FIG 2017

Mariana Aydar eleva o forró ao sublime em Garanhuns

A cantora fez o grande show da noite da sexta, ao lado da banda Marsa e Tibério Azul

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 29/07/2017 às 13:26
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Quer ver um recorte do que há de mais propositivo e insurgente do cenário pop brasileiro? Anote o Palco Pop do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) na agenda. Com uma curadoria afiada e corajosa, este palco trouxe alguns dos shows com maior reverberação do evento. Como classificar a passagem da cantora Mariana Aydar pela cena na noite de ontem?

Deidade musical, musa sem esforço, Mariana Aydar tem uma presença cênica magnetizante potencializada pela voz sedutoramente aveludada. Turbinada por um figurino atraente de blusa e calcinha de crochê, catalisou sentidos num show tão arriscado quanto encantador. Um dos principais nomes na novíssima MPB, ela costuma se apresentar em três formatos: com a banda de pegada mais pop, em voz e violão ou tocando o forró que lhe percorre o DNA de cantora. Na terra de Dominguinhos e num palco dedicado ao “pop”, ela veio de forró. “O forró é rock, o forró é pop, o forró é foda”, ela ditava, no palco, para elevar o gênero. Seu pé-de-serra ganha, sem prejuízo da tradição, se apropria do contemporâneo como se, noutra latitude, divas pop incorporam o jazz mais tradicional. Mariana cantou clássicos de Dominguinhos, de quem era amiga, standards do forró, emocionou e se emocionou. Compositora de musculatura, apresentou uma canção inédita sobre a saudade de Dominguinhos: na virada da canção, o público já cantava a letra.

Mariana ainda chamou o amigo Almério Feitosa para uma participação especial. Juntos, cantaram São João do Carneirinho, a bela canção da caruaruense Isabela Moraes e, depois, Frevo-mulher, de Amelinha. A cantora só deu trabalho ao coordenador de palco: com fome de cena, quase não conseguia fechar o show para deixar a cena livre para que os músicos do Palco Forró iniciassem a programação.

TIBÉRIO E MARSA

Antes dela, duas outras atrações confirmaram que a música pernambucana contemporânea tem personalidade mais que definida no pós-mangue beat.

O pernambucano Tibério Azul não é mesmo o mesmo de seu primeiro disco solo.  O show do disco Líquido traz um Tibério turbinado por de letras de boas imagens literárias e faz dançar o corpo e a mente. Na banda em que pop fluido como um rockabillty predomina, se destacam os metais como carimbo musical mais hipnótico, numa clara influência do frevo e mais uma obra pernambucana contemporânea. E, antes dele, a Marsa confirma que sua musica circular, de um lirismo feliz, público de letras na ponta da língua, processando elementos do rock ao afoxé, está apenas começando a conquistar corações e mentes. Esses meninos têm apenas o mundo pela frente.

No palco da Praça Mestre Dominguinhos, os shows botaram o povão pra dançar o sotaque feminino do samba com as apresentações da Gerlane Lops (PE), Marienne de Castro (BA) e da carioca Martin`ália. Shows deliciosamente previsíveis, com o repertório percorrendo dos ouvidos aos quadris.

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