O xote Ana Maria é sucesso nas casas de forró, e nos arraiais juninos desde 2006, quando foi gravada pelo cantor cearense Santanna. Ana Maria caiu nas graças do povo, sem que este atentasse que nem ela era nova, nem quem era seu autor. O “pai” da graciosa Ana Maria é o médico Jandhuy Finizola, um potiguar (de Jardim do Seridó), que vive em Caruaru desde 1960. Com o caruruense Onildo Almeida, e o pesqueirense Nelson Valença, ele faz parte do elenco dos grandes autores do forró classico, a velha guarda, vivos. Finizola (o sobrenome vem do avô, um italiano) chegou aos 80 anos, em abril, segundo ele, a idade é uma intriga da oposição. Continua clinicando, e compondo, como se os anos não tivessem passado.
Aliás, sua produção ele, de tempos em tempos, escoa bancando um CD, com músicas suas interpretadas pelos amigos cantores. Isto depois que se foram nomes como Luiz Gonzaga, Marinês, ou Jacinto Silva, três grandes do gênero aos quais Jandhuy fornecia músicas. Gonzagão gravou várias composições de Jandhuy Finizola, embora tenha demorado um pouco até que ele conhecesse o Rei do Baião: “Eu conhecia como todos, de ouvir, de assistir, ele foi o meu Roberto Carlos, mas nunca tinha oportunidade da mostrar umas músicas minhas que achava a cara de Gonzaga”.
Depois de gravar a primeira, Lua virou freguês, e amigo. A obra de maior fôlego de Finizola, a Missa do Vaqueiro, ele fez a pedido de Gonzagão: “A gente estava em Serrita para a Missa do Vaqueiro. No sábado que antecede à missa, Luiz Gonzaga costumava fazer uma apresentação para os vaqueiros. Numa destas, eu estava ao lado dele, em cima da carroceria do caminhão, quando ele pediu que eu fizesse uma canção especial para a Missa do Vaqueiro”, conta Jandhuy Finizola. Ele não fez uma música, compôs uma missa inteira, que Luiz Gonzaga gravou e passou a cantar na liturgia sertaneja, mas quem fez sucesso mesmo com a obra, foi o Quinteto Violado, que a gravou duas vezes, em 1976, e 1991.
Autor de clássicos como a citada Ana maria, Bananeira, mangará, Frei Damião, Nova Jerusalém, Vivência, e Cavalo crioulo, Jandhuy Finizola comenta, rindo, que jamais se sustentaria e à família com os rendimentos da música, muito menos com o da poesia. Antes de médico, e compositor ele começou poeta, ainda no ginásio: “A medicina é o corpo, a música e a poesia, a alma”.