ciclo natalino

Cortejo de Pastoris mantém viva tradição pernambucana de Natal

Da Avenida Cais da Alfândega até a Praça do Arsenal, dez pastoris, guiados pelo Reisado Imperial, desfilaram pelas ruas do Bairro do Recife

Da editoria de Cidades
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Publicado em 21/12/2019 às 9:00
Foto: Maria Lígia Barros/ JC
Da Avenida Cais da Alfândega até a Praça do Arsenal, dez pastoris, guiados pelo Reisado Imperial, desfilaram pelas ruas do Bairro do Recife - FOTO: Foto: Maria Lígia Barros/ JC
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Música e cores tomaram o Bairro do Recife nessa sexta-feira (20) à noite, durante o cortejo de pastoris, celebração da tradição pernambucana de Natal. Da Avenida Cais da Alfândega até a Praça do Arsenal, o Reisado Imperial, único grupo do Recife entre os dois do Estado, guiou o desfile de dez pastoris pelas ruas.

As bandas Associação Musical 19 de Fevereiro, Som Brasil Banda Show e Bandinha Natalina Veneno embalaram a comitiva. Ao final, a Retreta Natalina da Banda Sinfônica do III Cindacta se apresentou no palco montado no Arsenal. O evento deu prosseguimento ao Ciclo Natalino do Recife.

Entre os que se apresentaram, o sentimento prevalecente era o de fazer a manifestação perdurar. Sérgio Alves de Almeida, 66 anos, é mestre do Reisado Imperial, da Bomba do Hemetério, e filho do seu fundador. “Esse evento é muito importante porque é a continuação da cultura. E um país que não tem cultura é um país cego.” O trompetista cresceu com o grupo, criado em 1951, dois anos antes de seu nascimento.

Aos 23 anos, Adilane Santos é a contramestre do cordão azul do pastoril da Tia Nininha, de Olinda, que, desde 1996, faz parte do cortejo. Para ela, que há 15 anos dança no festejo, o momento é de emoção. “A gente consegue juntar todos os pastoris, juntar a cultura de todos esses lugares, e não deixá-la morrer.”

As atrações foram prestigiadas por turistas e moradores locais. O arquiteto recifense  Flávio Souza, de 50 anos, mora há 20 na Flórida, nos Estados Unidos, e trouxe amigos estadunidense para conferir a manifestação. “Sempre que posso trago alguém para mostrar para eles que o Brasil não só tem problema político, tem também variedade cultural. E até o momento eles estão adorando”, contou. 

Um deles foi o enfermeiro Robert Lambrisky, 43. Mesmo já tendo vindo a Pernambuco durante o período natalino em outro momento, esta é sua primeira vez conhecendo o pastoril. "Eu achei muito amigável, muito legal. Tem muitas crianças, e eu me senti seguro", falou.  

Já a dona de casa Danielly da Silva, 37, foi ver a filha Pietra Vitória, de 7 anos, compor o pastoril de Vovó Alzira. "Faz dois anos que ela dança. É ótimo, porque é uma cultura pernambucana, e ela ama fazer. É o lugar onde eu moro, e ela fazer isso, para mim, é uma honra." 

A secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, destacou o papel das políticas públicas em perpetuar e manter vivas as tradições. “Com o poder de uma secretaria na mão, a gente tem que se revestir de toda crença e de todo entusiasmo para que essas linguagens não morram. Porque ela é a cara de nossa região. Não cai de moda. Não é arranha-céu nem pontes que definem o Recife, e sim o povo, que canta e dança sonhos, e realizam esses sonhos."

Desde o dia 1º de dezembro, sete jornadas de pastoris foram realizadas na cidade. “Fizemos essa jornada para que o grupo de uma comunidade recebesse os das outras, para que todo mundo veja o que o outro está fazendo e possa melhorar", destacou o presidente da Fundação de Cultura do Recife, Diego Rocha, que definiu os pastoris como principal símbolo do Natal,

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