30 ANOS SEM SENNA | Notícia

30 anos sem Senna: Veja com detalhes segundo relato do jornalista como foi a morte de Ayrton Senna

Primeiro repórter a chegar no hospital, Oricchio detalha com riqueza tudo o que viu no fatídico dia do acidente

Por Nelly Sandra Publicado em 01/05/2024 às 4:00

O dia 01 de maio de 1994 ficará marcado na história do esporte, não por uma data comemorativa e sim, pelo fato do mundo se despedir de forma inesperada de um ídolo: a morte de Ayrton Senna.

Há exatos 30 anos, durante o GP de San Marino, o brasileiro que havia conquistado a pole position e era o líder da prova, perdeu o controle durante uma curva e bateu violentamente contra um muro. O impacto foi tão forte, que o piloto quase retornou para a pista, sendo erguida de imediato a bandeira vermelha, mas o que ocorreu depois? Confira abaixo.

Em uma série especial feita pelo GE, o 9º capítulo é narrado pelo jornalista Lívio Oricchio, detalhou como foi cobrir aquele fatídico dia, desde a retirada de Senna do carro até confirmação de sua morte no hospital. O relato rico em nuances, mostra que mesmo sendo socorrido, era praticamente confirmado que o tricampeão Mundial não sairia do local com vida.

Relato do dia

Primeiro jornalista a chegar no Hospital Maggiore de Bolonha, Oricchio detalhou com detalhes a situação de como Ayrton havia chegado no local, e como o médico Giovanni Gordini, que prestou os primeiros atendimentos ao brasileiro estava abalado emocionalmente.

"Antes mesmo de retirar o capacete, ficamos impressionados com a quantidade de sangue que o piloto perdia. Alguma artéria havia sido atingida com certeza e minha primeira preocupação era, uma vez exposta a cabeça de Senna, tentar conter a hemorragia", iniciou o relato sobre o momento que viu Ayrton.

"Mas tão logo tivemos acesso a sua cabeça, sem o capacete e a balaclava, compreendi que Senna não sobreviveria. Vimos que a base craniana estava aberta e ele perdia massa cefálica, cérebro, pelo corte de mais de um centímetro de largura que corria por trás das orelhas, de lado a lado da cabeça. Para mim, ele havia batido a cabeça no muro da curva Tamburello, em alta velocidade. Isso explicava aquele traumatismo generalizado da caixa craniana".

JEAN-LOUP GAUTREAU / AFP
Ayrton Senna pilotou pela Williams em 1994 - JEAN-LOUP GAUTREAU / AFP

Segundo Lívio, a confirmação da morte de Senna para ele era questão de tempo, principalmente depois dos detalhes dados pelo Doutor Gordini. Que situação difícil, confirmada mais tarde, exatamente às 19h05 pela Doutora Fiandri: "Senhores, Senna está morto".

A emoção tomou conta do local, com várias pessoas chorando pela terrível notícia, segundo Lívio, ele não chorou pelo preparo que ele se submeteu, afinal precisava de mais informações, era necessário se controlar e não deixar se abalar de imediato, mesmo diante de algo inesperado.

Inicialmente às 18h05, a Doutora Fiandri anunciou a morte cerebral do tricampeão, e se tivesse mais alguma novidade iria retornar, o que ela realmente cumpriu. O coração dele parou de bater às 18h40, fazendo com que a médica com os olhos cheios de lágrimas anunciasse o que ninguém gostaria de ouvir, a morte de Ayrton Senna, maior piloto brasileiro da Fórmula 1, aos 34 anos.

O adeus final

Três dias depois da confirmação da morte de Ayrton Senna, seu corpo foi transportado para Guarulhos, em São Paulo, após uma conexão no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris.

Ao chegar no Brasil, o cortejo durou cerca de duas horas e meia, tendo milhares de pessoas juntas, com a mesma dor da perda, mas demonstrando toda sua importância com cânticos e aplausos para o corpo do brasileiro.

Velado entre os dias 04 e 05 de maio na Assembleia Legislativa, mas de 240 mil pessoas visitaram o local, porém a demonstração de amor foi maior no momento de levar o ídolo para o Cemitério do Morumbi: cerca de 1 milhão de fãs foram dar seu último adeus.

Sepultado no jazigo 11, quadra 15 do setor 7, o caixão foi carregado pelos pilotos Alain Prost, Gerhard Berger, Emerson Fittipaldi, Jackie Stewart, Rubens Barrichello, Christian Fittipaldi e Derek Warwick, finalizando ali, o último encontro de Senna com as pessoas que as milhares de pessoas que o tinham como um herói.

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