
POR AGÊNCIA BRASIL - “Córner contra o Uruguai no último instante da luta. Terminou o tempo pelo meu Omega e vai agora um córner contra o Uruguai. Há descontos ainda. Cobrou Friaça, cabeceou Jair... marcou o juiz, entretanto, o final da peleja. Terminou o jogo com a vitória do Uruguai. Uruguaios campeões mundiais de futebol de 1950, reconquistando o título que haviam obtido em 1930 e perdido depois para a Itália. Desolação natural da torcida aqui no Estádio do Maracanã”.
Assim foi encerrada a transmissão da primeira derrota do Brasil no Maracanã, na voz de Antônio Cordeiro, pelas ondas da Rádio Nacional. Muitos torcedores até hoje entendem que o Maracanazo jamais foi superado, deixando no “Maior do Mundo” a marca eterna da tragédia. Injustiça. Aos 70 anos, o Maracanã merece o reconhecimento por ter sido palco de grandes conquistas internacionais por brasileiros. Clubes e seleções mostraram, ao longo da história, que o estádio é sinônimo de vitória.
Meu maior orgulho nesses 70 anos é a quantidade de memórias que criei com cada um de vocês. Sou imponente porque sou feito de gente. Sou a casa do inesquecível porque sou a sua casa. E não vejo a hora de te reencontrar. Que saudade! Se cuide e até breve. #Maraca70 pic.twitter.com/8khj3dJTfB
— Maracanã (@maracana) June 16, 2020
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A começar pelo Santos. Primeiro em 1962, ao derrotar o Benfica, no Rio de Janeiro, por 3 a 2, no jogo de ida da final do Mundial Interclubes – o título foi confirmado em Lisboa, com um 5 a 2 sobre os Encarnados. Depois, em 1963, mas com pitadas de emoção. O Milan, da Itália, jogava pelo empate e vencia por 2 a 0. Sem Pelé, Zito e Calvet, o título mundial estava praticamente na mão dos Rossoneros. Na volta do intervalo, o tempo fechou e o céu limpo deu lugar a um dilúvio. E o Santos virou: 4 a 2, com gols de Pepe (2), Almir Pernambuquinho e Lima. No jogo-desempate, de novo no Maracanã, Dalmo, de pênalti, fez o único gol da partida. Em seu canal no Youtube, Pepe explicou sua relação com o estádio.
“A minha história cresceu nos jogos contra o Milan, no Maracanã. Eu joguei, digamos, umas 300 partidas na Vila Belmiro e umas 20 no Maracanã. Logicamente eu preferia jogar na Vila, mas escolhemos o Rio de Janeiro para enfrentar o Milan, como havíamos escolhido para enfrentar o Benfica no ano anterior. Os cariocas adoravam o Santos Futebol Clube e lotaram o Maracanã para nos ajudar nestas duas conquistas inesquecíveis".
Hoje estamos distantes, sim, mas como diz um bom carioca, tamo junto. Sempre.
Nesses 70 anos, sorrimos, choramos, nos emocionamos. Vivemos momentos inesquecíveis.
E meu maior presente é o carinho de cada um de vocês. Obrigado por tudo e que venham muitos anos mais! #Maraca70 pic.twitter.com/oKCw3yaMt1
— Maracanã (@maracana) June 16, 2020
Em 2000, o Corinthians também conquistou um Mundial no Maracanã. A situação era bem diferente da do Santos, pois jogava fora de casa, mas contra o Vasco, outro time brasileiro e mais conhecedor do estádio. O Timão conseguiu segurar o ímpeto da dupla Romário-Edmundo e, nos pênaltis, após cobrança para fora de Edmundo, o time paulista ergueu a taça.
Os bons momentos da seleção
E a Seleção Brasileira? Será que superou o trauma de 1950, quando Ghiggia calou o Maracanã? Em outro 16 de julho, 39 anos depois, Romário fez o estádio explodir contra o mesmo Uruguai, na final da Copa América O time do contestado técnico Sebastião Lazaroni parecia ter dado fim ao fantasma do Maracanazo.
O “capitão” Ricardo Gomes, logo após o apito final, desabafou em entrevista. “É um presente para o pessoal do passado e esperança para a torcida de agora. É uma satisfação trabalhar com esse grupo maravilhoso. Saímos de um clima totalmente adverso, mas com muita união se apresentou uma seleção vitoriosa que vai dar muita coisa para a torcida.”
O Maraca é... #Maraca70
— Maracanã (@maracana) June 16, 2020
Ricardo Gomes estava certo, pois a Seleção de 1989 foi a base da conquista do tetracampeonato mundial, em 1994, nos Estados Unidos. E por falar nos EUA, como esquecer o Pan-Americano de 2007 e a goleada de 5 a 0 da Seleção Brasileira Feminina sobre as norte-americanas? A derrota na final dos Jogos Olímpicos de Atenas estava entalada na garganta. Mais de 70 mil torcedores lotaram o Maracanã para ver o show com dois gols de Marta, outros dois de Cristiane e mais um de Daniela Alves que falou dessa emoção em depoimento à CBF TV.
“Eu lembro e sempre vou lembrar de todos os detalhes. Em uma quinta-feira, ao meio-dia, mais de 70 mil pessoas no Maracanã. É marcante. Eu tenho uma foto com o estádio lotado. E a gente ficava uma chamando a outra durante o jogo, ficamos impressionadas com o estádio lotado e fazendo a ‘ôla’. Só pra nós. Não tinha o masculino, depois ou antes da gente. Só éramos nós naquela final, e as pessoas foram lá prestigiar. Dentro de casa a final e no Maracanã, um estádio enorme. Foi marcante pra sempre”.
"És, enfim, a vitória e a derrota, caprichosa imitação da minha vida. E porque és uma parte da minha memória, seguirei cantando, comigo, a melodia de teu doce nome: Maracanã..."
Armando Nogueira. #Maraca70
— Maracanã (@maracana) June 16, 2020