Religião

Muçulmanos do Recife condenam ataques terroristas

Ato pela paz aconteceu simultaneamente em mesquitas de todo o mundo

Mariana Mesquita
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Mariana Mesquita
Publicado em 21/11/2015 às 10:28
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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“Estamos sofrendo discriminação por culpa de um bando de bárbaros que não representam nossa religião”. O desabafo do argelino Mohamed Benachour, professor universitário que vive no Brasil há duas décadas, reflete o drama de milhares de muçulmanos em todo o mundo. Nesta sexta-feira (20), dia sagrado para o islamismo, ele e outras 30 pessoas estiveram no Centro Islâmico do Recife, às 13h, orando pela paz e contra o terrorismo. A prece foi realizada, ao mesmo tempo, em mesquitas por todo o mundo, por iniciativa do Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil, do Conselho Islâmico Europeu e do Conselho Islâmico na América do Norte.

“A vida é sagrada para a religião islâmica, que proíbe o assassinato e respeita o ser humano vivo ou morto. É preciso mostrar ao mundo inteiro que somos contra a violência em Paris, em Beirute, na Síria, no Brasil ou onde quer que aconteça”, explicou o sheik Khaled Taky El Din, que atua em São Paulo e é presidente do conselho brasileiro. A iniciativa se soma ao movimento “Não em meu nome”, que vem utilizando as redes sociais para esclarecer que as ações cometidas pelo grupo Estado Islâmico (EI) nada têm a ver com uma religião praticada por milhões de pessoas.

O sheik El Din denunciou que atos isolados de violência vêm ocorrendo no Brasil, como o apedrejamento de uma mulher que usava véu, em São Paulo. “Nas próximas semanas, vamos fazer um grande movimento ecumênico contra a intolerância religiosa”, adiantou. No Recife, a fisioterapeuta Camila Couceiro, convertida ao Islã há três anos, confirma que algumas muçulmanas vêm sendo agredidas verbalmente nas ruas e chamadas, por exemplo, de “mulher-bomba”. “O preconceito é o resultado da ignorância e falta de convivência”, disse ela, que é casada com o professor árabe Chuaib Mohamed.

“Sou contra a guerra em geral, e vivi 25 anos no Líbano. O termo Islã significa paz. Talvez alguns membros do Estado Islâmico imaginem que estão fazendo a coisa correta, talvez pensem que estão seguindo a nossa religião, mas não estão”, criticou, por sua vez, Chuaib, que aproveitou para chamar a atenção para o verdadeiro genocídio que está acontecendo na Síria e na Palestina. “O atentado em Paris foi grave, mas a situação nestes países é o verdadeiro terrorismo. Estão apagando nações e ninguém enxerga”, acusou.

Durante a palestra semanal realizada na mesquita recifense, o líder religioso local, sheik Mabrouk Al Saway Said, destacou que “o problema do mundo é a ignorância” e que o islamismo foi criado para “ensinar o povo a caminhar”. “É preciso estudar, ter cultura, ir além da ignorância sobre um povo. Chamam os muçulmanos de terroristas, mas ninguém mostra uma só palavra no livro sagrado que apoie a violência. São verdades virando mentiras e mentiras, virando verdades”, salientou. Ele disse à reportagem, ainda, que no próximo mês de março será promovido um curso gratuito de cultura do Oriente, com elementos da religião, comida e demografia, aberto a todos os interessados. “É importante oferecer informação, estudar. Os ignorantes jogam sujeira sobre os outros. No Brasil, temos pessoas de diferentes crenças e o importante é haver integração e paz”, finalizou.

Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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