
"Somente três coisas param no ar: o helicóptero, o beija-flor e eu", disse Dadá Maravilha, um dos grandes artilheiros que o futebol já teve.
Campeão do mundo em 1970, Dadá acumula passagens pelo futebol pernambucano. A primeira, foi peça fundamental para o Sport vencer o Estadual de 1975 e quebrar o jejum de mais de 12 anos sem um título.
Em 1980, voltou a Recife, mas desta vez para defender o Náutico, onde não conquistou nenhum troféu, mas teve uma boa passagem individualmente falando.
No ano seguinte, defendeu as cores do Santa Cruz, mas por pouco tempo antes de se transferir para o Bahia.
Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, Dadá Maravilha falou sobre a Seleção Brasileira de 1970, onde ele considera aquele elenco o melhor da história.
Ele também comentou sua vinda para o Sport, onde ganhou o apelido de Rei Dadá e fez história no clube; da passagem por Náutico e Santa Cruz, onde ele diz que poderia ter ficado mais.
E, por último, mas menos importante, comentou como vem sendo a sua rotina durante a pandemia do novo coronavírus.
SELEÇÃO DE 1970
Dadá Maravilha estava fazendo muitos gols na época, mas a sua presença na Copa do Mundo estava ameaçada, já que o então técnico João Saldanha não o convocava.
No entanto, com a demissão de Saldanha, Zagallo acabou levando o atacante de 24 anos para o México, fazendo parte de um grupo histórico.
Para Dadá, aquela Seleção Brasileira de 1970, que tinha Pelé, Tostão, Rivelino e companhia, é a melhor da história e ele se sente orgulhoso de fazer parte daquele esquadrão.
"Eu acho que foi disparada a melhor Seleção de todos os tempos. Isso porque se juntou, no mínimo, seis jogadores fantásticos e fora de série numa seleção brasileira".
"Além disso, outros jogadores com bom quilate técnico e uma produção muito grande. E eu me senti honrado em fazer parte dessa Seleção".
"Convivi com Pelé, Tostão, Carlos Alberto, Rivelino, Gérson... Jogadores extraordinários. Eu fico até sentido em falar apenas desses, porque na realidade eu tinha falar de todos. O mundo se deslumbrou porque a Seleção Brasileira não jogava só futebol, ela dava espetáculo", explicou.
A VINDA DE DADÁ MARAVILHA PARA O SPORT EM 1975
Dadá chegou no Sport com uma missão: tornar o Leão campeão após 12 anos. O desejo era tão grande que ele acertou até mesmo sem salário fixo. No entanto, não decepcionou.
Foi artilheiro do Estadual de 1975 e peça fundamental para o clube rubro-negro quebrar o jejum ao vencer o Náutico por 0x1, nos Aflitos, com gol de Assis Paraíba.
"Tinha 12 anos que não era campeão e havia um desespero muito grande na torcida do Sport, que é uma das mais fanáticas do futebol brasileiro".
"E quando o presidente do clube (Jarbas Guimarães) conversou comigo, ele me disse: Dadá, não quero saber quanto você vai pedir para mim, eu quero é ser campeão".
"E eu respondi: Você sabe do meu valor e eu sei da necessidade de título. Quando acabar o campeonato, você me paga o que eu mereço, porque uma coisa eu garanto: o Sport será campeão".
"Se eu não me engano, eu joguei em 13 clubes. E o Sport está em um dos cinco melhores em que joguei. E foi um lugar onde fui batizado de 'Rei Dadá' e fui amado pela torcida. E a recíproca era verdadeira", disse Dadá.
Em contato com a reportagem do Jornal do Commercio, o presidente do Sport em 1975, Jarbas Guimarães, confirmou que contratou Dadá sem acertar um salário fixo com ele.
"O slogan Sport 1975, 20 vezes campeão teve dois objetivos: a promessa do título e divulgar que nós já tínhamos 19 campeonatos".
"E torcida, que já estava motivada, ficou ainda mais com a vinda de Dadá e a meta de alcançar 35 mil sócios, o que foi um recorde no clube".
"Essa força da torcida deu sustentação para a montagem da Seleção do Nordeste. Meu único mérito foi acreditar na força da torcida. Dadá veio sem acerto dos salários, mas com a garantia que não seria inferior ao que recebia no Flamengo".
"De luvas, ele pediu um fusca que foi doação em troca de uma publicidade a qual Dadá não se recusou a fazer", comentou Jarbas Guimarães.
PASSAGEM DE DADÁ MARAVILHA POR NÁUTICO E SANTA CRUZ
Além da passagem pelo Sport, Dadá também defendeu Náutico e Santa Cruz. Pelo Alvirrubro, passou em 1981, onde marcou 26 gols em 33 jogos e não conquistou nenhum título.
Após isso, foi para o Tricolor, onde disputou 13 partidas e marcou sete gols. Uma passagem curta, é verdade, mas que teve jogos memoráveis, como por exemplo a goleada por 3x0 contra o Cruzeiro, no Mineirão, onde Dadá fez dois gols.
Para o artilheiro, dava para ter tido uma passagem maior pelos dois clubes.
"Eu acredito que sim. Mas vários clubes estavam querendo me contratar por conta daquela fama que eu tinha como artilheiro e campeão".
"E eu acabava aceitando os desafios porque a cada ano ficava mais velhos e tinha medo de não reproduzir a confiança que as pessoas tinham em mim", disse o Peito de Aço.
CUIDADOS COM O CORONAVÍRUS
Por conta da pandemia do novo coronavírus, o distanciamento social vem sendo recomendado pelas autoridades de saúde.
Com 74 anos, Dadá Maravilha é um dos integrantes do grupo de risco da doença, mas vem respeitando as medidas.
"É uma área que eu conheço muito pouco, mas como eu sou inteligente, estou acompanhando as autoridades da saúde que sabem bem mais do que o Dadá sobre esse assunto tão difícil".
"Já tem um mês que eu estou na casa da minha filha e estamos todos unidos aqui, no interior de São Paulo, onde o amor predomina em nós".
"Estamos obedecendo o que todos os profissionais da saúde falam sobre essa epidemia e estamos no aguardo de tudo voltar à normalidade", finalizou Dadá Maravilha.
PERFIL DE DADÁ MARAVILHA
NOME: Dario José dos Santos, o Dadá Maravilha
IDADE: 74 anos
CLUBES: Campo Grande, Atlético-MG, Flamengo, Sport, Internacional, Ponte Preta, Paysandu, Náutico, Santa Cruz, Bahia, Goiás, Coritiba, Nacional-AM, XV de Piracicaba, Douradense, Comercial de Registro e Seleção Brasileira.
TÍTULOS: Bicampeão mineiro, campeão carioca, campeão pernambucano, bicampeão baiano, campeão goiano, campeão amazonense, bicampeão brasileiro e campeão da Copa do Mundo.
PODCAST COM PARTICIPAÇÃO DE DADÁ MARAVILHA
O futebol continua sendo debatido no Liga do Escrete. E no episódio desta semana, o programa traz um grande debate envolvendo a história da seleção brasileira, qual dupla de ataque foi melhor: Ronaldo e Rivaldo ou Romário e Bebeto?
Já no duelo desta semana, Adriano ou Ibrahimovic, quem você prefere? Além das análises e debates, o programa relembra como foi a campanha da seleção brasileira campeã do mundo em 1970, com direito a participação especial do ex- atacante Dadá Maravilha.
Ficou curioso? Esses e outros assuntos no podcast Liga do Escrete, programa totalmente dedicado ao futebol internacional.