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Central de Triagem está pronta, mas continua com as portas fechadas

Pelo menos 100 famílias esperam os benefícios anunciados pelo projeto, que vai funcionar como cooperativa de reciclagem

Marina Barbosa
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Marina Barbosa
Publicado em 26/09/2014 às 8:34
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Poucos metros depois de onde os operários deveriam estar trabalhando nas obras de requalificação do Canal do Arruda, outra promessa da prefeitura frustra os moradores da Zona Norte do Recife. É a Central de Triagens de Resíduos Sólidos, que estava prevista para fevereiro, mas só foi concluída em junho e, mesmo pronta para entrar em operação, continua com fechada. Pelo menos 100 famílias esperam os benefícios anunciados pelo projeto, que vai funcionar como cooperativa de reciclagem e receberá o material colhido pelos catadores de lixo que atuam na área em troca de um salário fixo. 

Orçado em mais de R$ 1 milhão, o galpão começou a ser construído em fevereiro de 2013 em um terreno de 2,2 mil metros quadrados próximo ao Habitacional Palha de Arroz. Esperava-se que a obra durasse um ano, mas a conclusão foi adiada para maio e depois para junho deste ano. Responsável pelo serviço, a Empresa de Urbanização do Recife (URB) explicou que o atraso foi motivado por readequação do projeto e posteriormente pelas chuvas. Há três meses, a construção foi concluída e as máquinas que vão pesar e prensar o material reciclável chegaram. Mesmo assim, a central continua sem funcionar. Enquanto isso não acontece, meninos aproveitam o pátio que deveria receber catadores para jogar bola. O local é protegido por cercas, mas muitas já estão quebradas. 

A assessoria de imprensa da URB confirmou que a obra foi finalizada em junho, mas informou que está vistoriando o galpão com técnicos da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) para “identificar pontos que estejam fora do projeto ou inadequados e que possam ser corrigidos pela própria URB”. Depois disso, a Emlurb vai assumir a administração do espaço e a Secretaria de Desenvolvimento e Planejamento Urbano iniciará a capacitação dos catadores para que a Central comece a funcionar.

A qualificação é necessária porque esses trabalhadores atuam por conta própria. Por isso, precisam aprender a trabalhar em cooperativa para se adaptar à logística do projeto. O curso vai durar três meses e abordará temas como limpeza, segurança no trabalho, operação de máquinas, armazenamento e planejamento financeiro. A previsão é que as vistorias terminem no próximo mês e os cursos de qualificação ocorram até o fim do ano. Mesmo assim, ainda não se sabe quando o equipamento entra em operação.

Revoltadas com a demora, as catadoras que moram ao lado da central pretendem fazer protesto nos próximos dias para cobrar a inauguração. “Não falta nada para o galpão funcionar. Fizemos um curso e até agora nada de emprego. Queremos saber o que aconteceu”, reclama Maria da Glória Silva, 33 anos, que está vendendo lanches enquanto espera o trabalho na reciclagem. Já Carlos Gomes, 33, continua levando o material que recolhe na região para depósitos particulares instalados às margens do Canal do Arruda. “Disseram que iam abrir um galpão grande ali na frente. Fui cadastrado. Mas faz tempo e ainda não começou a funcionar”, conta.

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