Partidos | Notícia

Federação que unirá PP e União Brasil nasce com 13 deputados estaduais, 6 federais e visa o Senado

A federação União Progressista vai representar, em número de votos, 20% da Câmara Federal e desbancar dos primeiros lugares o PL e o PT

Por TEREZINHA NUNES Publicado em 26/04/2025 às 20:25

A União Progressista, nome escolhido para juntar em um mesmo bloco o PP e o União Brasil através de uma Federação Partidária, será criada em evento esta terça-feira (30) em Brasília.

Com mais de 100 parlamentares eleitos pelas duas legendas em 2022, ela vai representar, em número de votos, 20% da Câmara Federal e desbancar dos primeiros lugares o PL e o PT, partidos que mais elegeram parlamentares no país na eleição passada.

Terá força para ganhar voz e vez na eleição do próximo ano?

A julgar pela representatividade é certo que terá, pelo menos entre os partidos de centro, costumeiramente conhecidos como Centrão.

Em Pernambuco, a Federação surge com uma encruzilhada pela frente. O PP é base de apoio da governadora Raquel Lyra e o União Brasil faz parte das forças políticas aliadas do prefeito João Campos.

Hoje, na Assembleia, os 8 deputados do PP votam fechados com o Palácio e o partido controla sete órgãos estaduais.

Na bancada do União Brasil, que tem 5 deputados, 2 apoiam a governadora – a deputada Socorro Pimentel é, inclusive, a líder do Governo na casa –, 2 são oposição e um, Romero Albuquerque, se diz independente, mas foi fundamental para que a oposição conquistasse as principais comissões da Alepe recentemente.

Miguel Coelho e Eduardo da Fonte falam em diálogo

O que se pode dizer dos presidentes estaduais do PP, Eduardo da Fonte, e do União Brasil, Miguel Coelho? “Eu me dou muito bem com o deputado federal Fernando Filho e não terei dificuldade com os demais membros da família”- afirma Eduardo da Fonte.

Até pouco tempo, Miguel andava arredio a respeito da Federação em função do comando ficar com o PP mas esta quinta-feira afirmou ao Blogdellas: “em Pernambuco creio que teremos sintonia e sinergia”.

Já sobre a disputa pelo Senado onde os dois surgem como pré-candidatos, Miguel acrescentou: “a política é a arte do diálogo”.

É neste quesito, porém, que reside o perigo. O deputado federal Lula da Fonte defende o direito do pai de ser candidato: “temos um partido forte. Mostramos isso em 2022 quando eu e ele nos elegemos para a Câmara Federal quando poucos acreditavam que teríamos êxito. Além do grande trabalho que realiza, ele tem o direito de ser candidato ao Senado”.

Uma provável candidatura de Miguel ao Senado é também dada como certa. Ele vem lutando por isso desde o segundo turno de 2022 quando apoiou a governadora Raquel Lyra.

PP constrói cenário com dois senadores

O próprio Eduardo da Fonte busca tirar por menos o caso do Senado. “Todo mundo é do ramo da política e sabe que o importante é fortalecer o conjunto. No mais, não há ansiedade nem pressa”.

Ele afirma que a Federação tem condições de eleger 20 deputados estaduais - há 49 vagas na Alepe – e 10 federais. Juntos os dois partidos elegeram 13 estaduais e 7 federais em 2022.

Não se sabe, porém, se algum dos deputados tanto estaduais quanto federais mudará de partido na janela partidária do próximo ano, reduzindo as contas atualmente feitas. “Vamos ter um grande atrativo que é a junção do Fundo Eleitoral das duas legendas e isso certamente vai pesar na próxima eleição” – ensina Eduardo.

Nos arredores do PP fala-se em off não só na possibilidade de Eduardo da Fonte, sendo candidato ao Senado, Miguel ser candidato a deputado federal – sairiam candidatos ele e Fernandinho – como em algo mais ousado que seria os dois se consolidarem como candidatos ao Senado na chapa da governadora Raquel Lyra.

Neste caso fala-se na possibilidade de João Campos, mantendo a aliança com o PT, levar Humberto para sua chapa – a outra vaga seria do ministro Sílvio Costa Filho - o que levaria Miguel a sair candidato no grupo de Raquel.

Tudo é possível

A cientista política Priscila Lapa acha que hoje “aparentemente estão colocadas de forma amadurecida, através de gestos e palavras, a aliança do PP com a governadora, sendo esta uma legenda crucial para Raquel; como também há fortes sintomas de uma aliança de Miguel com João Campos. Sobretudo depois de uma suposta negativa de Miguel a se encontrar pela segunda vez com Raquel. Apesar do irmão de Miguel não estar mais no secretariado de João não há evidência de problema entre eles”.

Ela entende, no entanto, que “há algo contextual nisso tudo, de forma que se os cenários local ou nacional mudarem a situação pode se modificar também. A construção nacional da candidatura de João Campos pode passar pelo PT - acrescenta - de forma que não dá para cravar hoje quem serão os candidatos ao Senado na chapa do prefeito. Dependendo de como isso ocorrer, não é impossível uma migração de Miguel para o palanque de Raquel”.

- “Não há um empecilho, um obstáculo definitivo para que isso aconteça. O PP e o União Brasil são partidos pragmáticos e assim devem permanecer como Federação. Miguel e Eduardo são lideres que sabem construir alianças de bastidor em torno do melhor cenário para eles, para seus grupos, sempre visando os melhores resultados, independente de ideologia e outras questões. Pelo que vejo hoje tanto Miguel pode continuar com João quanto pode, junto com Eduardo da Fonte, consolidar sua candidatura ao Senado no palanque da governadora”

Compartilhe