
Mesquitas de todo o mundo vão unificar o sermão desta sexta-feira (20), abordando a convivência pacífica e a vida como algo sagrado. A decisão foi tomada conjuntamente pelo Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil, o Conselho Islâmico Europeu e o Conselho Islâmico na América do Norte, como resposta aos atentados terroristas ocorridos em Paris e diante do crescimento do radicalismo religioso e da perseguição aos muçulmanos. A iniciativa se soma ao movimento "Não em meu nome", que vem utilizando as redes sociais para esclarecer que as ações cometidas pelo grupo Estado Islâmico (EI) nada têm a ver com a religião que milhares de pessoas praticam.
"O Islã proíbe o assassinato e respeita o ser humano vivo ou morto", destaca o sheik Khaled Taky El Din, presidente do conselho brasileiro. Segundo ele, o preconceito contra a religião islâmica tem crescido em todo o mundo - inclusive no Brasil, onde vêm acontecendo atos isolados de violência como o apedrejamento de uma mulher muçulmana em São Paulo, pelo simples fato de estar usando um véu.
"Esta sexta-feira será dedicada à paz e à intenção de reforçar, para todos, que o Islã está longe de tudo isso. Somos contra o terrorismo e a violência em Paris, em Beirute, na Síria, no Brasil e em qualquer lugar do mundo", finaliza.
A Sociedade Beneficente Muçulmana (SBM) e a Mesquita Brasil, primeira mesquita da América Latina, propagadoras da Paz, da tolerância e da moderação religiosa, em nome de toda a comunidade muçulmana brasileira divulgou nesta sexta-feira (20) uma carta de repúdio aos atentados ocorridos em Paris na última sexta-feira (13) de novembro, assim como demais ações terroristas em diversos países do mundo.
Confira:
NOTA DE REPÚDIO
“Um homem que tira a vida de outro homem é como se tivesse tirado a vida de toda humanidade” - Alcorão, surata 5-32
A SBM e a Mesquita Brasil estão consternadas com tais acontecimentos e tem orado pelas vitimas e seus familiares, deste, e de todos os atentados cometidos por grupos fanáticos que usam levianamente a religião para praticar o terror.
Por isso é preciso que todas as pessoas de paz evitem a “islamofobia”. Essa e qualquer outra forma de discriminação devem ser combatidas exatamente para que não se formem outros grupos fanáticos ou extremistas, sejam eles quais forem, em nome de qualquer motivação, pois o terrorismo e a violência não têm religião e tão pouco país.
Aqueles que usam inadequadamente o nome de Estado Islâmico não formam um estado e não são muçulmanos! Esse grupo é composto por mercenários mantidos por grupos políticos e econômicos cujos interesses e finalidades estão focados tão somente em assuntos mundanos com ganhos políticos e financeiros.
Esses terroristas que se escondem sob o Islam não representam o verdadeiro preceito da religião em hipótese alguma! Não passam de radicais loucos, psicopatas vindos de várias partes do mundo, desprovidos de amor à vida ou ao próximo.
É preciso refletir!
Como começou o Estado Islâmico?
Quem os criou?
Quais seus interesses?
Como eles obtiveram armas?
Cabe a cada um pesquisar mais sobre esses mercenários e tirar suas conclusões. Mas dizer que se tratam de muçulmanos e seguem o Islamismo está totalmente fora da lógica!
Esse grupo não representa - sob hipótese alguma - o Islamismo. Devemos pesquisar e refletir como tudo isso teve origem, de que forma os conflitos se originaram e colocar um ponto final o mais rápido possível.
Mas para que se obtenha sucesso e paz é necessário que as grandes potências, a OTAN e a ONU se juntem para acabar definitivamente com a origem do Estado Islâmico e outros grupos radicais. É necessário resolver as crises geradas em vários países da Ásia, Oriente Médio e África para evitar que novos grupos de fanáticos surjam e aterrorizem a humanidade.
É preciso acabar com tudo isso: mercenários, conflitos, radicais... seja o que for! Acreditamos que a vida de cada ser humano tem muito mais valor do que tudo isso que está acontecendo no mundo.
É imprescindível viver em paz, com respeito. Os líderes das nações devem buscar este objetivo como o principal.
Estamos aqui só de passagem...
Todos nós temos um único Deus e, em torno deste ideal comum, devemos nos unir em busca da paz, do amor e da fraternidade entre as nações.
Salam!
Nasser Fares (Presidente da SBM)
Sheikh Abdelhamed Metwally (Líder Religioso da Mesquita Brasil)