Técnico também precisa de clube estabilizado para conseguir resultados em campo
Se um clube não tive um projeto definido, convicção, organização política e financeira, não adianta muito ter craques no time. Nada vai fluir

Vida de treinador não é fácil. Montar o elenco, estudar os adversários, ter variações táticas, relacionamento com dirigentes, com torcida, com imprensa, gerenciar egos.... Mas, mesmo se essas peças se encaixarem, de nada vai adiantar se as vitórias não forem conquistadas. No entanto, na maioria dos casos no futebol, o ciclo deve fluir de fora para dentro. Se o clube não viver harmonia em seu ambiente, nos gramados, a bola não entra. Incrível, mas é como se a bola ficasse gigante e a trave, minúscula.
O futebol pernambucano vive um momento em que o pêndulo qualidade técnica do elenco, comando do treinador e o ambiente do clube está bem evidente. Náutico tem o equilíbrio. Santa Cruz e Sport completamente desequilibrados. O trabalho do treinador passa a ser maior. Não cabe aqui julgamentos sobre quem é melhor, Hélio dos Anjos, Roberto Fernandes ou Umberto Louzer. O que se é está colocando em questão são as circunstâncias que podem fazer o trabalho prosperar.
Não precisamos mergulhar tanto no passado para lembrar que os problemas que o técnico Hélio dos Anjos enfrentou. No ano passado, o Náutico vivia uma crise técnica que o deixava na zona de rebaixamento. A confiança era zero de uma reviravolta. Dez para cada dez alvirrubros já tinham jogado a toalha no chão. Além da sua experiência e seu estilo vibrante dentro e fora de campo, Hélio dos Anjos conseguiu virar a chave. Assim que chegou, decretou: "O Náutico não vai cair". E não caiu.
A crise do Náutico era técnica. O time não se encontrava em campo. Jogadores que não estavam confiantes, outros insatisfeitos com o trabalho dos treinadores que passaram pelo clube. Nos bastidores, a crise política passa ao longe. Pelo menos, externamente. O Náutico não viveu clima eleitoral. E o time ganhou uma confiança tremenda ao jogar apenas o apenas o Campeonato Pernambucano no primeiro semestre. Hélio teve toda tranquilidade para cobrar intensidade nos jogos, independente do adversário. O Náutico sofreu uma transformação incrível.
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Santa Cruz e Sport vivem situações semelhantes nos seus bastidores. Cofres vazios e dirigentes batendo cabeça. O processo eleitoral nos dois clubes foi vergonhoso. O foco tricolor foi político, precipitação para contratar jogadores, trocas de treinadores foram a prova da falta de convicção e planejamento para o futebol. O caso do Leão ainda mais grave. O presidente e o vice foram embora. Deixaram a bomba na Ilha do Retiro. E quem ficou... perdidos. Teve desavença de presidente interino com o elenco ao vivo na Rádio Jornal e nas redes sociais.
E como ficam Roberto Fernandes, no Santa Cruz, e Umberto Louzer, na Ilha do Retiro? Claro que ambos tem suas falhas. Fizeram escolhas erradas. Podemos também questionar seus planos de jogo. Mas vamos combinar que eles também não tiveram paz. Roberto Fernandes, basta lembrar, que é o quarto técnico que assumiu o comando do Santa Cruz nessa temporada. Louzer também não teve sossego com um elenco que tem suas estrelas sem salário e o clube sem comandante.
Não se trata de defender técnico. Eles têm suas responsabilidades. Mas os dirigentes também precisam assumir as suas. E um clube com ambiente harmonioso, com os projetos bem definidos é bem mais provável que o elenco ganhe apenas um foco: jogar bola dentro de campo e conquistar as vitórias.