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Salve o América, primeiro campeão do Nordeste e novo integrante dos centenários

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 12/04/2014 às 9:13

Um raro registro do time do América campeão do Troféu Nordeste de 1923 Um raro registro do time do América campeão do Troféu Nordeste de 1923

Por Wladmir Paulino

O América nasceu passarinho nos idos de 1914. No dia 12 de abril bem diferente deste quente a abafado que cozinha os juízos pernambucano, nascia o João de Barros Futebol Clube sob as cores verde e branca. O time surgiu numa casa na avenida que leva o nome da ave, famosa pela arquitetura e material de sua moradia. E assim ficou durante um ano até o Recife receber a visita de Belfort Duarte, aquele mesmo que virou prêmio para jogador que passasse dez anos sem ser expulso. Pois bem, o famoso Belfort veio ao Recife em agosto de 1915 arregimentar apoio para criar uma Federação Nacional de Esportes, uma espécie de avó da atual Confederação Brasileira de Futebol. O João de Barros homenageou o ídolo exatamente na noite de 22 de agosto com o título de capitão honorário do clube. Torcedor fanático do América do Rio, pelo qual jogou, Duarte fez com que o pássaro virasse um homônimo de seu amado clube. E assim se fez num comunicado à imprensa:

Comunico-vos que em Assembléia Geral do João de Barros Futebol Clube, reunida no dia 22 de agosto de 1915 deliberou a mudança de nome daquela sociedade que ficou denominada "América Futebol Clube", convicto que esta deliberação em nada mudará as atenções dispensadas ao nosso antigo JBFC e espero a continuação das mesmas ao América Futebol Clube.

O América mantinha o estilo dos ainda amadores Náutico e Sport. Só podia jogar quem era sócio, negros e pobres não eram bem-vindos e todas aquelas características do amadorismo. E assim ele tornou-se grande, principalmente nas duas primeiras décadas. Foi o terceiro campeão pernambucano. O Flamengo venceu em 1915 e o Sport foi bi em 16/17. O América repetiu o feito dos rubro-negros em 18 e 19. Mas os melhores anos foram a década seguinte. Em 21 mais um título e todo mundo entrou no Campeonato de 1922 babando para vencer. Afinal era o centenário da Independência do Brasil.

A competição foi disputada no mês de maio, quando a chuva dava o ar da graça com uma frequência poucas vezes vista e o amadorismo, visto hoje quase infantil dos organizadores do certame, fez jogos serem adiados, não disputados e pontos serem entregues de um clube ao outro por conta de W.O. Mas a campanha americana foi maior. Em turno único todo mundo se enfrentaria e quem fizesse mais pontos seria o campeão.

E a partida que definiria o vencedor foi logo a primeira. O vencia o Sport por 2x1. Quando faltavam oito minutos para o fim o jogo foi interrompido no campo da Jaqueira porque a noite já se instalara e refletor em campo de futebol era coisa de um futuro ainda distante. O tempo que sobrava seria disputado em data posterior. E em pleno verão, no dia 19 de novembro, portanto Dia da Bandeira, os alviverdes seguraram o placar e terminaram à frente dos leoninos por apenas um ponto. O time-base: Nozinho; Rômulo e Cunha Lima; Lindolpho, Licor e Faustino; Meirinha, Fabinho, Zé Tasso, Juju e Matuto.

Se algum torcedor verde e branco já achava o máximo ser campeão do centenário imagine o que festejaria no ano seguinte, 1923. O estado de Alagoas já tinha times mas não um campeonato estadual, por isso escolheu o mês de maio para organizar o Troféu Nordeste, a primeira competição da região de que se tem notícia. Foram convidados os campeões e vices de Bahia, Pernambuco e Paraíba, além dos donos da casa, que tinham a dupla CSA e CRB dando as cartas. Divididos em dois grupos, os dois melhores avançavam às semifinais. Tudo em turno único com exceção da decisão, em dois jogos.

No grupo A, o Mequinha ficou em segundo, atrás do Botafogo, não o da Paraíba, mas da Bahia, então campeão daquele estado. Lembrando que o Esporte Clube Bahia, mais tarde Tricolor de Aço, só viria a luz do dia oito anos mais tarde, em 1931. Na semifinal, o então bicampeão pernambucano teria pela frente seu tradicional rival nas decisões da época, o Sport. Mas nem parecia decisão. Um 6x2 despacharia os rubro-negros. Do outro lado, o CSA vencia o Botafogo baiano por 2x1. As decisões foram rigorosamente iguais, com cada um vencendo por 1x0. Com tanta igualdade, vamos para os pênaltis. Aí o alviverde não deu sopa para o azar e venceu por 3x0. Sim senhores, as penalidades deram ao deram ao clube pernambucano a honra de ser o primeiro campeão do Nordeste.

A glória teria fim em 1927. A partir da década de 1930 a história começou a tomar outros rumos, que se encaminhavam para a zona norte. Santa Cruz e Náutico começaram a despontar e o Trio de Ferro começava a nascer. Foram anos de dureza, quase 20. Até chegarmos em 1944. Quando o terror nazista dava os últimos suspiros ne Europa, o América dava seu canto de cisne em Pernambuco. E de maneira espetacular. A competição foi disputada em três turnos, tão longa que começou em abril de 44 e só terminou em 18 de fevereiro de 45. Os americanos venceram o primeiro turno. O Náutico levou para casa os outros dois e, por isso, precisava perder em quatro jogos para deixar o título escapar. Empate por 1x1 no primeiro confronto. América 3x2, 2x0 e um 3x0 para completar a tríade barba, cabelo e bigode.

O que se viu daí por diante foi um poço quase sem fim. O América encolheu lado a lado com outros tantos contemporâneos, Flamengo, Torre, Peres, Great Western, Portela... Nas décadas de 1960 e 1990 o clube ficou parado. Teve como único momento de glória a conquista da Taça Recife de 1975. Em 2010, depois de 15 anos, o Mequinha conseguia voltar à primeira divisão depois do vice-campeonato na Série A2. Mas era pouco para estabilizar e entre quedas e retornos, conseguiu manter-se no topo no ano de seu centenário. Também voltou à mídia com força em 2012 ao trazer a paraguaia Larissa Riquelme, musa da Copa 2010 para apresentar seus novos uniformes.

O próximo passo é reforçar as divisões de base para gastar menos em contratações e conseguir uma longevidade maior na elite. O presidente do clube, Celso Muniz Filho, explicou que a fórmula de disputa do Pernambucano deste ano complica muito as equipes que sobem da primeira para a segunda divisão, pois o tempo de preparação ficou mais curto. O primeiro turno do Estadual começou em dezembro do ano passado. "Quem subir esse ano vai ter a mesma dificuldade", aponta.

A diretoria está trabalhando com a Prefeitura de Paulista para adotar o Ademir Cunha como casa de uma vez por todas. Já são cinco anos em Paulista, tempo suficiente para que clube e comunidade tenham criado laços mais fortes e feito o Mequinha abandonar a capital. "Vamos tentar uma concessão com a Prefeitura de Paulista para ficarmos 20 anos com o estádio", diz Muniz. Para o restante da temporada, o América será representado em todas categorias inferiores do Pernambucano, com destaque para o sub-20, que começa justamente neste sábado. "Nossa meta é ficar entre os três primeiros para conseguirmos uma vaga na COpa São Paulo de Juniores", lembra.

FESTA - Às 19h deste sábado, na famosa sede na Estrada do Arraial, tem coquetel para lembrar a data centenária e lançamento de uma camisa alusiva ao primeiro uniforme do clube. Essa camisa será uma espécie de carteira de sócio. Custa R$ 130 e mais R$ 30 mensais dão o direito de entrar na vida social do clube, ganhar descontos em produtos na futura loja e entrada gratuita nos jogos do América como mandante.

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