
Um dos propulsores da economia nos últimos anos, o consumo das famílias teve queda de 2,1% no segundo trimestre deste ano, frente aos três meses anteriores, afetado pela menor renda, inflação elevada e oferta de crédito mais restrito.
Foi a segunda queda consecutiva do consumo das famílias, o que não acontecia desde o terceiro e quatro trimestres de 2002, quando recuaram 1% e 0,5%, respectivamente, na comparação aos trimestres imediatamente anteriores.
O consumo das família responde por 62,5% do PIB pelo lado da demanda. Nesta terça, o IBGE divulgou que o PIB teve queda de 1,9% no segundo trimestre deste ano.
Segundo Fabio Bentes, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), as famílias consomem menos influenciadas pelo aumento de desemprego, queda da renda, alta da inflação, aumento da taxa de juros e oferta mais restrita de crédito.
"Uma retomada será difícil porque os dados do mercado de trabalho estão piorando. O comércio que gerava 300 mil empregos formais no passado gerou apenas 15 mil em julho deste ano. E vai ficar negativo", disse o economista da CNC.
Com a queda do consumo das famílias, a crise, antes mais concentrada na construção civil e na indústria de transformação, afetou o setor de serviços. A demanda do setor teve queda de 0,7% na comparação aos três meses anteriores.
Frente ao segundo trimestre de 2014, a queda foi de 1,4%, a maior da série história do IBGE, iniciada em 1996. Por dentro dos dados do setor, o desempenho ruim veio do comércio (atacadista e varejista), com baixa de 7,2% na comparação ao mesmo período do ano passado.
Na comparação ao mesmo período do dano passado, os números também foram ruins em transporte, armazenamento e correio (-6%), outros serviços (-1,9%). Dentro deste último setor está alimentação fora de casa, afetado pela inflação.
"O resultado tem a ver com a inflação e também pode ter a ver com uma base de comparação mais baixa da Copa do Mundo do ano passado", disse Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE. Nos destaques positivos de serviços estão administração, saúde e educação públicas (0,6%) e atividades imobiliárias (2,8%).