NA TRAVE - Messi mandou duas bolas na trave, uma delas em um pênalti
O Chelsea conseguiu o fim que desejava no duríssimo duelo contra o Barcelona: classificação. Os meios utilizados pela equipe inglesa para alcançar seu objetivo foram os mais apropriados na busca para seu objetivo. A determinação e a disciplina na marcação foram vistos como o único jeito de conter o Barcelona. Em contra-ataques precisos e até surpreendentes, conseguiu os gols que lhe deram a classificação. Mesmo em sua retranca total, tomou três gols e quatro bolas na trave juntando os dois jogos.
O Barcelona foi eliminado. E daí? Não deixou de ser o melhor do mundo por isso. Não é porque perdeu um título no principal campeonato de clubes do mundo -- seria o seu terceiro em quatro anos -- que seu modelo de pensar e jogar futebol perdeu a validade. O "fim" (título) não foi atingido, mas o "meio" continuam sendo o mais envolvente, o mais produtivo, os mais competente, os mais bonito.
Este Barça é histórico pelas características fundamentais de seu estilo de jogo -- pela paixão pela posse de bola, pelo toque de pé em pé, pela movimentação constante, pelos passes visionários, pelo drible como instrumento para definir, e também pela marcação forte no campo do adversário para retomar a bola e recomeçar isso tudo, com a mesma sede de gol. Em outras palavras, pelos meios como busca os seus fins.
São os resultados que fazem história, mas não só eles. Todas as grandes equipes do futebol mundial já tiveram fracassos em campo, mas numa avaliação mais extensa se mostrou mais vencedora e agregou mais valor ao futebol que as demais. O Santos "de Pelé" já teve senhores tombos. Na decisão da Taça Brasil de 1966, foram duas derrotas para o Cruzeiro, nos placares de 6 a 2 e 3 a 2. Nesse mesmo ano, na semifinal, perdeu de 5 a 3 do Náutico na Vila Belmiro, classificando-se numa partida extra.
No futebol, há sempre um perdedor, para cada vencedor. E parte da magia do Esporte-Rei é poder ver coadjuvantes desbancando protagonistas com frequência relativamente alta. O mérito é sempre relativo. O Chelsea e o Barcelona, cada um com a sua proposta, tiveram méritos para se classificar.
O futebol-arte, meio e fim na mentalidade azul-grená no presente, ficou pelo meio do caminho contra as retrancas da Inter de Mourinho e do Chelsea. Mas esse futebol-arte continua sendo o caminho mais agradável no Planeta Bola. O título de melhor futebol do mundo continua no Camp Nou.
Até o melhor pode melhorar
Entretanto, como se trata de um esporte de competição, e não só espetáculo, cabe ao Barcelona refletir sobre alternativas de jogo. Não se deve mudar o seu padrão e seu ritmo de jogo, dos mais envolventes da história, mas se pensar em variáveis, principalmente, para partidas decisivas. O Barça pode se fortalecer em alguns pontos que poderiam ter sido decisivos na partida de ontem, por exemplo. Os jogadores têm pouca física. Adversários fortes levam vantagem nesse quesito. As jogadas de bola aérea não são tão perigosas no ataque. Se houvesse um Ibrahimovic como opção para o ataque na partida de hoje, o Barça teria muito mais chances de vencer numa jogada por cima, por exemplo, algo que faltou. Outra coisa, é um time acostumado a fazer gol dentro da área, tem que aprender a chutar mais de fora da área, como quando Cech desviou com a ponta dos dedos a segunda bola de Messi que foi parar na trave.