Rap composto por alunos e uma professora do ensino fundamental está se transformando numa nova ferramenta para mobilizar comunidades do Recife contra doenças negligenciadas como tuberculose, hanseníase, filariose, leptospirose e esquistossomose. Nascido em forma de cordel, com versos da educadora Geísa Macambira, ganhou música nas mãos de estudantes de 11 a 14 anos. “Eu gosto de escrever poesia e escrevi em forma de cordel para trabalhar com eles na sala de aula. Daí, os alunos propuseram um rap, gostam muito de música e dança.”
A produção nasceu na Escola Municipal São João Batista, Alto do Pascoal, Zona Norte da cidade. Nas redondezas da Bomba do Hemetério, reduto multicultural da periferia recifense, era natural acabar assim. “Lá em casa ouço tudo, brega, Beyoncé, Luan Santana...”, conta o entusiasmado Ricardo Oliveira, 11 anos, morador do Alto Santa Terezinha e principal vocalista do grupo. Ele puxa o rap e responde com segurança quando questionado sobre as doenças. Aposta no sucesso da música na comunidade e no Brasil. “Quero me apresentar nos programas de televisão.”
Assim como Ricardo, os amigos Carolaine, Rodrigo, Isaías, Geraldo, Maria Rute e todos os outros respondem na ponta da língua o que precisa mudar no ambiente onde moram para eliminar as doenças. O engajamento dos estudantes é fruto de um projeto da Secretaria Municipal de Saúde, com apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e que tem por alvo os escolares de 6 a 14 anos. O objetivo é combater filariose, esquistossomose, leptospirose, tuberculose e hanseníase em áreas críticas da cidade, aproximando a escola dos programas de saúde. O trabalho é feito em parceria com o Programa Saúde na Escola, do SUS.