Com medo de errar, muita gente prefere ser discreto, minimalista, tanto no visual como na decoração. A tendência, na moda e no décor, permite os dois estilos. Subverter essa máxima do menos é mais, no entanto, pode ser uma forma de deixar a casa menos entediante.
A ordem, portanto, é exagerar. Mas não simplesmente no sentido de lançar mão de grande quantidade de móveis e objetos e entulhar uma casa na linha samba do crioulo doido. Para não errar, o segredo é harmonizar os elementos e misturar estilos.
A proposta, de acordo com o arquiteto Alexandre Mesquita, é a cara dos pernambucanos. “As pessoas daqui gostam do ecletismo e de adquirir objetos ao longo da vida, em viagens ou herança de família. E como dispõem desse grande acervo, podem mudar a casa de tempos em tempos sem gastar nada”, analisa o arquiteto.















O empresário Eduardo Machado é grande adepto do mais é mais. “Colocar um sofá aqui e uma cadeira lá longe não deixa a casa aconchegante. Parece que ninguém mora nela. Difícil imaginar que não haja perto do sofá uma mesinha para colocar um copo ou outro móvel que acomode uma pessoa para conversar”, declara o empresário, que se diz um aglutinador.
Em seu apartamento, esculturas africanas convivem com peças populares, vidros muranos, retratos de família e esculturas de santos. Em vez do branco clean, o preto é a cor que pontua. “Não tenho medo dos tons escuros. Acho que ficam muito bem no ambiente”, avisa Eduardo.
Na mistura de estilos, a professora Luciana Renda uniu o clássico ao contemporâneo. Na sala de jantar, a cômoda e as cadeiras de madeira herdadas da mãe contrastam com a mesa de tampo de vidro e base de metal cromado.
Mas todo cuidado é pouco para não transformar essa reunião de objetos em uma sessão de loja de decoração. “Recém-casados costumam reunir, por exemplo, vários objetos de vidro coloridos e dispô-los todos juntos em uma estante. Fica parecendo catálogo”, compara a arquiteta Paula Botelho.
COMEDIDO
Outra opção é seguir uma linha nem tão máxi nem tão míni, sem carregar nas tintas ou deixar espaços vazios demais. A casa do publicitário Mateus Asfora é um bom exemplo de misturas das duas propostas. Na sala, muito espaço, mesmo com os pôsteres de filmes e propagandas antigas nas paredes, sobre cadeiras de cinema antigo. “Sempre gostei do estilo vintage”, explica. O segredo da leveza foi alinhar os pôsteres e dispor os móveis encostados na parede, deixando muito espaço para circulação.
Mateus é também um apaixonado por música, e não deixou de inserir essa identidade em casa. Mas em vez do equipamento moderno de som e dos arquivos em mp3, ele escolheu o toca-discos e os velhos, grandes e charmosos vinis. Complementando a atmosfera, papel de parede azul com desenhos rebuscados, mas que não pesam no ambiente.