O metrô do Recife inicia as viagens deste primeiro domingo (5) de 2020, cobrando trinta centavos a mais na tarifa. Com o reajuste, o preço que vinha sendo praticado desde 3 de novembro de 2019 passou de R$ 3,40 para R$ 3,70. Esse é o penúltimo aumento de uma correção tarifária que vem sendo implementada de forma progressiva desde maio de 2019. Em 7 de março o valor subirá para R$ 4.
Antes do primeiro aumento escalonado, em 5 de maio, a tarifa custava R$ 1,60 e foi elevada para R$ 2,10. Depois disso, os valores mudaram para R$ 2,60 em julho e R$ 3 em setembro. Na época do anúncio, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) disse que o reajuste seria suficiente para reduzir em 20% o déficit de gastos com operação, folha de pagamento e indenizações.
“Tenho gratuidade, mas meus filhos pagam passagem, o valor da tarifa é alto para os problemas que enfrentamos nas viagens, principalmente a falta de segurança”, declara o metalúrgico aposentado Orlando Vila Nova, morador do Janga, no município de Paulista. “O metrô que usamos não é o metrô que nos prometeram, nem todos os trens são climatizados”, destaca, ao desembarcar na Estação Central, no bairro de São José, no Recife.
Vagões cheios e relatos de mortes, segundo Orlando Vila Nova, fazem do metrô um transporte coletivo perigoso para os passageiros. “Numa troca de tiros, qualquer um pode ser atingido, por tudo isso o valor da passagem é absurdo”, pondera. “É uma pena porque o deslocamento é muito rápido, só falta o serviço ser completo.”
A auxiliar de professora Tamyris da Silva Lima lamenta começar o novo ano pagando mais caro pela passagem do metrô. “É um valor que pesa no orçamento do trabalhador. Eu, que pego o metrô esporadicamente, estou sentindo no bolso esses reajustes da tarifa, imagine o sufoco para quem usa o trem todos os dias”, observa. Pelo preço da tarifa, diz ela, os usuários deveriam ter mais segurança, principalmente nos fins de semana e feriados.
Leia Também
“Segurança é só de fachada e o calor é insuportável quando o ar condicionado dá problema, parece que a gente está sendo transportado num forno de casa”, acrescenta Tamyris, moradora de Coqueiral, bairro da Zona Oeste do Recife. “A vantagem do metrô é a viagem ser rápida, o resto deixa a desejar, e com uma tarifa cara dessa o serviço deveria melhorar.”
Balconista de farmácia, Fabíola Karla da Silva usa o metrô diariamente e disse que não se incomodaria de pagar R$ 3,70 se as condições oferecidas nas viagens fossem outras. “A tarifa podia chegar a R$ 5 se nos dessem segurança, mas do jeito que está é uma vergonha, a situação é terrível, a gente não pode andar com nada que a gente trabalha todos os dias para conseguir porque não há segurança nenhuma no metrô”, ressalta Fabíola.
Ela também se queixa de sujeira e da quantidade de ambulantes nos vagões. “Sei que todo mundo precisa trabalhar, porém falta ordenamento”, diz ela, na Estação Central.
Metrô
O reajuste foi aprovado pela juíza Maria Edna Fagundes Veloso, em audiência de conciliação na 15ª Vara da Justiça Federal de Minas Gerais. De acordo com a CBTU, em nota enviada pela assessoria de imprensa, o aumento que entra em vigor a partir de hoje dá continuidade à “implementação do reequilíbrio tarifário de maneira progressiva.”
Inaugurado em 11 de março de 1985, o metrô do Recife completa 35 anos em 2020 e atende cinco cidades da região metropolitana – Recife, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e Cabo de Santo Agostinho – numa rede com 36 estações e 71 quilômetros de extensão. São 39,5 quilômetros na linha elétrica e 31,5 quilômetros no VLT (veículo leve sobre trilhos).
Por dia, transporta 400 mil pessoas, sendo 275 mil na linha Centro (Recife-Jaboatão e Recife-Camaragibe), 120 mil na linha Sul (Recife-Cajueiro Seco) e 5 mil no VLT (Cajueiro Seco-Cabo e Cajueiro Seco-Curado). As viagens de metrô são realizadas todos os dias, das 5h às 23h. O VLT entra em operação a partir das 5h15 e faz o último deslocamento às 21h21, dependendo do destino.
