
Ao vencer o Brasil por 2x1, nesta sexta-feira, em Kazan, a Bélgica não só voltou à semifinal da Copa do Mundo depois de 32 anos (última vez havia sido em 1986, no México), mas também garantiu o confronto contra um dos seus colonizadores: a França. Também ontem, os franceses venceram o Uruguai por 2x0. Na próxima terça-feira, em São Petersburgo, os europeus colocarão em campo dois estilos de jogo parecidos, mas longe de ser uma herança do período colonial, encerrado em 1830. Semelhanças que também possuem suas diferenças.
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A vitória contra o Brasil serviu para credenciar uma seleção antes vista apenas como favorita diante os países emergentes no futebol. A seleção canarinho foi a primeira grande adversária dos Diabos Vermelhos na Rússia, que antes só haviam enfrentado Tunísia, Panamá, o time reserva da Inglaterra e o Japão. O triunfo anima os belgas, que chegam a São Petersburgo renovados, sem o peso de não terem vencido uma grande seleção do mundo.
A França chega mais gabaritada à semifinal e talvez esbanjando um favoritismo maior do que o da antiga colônia. Os Azuis já eram apontados - antes mesmo da Copa começar - como um dos candidatos ao título. Possuem um time jovem, com a média de idade de 25,5 anos. Mas é justamente no mais novo entre os 23 franceses que estão na Rússia (Mbappé, de 19 anos) que mora a esperança de gols e boas jogadas.
Essa juventude é uma das semelhanças entre Bélgica e França. Os belgas possuem uma média de idade superior a do adversário (27,2 anos). O jogador mais velho do plantel de Roberto Martínez é o zagueiro Thomas Vermaelen, de 32 anos. Pelo lado azul, o “vovô” é o goleiro reserva Steve Mandanda, de 33.
Outro ponto que assemelha os europeus é a velocidade e o jogo aéreo. A Bélgica abusou de jogadas pelo alto contra o Brasil, apostando, claro, na estatura dos seus jogadores. Esse também foi o caminho encontrado para vencer o Japão, pelas oitavas de final. Foram dois gols de cabeça e outro de contra-ataque. Por mais alto que seja (mede 1,90m), o centro-avante Lukaku, assim como De Bruyne, tem papel importante na hora de armar as jogadas em velocidade. A França, ontem, levou vantagem neste ponto contra o Uruguai, seleção que tem nas bolas cruzadas na área uma das suas maiores características. O gol de Varane, que abriu o placar para a vitória por 2x0, veio de um cabeceio do defensor francês entre os zagueiros sul-americanos. Mbappé atua muitas vezes como o “motorzinho” do time.
DEFESA É A PRINCIPAL DIFERENÇA
As diferenças se tornam mais evidentes quando se observa o sistema defensivo de cada equipe. Por mais que os Diabos Vermelhos tenham sido consistentes defensivamente contra o Brasil, usando uma linha de quatro jogadores na entrada da área e muitas vezes ganhando o reforço de um quinto homem, não apresentam a mesma solidez francesa.
A equipe do técnico Didier Deschamps teve a rede balançada quatro vezes na Rússia, enquanto que os colonizados foram vazados em cinco oportunidades. Bem verdade que os números são próximos, mas a forma como os gols saíram é diferente. A Bélgica se mostrou frágil com a bola na frente da sua área, contra o Japão. Também teve uma recomposição lenta. Enquanto que a França foi “vítima” de golaços, como o de Di Maria nas oitavas de final. Ou o de pênalti, marcado por Jedinak, da Austrália, na fase de grupos.
A Bélgica, por mais que seja independente há quase dois séculos, dependeu do futebol francês em diversos momentos da sua história. Agora busca outra independência. Esta no futebol. E dentro de campo.