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Petrogatas: metade futebol, metade mulher

Ramon Andrade
Ramon Andrade
Publicado em 08/03/2012 às 11:43

Por Milenna Gomes

Muitas mulheres acham futebol realmente entediante. Até tentam, de verdade, mas não há esforço que as façam enxergar propósito no jogo. Para elas, um dos grandes mistérios da existência humana é entender por qual motivo homens de shortinho, correndo dentro de um campo, atrás de uma bola, são tão atrativos para o público masculino. Um grupo de colegas de trabalho, no entanto, com sua pelada semanal, prova que o esporte não é só coisa de menino.


Tudo começou com um dos sempre divertidos campeonatos corporativos e seus atletas de fim de semana. Na reunião dos funcionários para bater uma bolinha, em 2007, algumas moças viram potencial no esporte e decidiram que todas as quartas-feiras continuariam a se exercitar. Para a maioria delas, é esse mesmo o objetivo com o jogo: espantar o sedentarismo e gastar energia.  No início eram, somente, as amigas da empresa. Depois, outro grupo de futebol feminino e interessadas se juntaram. Assim, o time cresceu. São, hoje, entre 20 e 25 craques no Petrogatas, com idades que vão dos 18 aos 38 anos.


Correr, gritar, suar, interagir com as companheiras de grupo e fazer gol ajudam na vida fora do campinho. Ana Paula Teixeira, 38, garante. "Desopila, tira o estresse, a gente se comunica com as pessoas e acaba amadurecendo", diz. Ana Paula e as amigas do futebol são raras. A tarefa de encontrar uma mulher que tenha o mesmo amor de um homem pela disputa com a bola é tarefa equivalente a marcar um gol olímpico. Elas existem, mas são minoria em relação ao número de integrantes do sexo oposto. É só olhar os estádios: um mar de cuecas para um laguinho de sutiã.


Pode parecer batido falar que a sociedade é machista e criadora de pessoas (homens e mulheres) condicionadas a pensar que futebol é coisa de macho, apenas. Contudo, é importante lembrar. Desde pequenos, são o meninos os incentivados a jogar pelada na rua, sobrando para as garotas "atividades de menina", como dança, balé, vôlei e handbal. Talvez seja por causa da brutalidade nas investidas, dos xingametos excessivos, da suposta masculinidade da coisa toda (como se o esporte pudesse intervir na preferência sexual). Parece burra, mas é a mais pura realidade no Brasil, país onde o futebol feminino é tão estimulado quanto ser lento em final de jogo que se está perdendo.


É por isso que Raquel Mattos,29, vai incentivar os filhos a participarem de esportes. Se as filhas quiserem futebol, sem problemas. Até porque, para a jogadora, a prática, realizada por mulheres, tem qualidades que as partidas masculinas nunca vão ter. Ela não joga de salto alto, mas maquiagem é fundamental para entrar em campo. Fora que, para ela, homem faz muito mais teatro do que as jogadoras. "Somos mais sinceras. Se não aconteceu nada demais, não saímos rolando pelo chão até que a outra seja penalizada", dispara. Mais certa não poderia estar, a teoria foi comprovada pelo estudo de uma universidade alemã.


O futebol feminino também é democrático. As jogadoras não se importam em receber homens para jogar, por isso maridos, irmãos e amigos sempre comparecem ao campo. "Eles são acostumados com o esporte desde pequenos, então têm mais dinâmica, técnica. Acabam nos ensinando bastante", conta Luciana Fialho, 28, também do Petrogatas. O contrário é mito. Aceitar mulheres no time para uma partida é quase uma afronta ao Clube do Bolinha. A desculpa sempre fica nos ossos frágeis das moças, na pele delicada e nas unhas bem feitas que eles podem quebrar. Mas, elas sabem, o preconceito ainda existe e os marmanjos (nem todos, não se pode generalizar) têm é medo de perder para qualquer mulher que não seja Marta.


 

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