
Nonô Germano é um dos animadores do Carnaval do Recife desde a adolescência, enquanto Michael
Sullivan estreia na folia, amanhã, em um dos trios do Galo da Madrugada. Atuando em nichos diferentes da
música brasileira, os dois engataram uma parceria para tocar um projeto que pretende mexer com o frevo,
tornálo música de ano inteiro e novamente um produto comercialmente viável.
"A gente está pensando em ações que tirem o frevo da sazonalidade. Sullivan ama o frevo, admira Capiba e
Claudionor Germano, cresceu ouvindo os dois, mais Luiz Gonzaga. A ideia é fazer frevos que não tenha
obrigatoriamente uma temática carnavalesca, trazendo para o projeto compositores como Arnaldo Antunes,
Carlinhos Brown, Serginho Meriti, Marquinhos Maraial, um pessoal que sabe criar sucessos populares",
explica Nonô Germano.
Em matéria de sucesso popular, Michael Sullivan é mestre. Entre os anos 80 e 90, com o parceiro Paulo
Massadas fez a ocupação das paradas brasileiras, onipresente no rádio e TV, com vozes dos mais diversos
nichos da MPB: de Xuxa a Gal Costa, de Tim Maia ao Trem da Alegria, de Ângela Maria a Roberto Carlos.
Simone, Fagner, Sandra de Sá, Alcione..., pouca gente não o gravou.
SUCESSOS
Mas o sucesso o acompanhou desde o início dos anos 70, cantando em inglês, depois como vocalista dos
Fevers e de Renato e seus Blue Caps. Em 2017, ele comemora 40 anos de hits, contados a partir de quando
passou a cantar em português. Ele continua nas paradas, tocando muitos projetos, um deles, que está
começando, é direção musical de um selo gospel para a Warner Music (o primeiro da gravadora), um disco
que reunirá seus muitos sucessos infantis, interpretado por artistas que estão na vitrine agora, Anitta,
Ludmila, MC Guimê, Sorriso Maroto, alguns deles.
O álbum já tem título, Carrossel da Esperança, e está previsto para chegar às lojas em abril. A produção,
claro, é de Sullivan, que montou um megaestúdio na Barra no Rio, no mesmo local fica sua casa. Detalhe: a
casa foi construída a partir do estúdio.
No projeto de Nonô com Sullivan estão previstos um DVD e um CD, mais ou menos, dentro de uma linha
que vem sendo experimentada por ele, trazendo para o universo do frevo: "Até um brega a gente pode cantar
em ritmo de frevo. Não é receita nova, papai já fazia isso em 1985, com Morena Tropicana. Eu e Sullivan
começamos a conversar sobre este projeto, depois demos uma parada, porque ele faz muitas coisas, e agora
retomamos. Não vai faltar música pro projeto. Só Sullivan me mostrou de cara umas dez inéditas", detalha
Nonô. O projeto ainda está nos rascunhos: "O que está certo é que o projeto é pra ser tocado o ano inteiro e
levado para outros Estados. A roupagem a gente está definindo, mas deve ser com banda e metaleira, porém
com arranjos diferentes", diz Nonô Germano.
NO GALO
Sullivan já cantou no Carnaval da Bahia a convite de Carlinhos Brown (de quem é parceiro) e também no
Araketu, com o Renato e seus Blue Caps, há 40 anos, num clube do Rio. "Mas só cantei duas músicas. No
Galo será a primeira vez mesmo que canto pra valer. Eu gosto muito de frevo, sou pernambucano, fã de
Capiba. No disco Sou Brasileiro, de 1978, quando comecei a cantar em português, fiz uma homenagem a
Capiba na música O Dono do Meu Carnaval, conta Michael Sullivan, nascido Ivonilton de Souza Lima, no
Recife, onde começou a carreira, cantando ainda adolescente na Rádio Jornal do Commercio.
No início dos anos 70, já vivendo no Rio, entrou na onda dos falsos importados, cantores brasileiros que
cantavam em inglês, uma forma das gravadoras não se preocuparem com a censura. Durante 16 anos, ele e o
carioca Paulo Massadas dominaram as paradas de sucesso do Brasil. Foi uma enxurrada de hits que, no auge
da indústria fonográfica no país, responsável por milhões de discos vendidos.
Parte destes sucessos a dupla Nonô & Sullivan levará ao trio sobre o qual animarão os foliões do Galo:
"Vamos cantar frevos, músicas de Capiba e de Luiz Gonzaga, feito Pagode Russo, que já está no meu
repertório", antecipa Nonô Germano. Michael Sullivan, vai fazer um greatest hits em ritmo carnavalesco:
"Vou fazer os sucessos, um apanhado de alguns, como Whisky a Go Go, Amor Perfeito, Me Dê Motivo, que
foi o meu primeiro grande sucesso com Tim Maia, Dia de Domingo, e as músicas infantis, que fiz pra Xuxa
ou Trem da Alegria, como Uni Duni Tê, Ilariê, Vamos Brincar de Índio. É pro pessoal cantar junto mesmo",
antecipa Michael Sullivan, anunciando mais um projeto. Regravar o álbum Capiba 25 anos de Frevo, com
vários convidados: "Quero fazer para lançar em 2019, quando o disco completará 60 anos".