
A mistura da cultura nordestina e nortista é a aposta da banda recifense Dirimbó, que segue com uma turnê agitada do Deixar tu Loks (2017). No trabalho, os pernambucanos se aventuram em ritmos como lambada, calypso e carimbó, com os quais mantiveram uma relação de intensa pesquisa. O que seria apenas uma reunião para "tirar um som sem compromisso", em 2013, rendeu dois EP's e um futuro disco, que começa a ser preparado já este ano. Com a turnê, a banda já passou por diversas cidades do Estado e outras como Aracajú (SE), Belém (PA) e Natal (RN), ultrapassando as expectativas iniciais. "Pra nós, nossa pretensão inicial era ambiciosa, a gente queria tocar no máximo de capitais do Nordeste possível e achávamos que isso seria difícil com um EP de apenas quatro músicas", diz o produtor Marcus Iglesias. Em abril, será a vez do interior paulista receber os shows do grupo.
A diversão e irreverência que acompanham a desenvoltura dos recifenses com o som amazonense não condiz com o receio que tiveram quando foram à capital paraense no início de 2018. "Poxa, como será que os músicos de Belém, que são nossas referências, vão receber um bando de meninos de Recife que tão se metendo a fazer carimbó?", questiona o vocalista e guitarrista Rafa Lira. Mas a recepção dos nortistas foi acolhedora, "A gente não foi pra Belém mostrar como a gente toca guitarrada, eles fazem isso muito melhor que nós. A gente foi mostrar como a música nordestina e nortista estão mais próximas do que se imagina", complementou Rafa.
De situações como relacionamentos amorosos até o momento político atual, a inspiração surge para as composições, compostas coletivamente. "Na maioria das vezes a gente toca num desses assuntos de uma forma leve, deixando a reflexão para o ouvinte", explica Rafa. Em algumas canções, os músicos brincam com a forma como se dão as relações hoje em dia, como em 'Selfie', que faz parte do primeiro EP Dirimbó (2015), em que dizem "Fiz um selfie, amor, mas você não curtiu, eu não sei mais o que faço com a foto do perfil". Já 'Quanto Vale', do segundo EP, traz uma reflexão irônica sobre o funcionamento da nossa sociedade: "Rapaz, confesso que tô preocupado, tô achando tudo errado mas preciso não falar; tenho rabo preso, pois eu tô com minha peixada, que não vai servir de nada se esse cara aí lavrar".
Deixar Tu Loks
'Deixar tu Loks' (2017) representa não só uma guinada na agenda da banda, mas uma fase de amadurecimento, com um aumento da bagagem cultural e estudos musicais dos integrantes. Sobre o primeiro trabalho, explica o baixista Mario Zappa, "Tínhamos a referência das guitarradas, mas eram pernambucanos gravando músicas tradicionais nortistas. Para a gente, ainda tinha alguma coisa lá no fundo que soava como um 'gringo tocando frevo'". Agora, o grupo anda conhecendo a cena musical baiana, afirma o baterista Bruno Negromonte, "Achamos que mercadologicamente temos muito o que aprender com essa galera". Além disso, a música tradicional das ilhas da América Central também tem inspirado os músicos, "Cadencelypso é o ritmo do momento pra os integrantes da Dirimbó!", finaliza Bruno.
Em 2018, nada de descanso! Os músicos prometem uma música inédita no primeiro volume da coletânea do Clube da Guitarrada, um encontro mensal entre músicos em Belém, à convite de Félix Robatto. "A gente já gravou essa música e acredito que essa coletânea do Clube da Guitarrada deve ser lançada ainda no primeiro semestre", adiantou Mario Zappa. Eles ainda afirmam que pretendem encerrar a turnê do 'Deixar tu Loks' em julho, para já começar a gravação do primeiro disco que já está em fase de produção. "Hoje, 7 meses depois de lançado, fazendo um balanço do que conquistamos, é óbvio que a gente fica feliz! Que venha o primeiro disco!", comemora Marcus.
Escute 'Deixar Tu Loks' (2017):