
Era um dia nublado, chuvoso, frio, típico de final de novembro. Mas, acredite, nada disso foi capaz de arranhar a imagem charmosa da pequena cidade do sul canadense, distante apenas 15 minutos de Niagara Falls. Situada à margem do Lago Ontário e do rio que dá nome ao lugar, Niagara-on-the-Lake parece ter pulado das páginas de uma revista britânica de turismo, de tão certinha e graciosa.




















A Queen Street é uma prova de que o estilo inglês de ser fala alto por lá. Basta botar os olhos na arquitetura ao longo da via principal. Nela, nativos e turistas se misturam para bater perna, fazer compras, ou simplesmente socializar. As nuvens acinzentadas, prometendo chuva, não incomodaram ninguém. O clima, aliás, é mais uma desculpa para escolher com calma lembrancinhas, provar as delícias do lugar, ou tomar um chocolate quente, ou tudo isso junto.
No meio da rua, um relógio instalado no alto da torre avermelhada, é um dos ícones a ser registrado pelas lentes das câmeras dos turistas. Serve também como ponto de referência para quando chegar a hora de voltar à estrada. Afinal, é fácil perder o foco entrando e saindo das lojinhas. Chocolaterias, antiquários, cafés, butiques, chapelaria, empório de produtos gourmet, casa de suvenires e enfeites de Natal atraem todos a praticar o footing na Queen.
Niagara-on-the-Lake não é queridinha dos nativos só pela beleza natural ao redor e pela vida pacata que oferece aos moradores. Ela tem um passado histórico rico. Entre 1792 e 1796, foi elevada pelos ingleses colonizadores à capital do Canadá Superior. Vale lembrar que a cidade surgiu da compra de terras dos índios mississaugas pelo governo britânico em 1781. Um ano depois, uma vila tomava corpo com a chegada de 16 famílias. O vilarejo prosperou e até chegou a ser chamado de Newark.
Logo a nova colônia atraiu a atenção dos norte-americanos, fincados do outro lado do Rio Niágara. Na Revolução de 1812, os súditos da rainha enfrentaram os vizinhos invasores. A guerra destruiu quase todo o povoado, sobrando em pé parte do Forte Niágara. Reconstruído depois, hoje um patrimônio da cidade.
História à parte, a região é um paraíso para os apaixonados por vinho. O solo, o clima, a geografia formam uma combinação perfeita para a produção da bebida de Baco pelas diversas vinícolas espalhadas nas proximidades de Niagara-on-the-Lake. A rota do vinho, aliás, é um dos motivos que levam o viajante a fazer um pit stop naquelas paragens.
A Peller Estates Winery (www.peller.com) é uma das vinícolas que merecem ser visitadas. Nos seus 180 hectares são cultivados cinco tipos de uvas, que dão origem a vinhos de características diversas, entre eles o delicioso e também trabalhoso icewine, representativo da região. Trabalhoso porque pede condições climáticas especiais (neve por quatro a cinco dias seguidos e temperatura sem grandes variações), além de colheita manual. O preço reflete os cuidados na fabricação. Uma garrafa de 375 ml custa de 34 a 90 dólares canadenses.
Mas nem só com vinhos a Peller Estates conquista o visitante. A vinícola possui um restaurante de alta gastronomia, onde é oferecido menu fechado (entrada, prato principal e sobremesa, devidamente harmonizados com vinho) por 58 dólares canadenses. Irrepreensível. Esse é um detalhe que só comprova: o Canadá é uma tentação aos cinco sentidos.