
Em tempos de pandemia e isolamento social, a onda de conteúdos falsos e fora de contexto tem sido crescente. Nos últimos meses, algumas medidas foram anunciadas pelas redes sociais para frear essa disseminação, mas elas não são suficientes para eliminar o problema. O esforço também pode vir de maneira individual. Existem ferramentas que permitem verificar se uma determinada informação, imagem ou vídeo são verdadeiros ou não.
A co-fundadora da Énois Conteúdo e da Escola de Jornalismo, Nina Weingrill, destaca que as ações tomadas pelos administradores das redes sociais para diminuir os efeitos da desinformação foram importantes, mas é preciso aliados no outro lado das telas. “As plataformas têm que ser responsabilizadas e elas precisam tomar atitudes para mitigar o que é possível mitigar, mas não é só uma mudança das plataformas, o comportamento do usuário também tem que mudar”, conta.
Porém, isso não é fácil. Uma das conclusões do estudo “Iceberg digital”, desenvolvido pela Kaspersky em parceria com a empresa de pesquisa CORPA, é que 62% dos brasileiros não conseguem reconhecer uma “notícia falsa”. Ainda segundo a pesquisa, na América Latina 2% da população considera as “notícias falsas” inofensivas, enquanto 72% acreditam que elas viralizam para que alguém receba algo em troca ou para causar dano a algo/alguém. Mas, mesmo com a percepção negativa do termo, apenas 42% dos brasileiros ocasionalmente questionam o que lêem na internet. Para que esse cenário possa mudar, confira abaixo cinco ferramentas que podem auxiliar a verificar informações:
Pesquisa reversa de imagens com Google Images e Tineye
A ferramenta do Google Images permite fazer o upload de uma fotografia e pesquisar se existem imagens iguais já publicadas em outros locais, com outro contexto e em outra data. Não é garantido que a imagem seja verdadeira se não encontrar resultados, mas é um passo importante para perceber se aquela informação pode ou não ser falsa. Para utilizar o mecanismo basta ir ao site do Google Images, clicar no ícone da câmera fotográfica e fazer a pesquisa através da URL da fotografia ou carregando a imagem de arquivo do computador. Se aparecer algum resultado, basta clicar na imagem para saber mais informações sobre ela. O Bing também tem a mesma função.
Já o TinEye é um mecanismo de pesquisa de imagem reversa que utiliza tecnologia avançada de identificação de imagem para pesquisar em um índice de mais de 14 bilhões de resultados. A ferramenta cria uma assinatura digital compacta da imagem que você carrega para encontrar correspondências exatas, independentemente de a foto ter sido cortada, editada ou redimensionada.
Extensão para navegador web InVID
Outra ferramenta que também permite verificar imagens e vídeos que circulam nas redes sociais é o InVID, um plugin disponível para Google Chrome e Mozilla Firefox. Nesta ferramenta, o usuário pode carregar uma imagem ou vídeo e o sistema vai indicar a localização original daquelas imagens, a data de criação, miniaturas e quadros-chave.
Encontre versões anteriores de um link
Em alguns casos, links para acessar páginas na web podem não estar mais disponíveis ou seus conteúdos podem ter sido alterados. O site Wayback Machine permite buscar versões anteriores de um determinado link. Basta colá-lo no campo do site e clicar em "browse history".
Fátima Bot
A Fátima (que vem de “FactMa”, uma abreviação de “FactMachine”) é a robô checadora da agência Aos Fatos. O projeto surgiu em 2018, no Facebook Messenger. Hoje, é multiplataforma e sua tecnologia é aplicável para outros veículos jornalísticos que tenham interesse em ter seu próprio chatbot.
“Ela oferece aos leitores dicas de como identificar boatos e conteúdos enganosos e verificar a autenticidade de fotos e vídeos. A Fátima também está presente no Twitter, onde ela monitora tweets com notícias falsas ou distorcidas, avisa os usuários sobre o equívoco e compartilha um link para a checagem daquele conteúdo. No WhatsApp, a Fátima começou a operar em maio de 2020, inicialmente focada na pandemia do novo coronavírus, e agora ela já conta com um repertório expandido. Por meio de um menu, os usuários interagem com a robô e ela oferece as últimas checagens e uma busca por checagens da nossa base de dados a partir de palavras-chaves”, explica a gerente de estratégias do Aos Fatos, Luiza Bodenmüller.
A equipe do Aos Fatos responsável pela Fátima vem desenvolvendo novas soluções para o Twitter e, em relação ao WhatsApp, está preparando o mecanismo para o período eleitoral.
Agências de Checagem
Mesmo não sendo ferramentas, os websites e redes das agências de fact-checking são os locais onde existem checagens diárias de informações, declarações de pessoas famosas ou políticos, entre outros. No Brasil, o trabalho é realizado pela Agência Lupa, Aos Fatos, Boatos.org e E-farsas. Também há o Projeto Comprova, uma coalizão de jornalistas de vários veículos de comunicação do país, incluindo o Jornal do Commercio.
No atual cenário pandêmico, checadores da América Latina se reuniram e criaram o Corona Verificado, plataforma responsável por compartilhar informações verificadas e confiáveis sobre o novo coronavírus e a covid-19. Plataformas da Espanha e de Portugal também fazem parte do projeto, que possui checagens disponíveis em espanhol e em português.
Conheça o Confere.ai
O Confere.ai, uma ferramenta de checagem automática de notícias e de produção de conteúdos sobre desinformação desenvolvida pela startup Verific.ai e pesquisadores da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) junto ao Sistema Jornal do Commércio de Comunicação (SJCC). O projeto tem o objetivo de ampliar a cultura da verificação e criar mecanismos para ajudar a audiência a identificar de forma mais rápida e segura conteúdos falsos ou enganosos. Para acessar, basta entrar no site confere.ai ou buscar nas páginas iniciais dos sites do SJCC.
Comentários