Clássico das Emoções

Tricolores entre alvirrubros

Lateral do Santa, Nininho é filho de tricolor que é garçom em bar considerado reduto alvirrubro

João de Andrade Neto
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João de Andrade Neto
Publicado em 26/04/2013 às 7:56
Rodrigo Lôbo/JC Imagem
Lateral do Santa, Nininho é filho de tricolor que é garçom em bar considerado reduto alvirrubro - FOTO: Rodrigo Lôbo/JC Imagem
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O garçom Salatiel Bartolomeu é tricolor desde o berço. Daquele que, sempre que pode, faz questão de mostrar o orgulho pelo clube do coração. Mas por mais de uma década, convive em um meio alvirrubro. Sales, como é conhecido, trabalha há 14 anos no bar O Vagão, no Espinheiro, tradicional ponto de concentração de torcedores do Náutico em dia de jogos. Mas o que poderia ser apenas uma ironia, ganha contornos especiais por conta do atual dono da camisa 2 coral. Isso porque Sales é pai do lateral Nininho, a mais nova revelação do Arruda e que será titular domingo (28), contra os timbus, na partida de volta das semifinais do Campeonato Pernambucano.

O jogador, por sinal, cansou de acompanhar o pai no trabalho. Principalmente quando o bar transmitia algum jogo. A maioria, claro, do Náutico. “Quando era mais novo, vinha com o meu pai para o bar. Principalmente para assistir aos jogos. Vi muitas partidas do Náutico aqui, mas nunca deixei de ser tricolor. Minha família toda torce para o Santa”, afirmou Nininho, que ainda mora com o toda a família no Alto do Pascoal, em Casa Amarela.

Por sua vez, o fato de ser tricolor e ter um filho jogando no Santa não diminuiu a popularidade de Sales diante dos frequentadores do bar. Pelo contrário. 

“Realmente esse é um reduto alvirrubro, mas nunca escondi que sou torcedor do Santa. E muitos torcedores do Náutico sabem que eu sou pai do Nininho. Mas nunca ouvi um xingamento. Todos sempre dizem que estão torcendo pelo sucesso dele”, afirmou o garçom. 

O que pode ser comprovado pelo gerente do bar, o torcedor timbu Gilvan Costa. “A gente sabe do esforço da família, por isso a torcida de todos é para que Nininho tenha sucesso na carreira. Domingo, vou torcer por ele. Mas primeiro o meu time. Ele pode até ser o melhor em campo, mas a vitória será do Náutico por 2x0”, brinca. O troco vem logo em seguida. “Vai ser o mesmo placar do jogo de ida. 1x0 para o Santa. Mas dessa vez o gol vai ser de Nininho”, rebate Sales.

Domingo, o garçom estará de folga do trabalho e pretende engrossar o coro de tricolores na arquibancada dos Aflitos. Privilégio que não teve no primeiro duelo entre os dois clubes no estádio alvirrubro este ano, válido pelo 2º turno e vencido pelo Santa por 2x0. Na ocasião, entre uma mesa servida e um pedido de conta por parte dos torcedores do Náutico que lotavam o bar, Sales fazia o que podia para também acompanhar a partida. E não se controlou quando viu o seu filho, que acabava de entrar em campo, dar o passe para Natan abrir o placar.

“Foi uma emoção muito grande e terminei gritando gol no meio dos torcedores do Náutico. O bar estava lotado, mas não consegui me controlar. Porém, todo mundo me conhece e ninguém fez nada, nem xingou. Muitos me deram até os parabéns”, recorda Sales, orgulhoso do filho.

 

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