Por Yuri Ribeiro*
Se tem uma coisa que o Brasil tem de bolo hoje é o tal do zagueiro. Praticamente todos os times da ponta da tabela do Campeonato Brasileiro contam com boas opções na zaga, o que passa uma segurança muito grande. Mas hoje Mano resolveu convocar um que não está [mais] na ponta, mas chama atenção há muito tempo. Durval é o nome dele.
Pela primeira vez o zagueirão paraibano vai ter a oportunidade de vestir a camisa da Seleção Brasileira. Aos 32 anos e não mais no auge de sua carreira, podemos encarar essa convocação mais como uma homenagem do que por merecimento pelo futebol apresentado atualmente. Homenagem a tudo que esse cara passou, dando a volta por cima de muitos críticos.
Em 2005 Durval atuava pelo Atlético (PR), primeiro time grande de sua carreira, quando teve o azar de marcar um gol contra numa final de Libertadores. Os torcedores paranaenses logo o escolherem como o responsável pelo vice-campeonato [o Furacão jamais bateria o São Paulo, na minha humilde opinião]. De lá o despacharam para o Guarani, onde ficou até o final daquele ano. Até que teve a oportunidade de recomeçar. Agora como grande vencedor.
Chamado pro Sport, Durval veio como mais um zagueiro. Na final do PE 2006, perdeu um pênalti na decisão contra o rival Santa Cruz. Mais uma vez poderia ser o vilão, mas o Sport conseguiu superar o tricolor e se sagrar campeão. Era o primeiro dos cinco títulos que viria a ganhar nas quatro temporadas que disputou pelo time pernambucano, sendo a maioria deles como capitão. Ou xerife, como gostavam de chamar os torcedores.
Após ser rebaixado em 2009 [mesmo com uma bela campanha na Libertadores], o Sport não tinha mais condições de segurar o jogador que, naquela época, sim, merecia ser convocado pelo bom futebol que apresentava. Foi para o Santos que naquele ano de 2010 se tornaria o time sensação do futebol brasileiro [parece só ter acabado este ano] e lá é titular desde então. No clube santista já foram três paulistas, uma Copa do Brasil e uma Libertadores [com direito a gol contra na final mais uma vez].
Apesar dessa enxurrada de títulos Durval sempre sofreu um certo preconceito por parte da mídia e torcedores em geral. Não se sabe se é pelo seu jeito tímido de falar sem que ninguém entenda nada ou simplesmente porque ele atua num time cheio de estrelas e não gosta de dançar. Alguns também o criticam pela atuação contra o Barcelona, quando foi improvisado pra jogar de lateral e marcar Messi. Tudo ao mesmo tempo. Somente.
Enfim, Durval é um zagueiro campeão. A quantidade de títulos prova isso. Desde que se destacou no Sport foram poucas as vezes que se machucou e leva a carreira a sério demais. Essa convocação se deve à falta de opção, afinal não será possível convocar os jogadores da ponta da tabela citados no início do texto. Está sendo motivo de piadas por muitos, já que ele realmente não rende um futebol digno da Super Seleção Brasileira. Mas acho justo considerar como uma homenagem a tudo que esse cara fez dentro de campo.
Durval não será o zagueiro da próxima Copa, nem do próximo torneio. Aliás, não deve ser nem nesse jogo. Mas vestir a amarelinha vai ser um presente ao xerifão. Atrasado, mas vai.
* Yuri Ribeiro escreve durante o dia para o blog Futebol de Bolso. À noite sai pra conhecer bares e falar sobre eles no blog Guia do Boêmio. Texto publicado no site: www.futeboldebolso.com.br.
Nota: O texto não reflete, necessariamente, a opinião do Blog do Torcedor