
Um das principais poetas de Pernambuco, a escritora, professora e crítica literária Lucila Nogueira faleceu neste domingo (25) aos 66 anos. Ela, que se descrevia no poema Presença como uma “labareda incessante que se atreve/ mas que a abismos se sabe condenada”, foi uma das grandes autoras da Geração 65.
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Lucila esteve internada em outubro no Hospital dos Servidores depois de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ter uma insuficiência renal e uma baixa na taxa de glicose. Nesta semana, ela teve um outro AVC e veio a falecer na madrugada deste domingo, por falência múltipla dos órgãos. O velório começa a partir das 10h na Academia Pernambucana de Letras. O horário do sepultamento, ainda, não foi divulgado pela família.
A autora nasceu no Rio de Janeiro em 1950. De origem luso-galega, viveu a maior parte da vida no Recife. Seu primeiro livro, Almenara, foi lançado em 1979. A partir daí, ela não deixou mais de publicar poesia, com mais de vinte livros lançados ao longo de sua trajetória: Almenara (1979), Peito Aberto (1983), Quasar (1987), A Dama de Alicante (1990), Livro do Desencanto (1991), Ainadamar (1996), Ilaiana (1997), Zinganares (1998), Imilce (1999), Amaya (2001), A Quarta Forma do Delírio (2002), Refletores (2002), Bastidores (2002), Desespero Blue (2003), Estocolmo (2004), Mar Camoniano (2005), Saudade de Inês de Castro (2005), Poesia em Medellin (2006), Poesia em Caracas (2007), Poesia em Cuba (2007), Tabasco (2009), Casta Maladiva (2009), Mas Não Demores Tanto (2011) e Poesia em Houston (2013). Também editou um volume com seus contos: Guia Para os Perplexos em Amaya (2001).
Sua obra poética – especificamente os livros Ilaiana, Imilce, Amaya, A Quarta Forma do Delírio e Estocolmo –, foi descrita pelo pesquisador e crítico André Cervinskis no artigo Poesia e Mito em Lucila Nogueira como uma “enunciação mítico-feminista”. Segundo ele, nessas obras, a autora tem como fio condutor a “busca da origem étnica e artística (...) através das figurações femininas alegóricas de que se utiliza na formação de vozes ancestrais e contemporâneas a delinear a condição da mulher em várias épocas em confronto com o arquétipo feminino vital matriarcal de diversas culturas, na busca obsessiva de uma geografia mítica de si mesma”.



UFPE
Além disso, Lucila lecionava desde 1989 na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), dentro do Departamento de Letras. Formou em Direito na universidade em 1972, e fez mestrado (1988) e doutorado (2002) em Letras na mesma instituição. Como sua poesia, suas obras acadêmicas são de ampla importância, especialmente o livro O Cordão Encarnado – Uma Leitura Severina, tese sobre a poesia de João Cabral de Melo Neto que foi publicada em dois volumes. A autora ainda escreveu sobre Carlos Drummmond de Andrade, Fernando Pessoa e um dos seus autores preferidos, o argentino Jorge Luís Borges.
Sempre ativa nos debates literários, Lucila foi curadora da Fliporto entre 2007 e 2008, quando o festival ainda acontecia em Porto de Galinhas. A partir da 1992, ingressou na Academia Pernambucana de Letras.