
A sede do Náutico, na Avenida Rosa e Silva, na Zona Norte do Recife, foi palco de mais cenas de barbárie entre torcidas organizadas. Dessa vez, foram as uniformizadas de Náutico, Santa Cruz e Paysandu que abandonaram o futebol pela violência. O episódio, no entanto, fez a família Lyra rememorar os piores momentos da vida do torcedor alvirrubro Lucas. Há dois anos e meio, no mesmo local, ele levou um tiro na nuca e até hoje luta por sua recuperação na cama de um hospital particular do Recife.
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Mirella, sua irmã mais velha, acompanhou os acontecimentos de terça-feira e criticou o papel das autoridades do Estado. “Nossa justiça é cega, surda e lenta. Quando assistimos a mais um episódio de violência no esporte e vemos que ninguém é punido ficamos indignados”, disse, revoltada.
Ela, inclusive, lidera uma campanha para o caso de Lucas ser julgado o mais rápido possível. São mais de dois anos, e os culpados ainda não foram punidos. “A gente está circulando um abaixo-assinado. No dia 19, vamos fazer um protesto por vários pontos da cidade”, revelou.
Felizmente, Lucas está vivo e continua dando alegrias à sua família. O mesmo não se pode falar do rubro-negro Paulo Ricardo Gomes da Silva, que morreu após ser atingido por um vaso sanitário, em maio de 2014, no Arruda. O crime foi julgado há exatos oito dias, e os culpados pegaram mais de 20 anos de prisão. O pai da vítima, José Paulo Gomes, também acompanhou o terror nos Aflitos, mas confessou que preferia não saber de nada. “Tudo lembra o meu filho. Trocaram o futebol pelo vandalismo e ninguém toma uma atitude. Parece que, para essas pessoas, a vida dos outros não vale nada”, concluiu.