Em A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector, a personagem que dá nome à obra entra em um escatológico processo de reflexão existencialista ao deparar-se com uma barata. Coisa semelhante ocorreu com Hélio Flandres e Reginaldo Lincoln, vocalista e baixista da banda Vanguart. A epifania dos dois, porém, foi causada pelo fim de seus casamentos, que resultou em uma percepção acerca da fragilidade das relações e da existência humana. A melancolia decorrente desse processo de descoberta foi registrada no segundo álbum do quinteto mato-grossense, Boa parte de mim vai embora, lançado no último sábado (20/08), quatro anos depois do elogiado disco de estreia.
“Este é um álbum sobre separação, espera e encontro – e todas as reflexões acerca disso. Ele poderia se chamar também Desmentindo a despedida (nome de uma das canções do álbum) ou A despedida segundo Vanguart, parafraseando Lispector. Eu e Reginaldo estávamos passando por momentos de renovação em nossas vidas. Nos separamos, mudamos alguns hábitos nocivos, voltamos a olhar pra dentro e nos redescobrir enquanto músicos, em uma epigênese de composição, sem passado, rosto nem estilo pré-definido”, conta Flandres.
Leia mais na edição desta quarta-feira (24/08) no Caderno C do Jornal do Commercio.