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Jorge Bischoff é íntimo dos sapatos

Familiarizado com o mundo dos pisantes desde a adolescência em Igrejinha (RS), o shoe designer Jorge Bischoff tem suas criações espalhadas em lojas da grife Brasil afora e em multimarcas de 35 países

Carol Botelho
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Carol Botelho
Publicado em 20/05/2013 às 13:43
Igo Bione/ JC Imagem
Familiarizado com o mundo dos pisantes desde a adolescência em Igrejinha (RS), o shoe designer Jorge Bischoff tem suas criações espalhadas em lojas da grife Brasil afora e em multimarcas de 35 países - FOTO: Igo Bione/ JC Imagem
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O shoe designer e empresário Jorge Bischoff, 48 anos, cresceu no meio dos sapatos. Nascido em Igrejinha, um dos municípios no entorno de Novo Hamburgo, na Serra Gaúcha, região dedicada à produção calçadista, começou a ter intimidade com os pisantes desde cedo. Aos 11 anos, iniciou a carreira como operário da indústria calçadista, destino previsível para todos os jovens da região.

Mas a mãe do designer queria a todo custo mudar esse futuro. Ela sonhava que o filho seguisse uma carreira mais promissora. Atendendo ao desejo da genitora, Jorge entrou no curso de contabilidade. E foi lá mesmo, entre planilhas e cálculos, que a vida do designer voltou aos sapatos, só que de um jeito diferente. “Meu professor me via desenhando calçados o tempo inteiro na aula e disse que ia me reprovar para que eu seguisse minha vocação de criador”, lembra. 

O primeiro passo da nova profissão foi entrar no Senai e aprender mais sobre técnica de fabricação dos pisantes para, em seguida, ingressar no mundo do design, com vários cursos feitos ao redor do mundo. Logo ele abriu uma loja-conceito, em Porto Alegre, e começou a ter contato direto com a consumidora brasileira. Isso foi há 14 anos.

De lá para cá, a marca já conta com 45 franquias e está presente em 800 multimarcas em 35 países. Recentemente, foi aberta a primeira franquia internacional, em Montevidéu, na Oscar Freire uruguaia. Aliás, é no mercado de luxo que a grife tem procurado se inserir. 

Já que o luxo está cada vez mais democrático, não são apenas as marcas consolidadas internacionalmente nesse nicho abastado que entram na categoria dos artigos classe A. Basta exibir um produto com formas, cores e apliques, além de acabamento impecável, fugindo do básico, para a grife ser considerada de luxo. Sem falar do trabalho de gestão da marca, já que atualmente não se compra apenas um par de sapatos. Conceito e identidade também estão embutidos no preço que vem na etiqueta.

“Nosso produto tem sofisticação e glamour, mas está sempre preocupado com praticidade e conforto. Por mais básico que pareça ser, sempre tem um talho, um desenho, uma forma diferente, metais personalizados”, descreve Bischoff. Para colocar uma coleção nova por mês nas lojas, o designer pensa em sapatos dia e noite. “Durmo e acordo pensando em como fazer para surpreender o consumidor. Tenho uma equipe de mais de 80 pessoas que me ajuda no desenvolvimento do produto. A informação é muito rápida, tem mais valor agregado porque o consumidor está mais exigente e quer algo com certa exclusividade, mas que ao mesmo tempo não exclua as tendências globais de moda”, justifica. 

Na coleção atual, batizada de Arrebatadora, não faltam animal prints, listras e tons neutros misturados a muita cor. Os saltos estão médios como pede a tendência. O escarpin é o clássico que nunca sai de linha. “É a essência do sapato no mundo”, acredita Bischoff. As sapatilhas, mania entre as brasileiras, também continuam firmes e fortes, vestindo quem precisa de conforto para bater perna, mas não abre mão de uma rotina com glamour. “Quando trouxemos sofisticação a esse modelo básico, a praticidade uniu-se à sofisticação”, conta. O que não muda é a fonte de inspiração: a mulher brasileira. Daí as cores fortes e a riqueza de texturas e metais, sempre presentes nos pisantes, independente do que ditam as tendências. 

Com know-how reconhecido, acabou de fechar parceria com o grupo Vulcabrás, das marcas populares Azaléia e Dijean, para desenvolver produtos para as duas linhas, que devem chegar ao mercado no segundo semestre. “O primeiro passo é estruturar conceitualmente as marcas e formular as estratégias e, simultaneamente, desenvolver as coleções já amparadas nessas concepções”, diz o shoe designer. 

Atento ao movimento que une moda jovem e luxo, Bischoff criou há dois anos a marca Loucos & Santos, que tem uma pegada mais ousada do que a grife-mãe, propondo exprimir arte e cultura através dos sapatos. Mas também traz muitos mixes de materiais e de cores, do jeito que a brasileira gosta. 

No Recife, há lojas Jorge Bischoff nos Shoppings Recife (3049-0048) e RioMar (3031-0945). Já a Loucos & Santos pode ser encontrada na Via Lorenzzi (3421-6581).

 

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