio da Alvorada, no espelho d’água - FOTO: MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

É verdade que a primeira-dama do Brasil comprou uma cama por mais de R$ 40 mil e um sofá que custou R$ 65 mil. Mas, esse ponto da história toda ser o mais polêmico é um equívoco e a culpa está na natureza do brasileiro, acostumado a ver o público e o privado agarrados como jovens apaixonados numa pista de dança, alheios à música.

Volte à primeira frase, releia o que a primeira-dama Rosângela Lula da Silva fez e pense de novo. O problema não está no valor.

Vamos lá. A mobília foi comprada numa loja de Brasília especializada em design e conhecida pelos preços altos. Os móveis têm revestimento em couro italiano, 100% natural e com tratamento especial para não ressecar. O sofá tem sistema elétrico de inclinação.

O valor é absurdo? Sim. Condiz com o discurso lulopetista de trabalhar pelos mais pobres e tirar o país da miséria? Não.

Pessoalmente, acredito que quem paga R$ 65 mil num sofá é um novo rico que ainda não descobriu a diferença entre o preço e o valor das coisas. Aí é questão de educação financeira, vivência humana e aprendizado social. Por outro lado, senhoras e senhores, tratam-se de móveis para o acervo de um palácio presidencial, não de uma casa qualquer.

Voltando à primeira frase deste texto, e sobre qual o verdadeiro absurdo nessa história toda. O grande problema é a primeira-dama estar indo fazer as compras, segundo o gosto dela, para uma mobília que vai integrar o acervo oficial do Palácio do Planalto e não o de uma casa particular.

Os móveis não foram comprados com o dinheiro dela ou de Lula, e sim com os recursos dos contribuintes. Janja não é arquiteta, designer de interiores, especialista em materiais como couro e madeira ou historiadora para saber exatamente que tipo de mobília deve ser utilizada no Palácio da Alvorada.

O lugar é a residência oficial do Chefe do Executivo e parte do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do conjunto da obra do arquiteto Oscar Niemeyer. A descrição completa é importante para lembrar que não se trata, nem mesmo, de um apartamento funcional. É algo bem maior.

Janja deve ter muitas qualidades, inclusive dentro de sua profissão que é a sociologia. Não há dúvidas de que é alguém muito inteligente e capaz. Mas, se é a pessoa mais adequada para escolher e comprar, com o dinheiro público, e não o dela própria, uma cama com pés revestidos em couro italiano e um sofá com sistema elétrico para integrar o acervo desse monumento, é um tanto quanto duvidoso.

A compra foi legal, não teve superfaturamento porque a qualidade do produto serve como justificativa para o preço. Mas alguém poderia explicar por qual motivo cada primeira-dama que se muda para lá vai às compras com dinheiro público e compra o que acha bonito sem qualquer direcionamento oficial?

Sim, aconteceu com Marcela Temer e Michelle Bolsonaro, não nesses valores, mas em situações parecidas.

Como deveria ser, então? O Palácio da Alvorada tem um administrador, responsável pela manutenção e conservação do patrimônio com suas especificações. A compra deveria ter sido feita por ele, com a consulta de um arquiteto, de preferência com amplo conhecimento sobre a história da construção e os detalhes do mobiliário oficial da presidência da República.

Como vai dormir por ao menos quatro anos no colchão, o presidente e a primeira-dama têm todo o direito de não gostar do que for comprado e, sendo assim, estão livres para comprar uma cama com pés revestidos em couro italiano, desde que seja com o dinheiro deles, retirado de sua remuneração.

O mobiliário oficial, então, é guardado e conservado em ambiente adequado. É simples. Ou deveria ser, caso o público e o privado não fossem tão íntimos em nossa cultura.

Terrorismo

A secretária de Defesa Social em Pernambuco deixou claro como serão tratadas as ameaças às escolas e a outros estabelecimentos públicos e privados no Estado: terrorismo. A medida é importantíssima. Se for encarado como simples ameaça, o ato leva o criminoso a assinar um documento e voltar para casa com uma reprimenda. Enquadrando como terrorismo, o sujeito é preso e pode pegar uma pena de, no mínimo, 12 anos em regime fechado.

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