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Carcará, pega mata e come
Carcará não vai morrer de fome
Carcará, mais coragem do que hôme
Carcará, pega mata e come
Carcará, lá no sertão
É um bicho que avôa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará, quando vê roça queimada
Sai voando e cantando, Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada
Os versos acima, da canção feita por João do Valle e José Cândido e popularizada pela interpretação de Nara Leão, falam desta ave da fauna brasileira que se tornou a mascote da equipe do Salgueiro. Às vésperas da estreia histórica na Série B do Campeonato Brasileiro, nesta sexta-feira contra o São Caetano, os jogadores da equipe pernambucana têm procurado se imbuir dessa mentalidade de predador. Algo que não se viu na campanha do Campeonato Pernambucano, irregular.
A verdade é que, desde a vitória história sobre o Paysandu na Curuzú garantir o acesso à Segundona em 17 de outubro e 2010, os jogadores do Salgueiro tem aguardado com ansiedade "O" momento. O início dessa competição que esse clube de apenas cinco anos nunca disputou.
O time do Salgueiro no dia do acesso à Série B, contra o Paysandu // Foto: Marcelo Seabra/Futuro Press
O goleiro Marcelo, um dos líderes da equipe e remanescente da campanha de 2010, admitiu em entrevista ao Blog do Torcedor que a expectativa para a Série B era tão grande que afetou o rendimento da equipe no Estadual, no qual não conseguiu se classificar para a semifinal. É como se o ano estivesse começando agora para o Carcará.
"A gente já superou o mau Pernambucano porque sabe que entrou numa competição pensando em outra. Às vezes a gente entrava nas partidas do campeonato pensando na Série B", disse o goleiro Marcelo.
Marcelo, um dos remanescentes da Série C, admitiu que o foco do ano sempre foi a Série B // Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem
Destacando a pegada e o entrosamento como características fortes desse time que mantém a base da campanha exitosa na Série C, o goleiro do Salgueiro sabe que agora, mais do que nunca, os jogadores precisam encarnar o instinto do carcará. E avisa que isso vai acontecer. "Quem vier jogar aqui [no Ademir Cunha, estádio da equipe, situado em Paulista] não vai encontrar uma coisa muito boa não. Não vai ter facilidade. Aqui dentro vai ter um time de guerreiros. Ou melhor, vai ser um time de carcarás.
E esse time de carcarás está praticamente definido para a partida contra o São Caetano, que abre a competição, nesta sexta-feira, às 21h. Embora mantenha a espinha dorsal da última temporada, terá no time titular seis jogadores contratados após o Campeonato Pernambucano para a Série B.
As caras novas entre os 11 serão o lateral-direito Marcos Tamandaré (ex-Sport e Santa Cruz e que estava no Macaé-RJ), o lateral-esquerdo Piauí (ex-Santa Cruz e Náutico), o zagueiro Alex Xavier (ex-Santa Cruz e que estava no Araripina), o volante Diego Paulista (ex-Figueirense), o meia Robertinho e o atacante Fernando — esses dois disputaram o Campeonato Pernambucano pelo Petrolina.
Atacante Fágner é um dos principais jogadores do Salgueiro desde a temporada passada // Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem
Os demais titulares, que já estavam no grupo, são o goleiro Marcelo, o zagueiro Alemão, os volantes Josa e Edu Chiquita e o atacante Fágner. Outro jogador que costumava ser titular, o meia Clébson, está vetado desta partida por ainda se recuperar de uma contratura muscular e deve estar apto na segunda rodada.
Outros contratados para a disputa da competição foram: o volante Mateus, os meias Rogerinho e Juninho Cearense (este estava no Uberaba), o atacante o Fumaça (vindo do Tombense-MG), o goleiro Romero (Petrolina-PE), os zagueiros Alexandre (Figueirense) e Gustavo (Ponte Preta) e o lateral-esquerdo Tiago Baroni (Ypiranga-RS).
Veja a charge do Carcará, mascote do Salgueiro, por Miguel Falcão, do Jornal do Commercio:
ENTREVISTA: MARCELO
Confira abaixo a entrevista do Blog do Torcedor com o goleiro Marcelo.
Blog do Torcedor - O Salgueiro está se preparando para a Série B há algumas semanas. Como o grupo se sente para disputar essa competição inédita para o clube?
Marcelo - Bem, a gente está se preparando o máximo, a perspectiva é de uma boa estreia, a gente tem o frio na barriga, mas eu já joguei a Série B e sei como é. O time está fechado, vamos fazer um grupo de guerreiros, como na Série C. Temos trabalhado o máximo para fazer o máximo de pontos em casa.
Blog - No Campeonato Pernambucano, esperava-se um rendimento melhor do Salgueiro, que ficou fora da semifinal. O grupo já superou esse mau começo de temporada?
Marcelo - A gente superou isso porque entrou numa competição pensando em outra. Às vezes a gente entrava no campeonato pensando na Série B. E num campeonato a gente tem sempre que pensar jogo por jogo, então dificultou. O objetivo não veio no Pernambucano, mas eu tenho certeza que no Brasileiro vamos alcançar.
Blog - E qual é esse objetivo?
Marcelo - O objetivo no Brasileiro é primeiro garantir que o clube permaneça onde está. Não seja rebaixado. Mas a gente pensa em subir também. A gente pensa em subir; na pior das hipóteses, permanecer.
Blog - A equipe tem trabalhado com que esquema tático?
Marcelo - 4-4-2
Blog - Qual é a característica mais forte desse time?
Marcelo - A pegada e o entrosamento do clube, que vai ajudar também. A gente está trabalhando há bastante tempo. O grupo que subiu para a Série B continua em grande parte. Mas o grupo está fechado porque todo mundo se conhece. Tem jogadores que têm entrosamento e amizade. Isso é muito importante.
Blog - Sobre os reforços, quem tem chamado mais atenção?
Marcelo - A gente tem o Piauí, o Fernando, a gente está fazendo a formação melhor possível para ter uma boa organização taticamente dentro de campo, pode ter certeza.
Blog - Como tem sido a adaptação do Salgueiro à cidade de Paulista. O grupo está à vontade nessa nova casa?
Marcelo - Estamos aqui já faz duas semanas. A adaptação está boa. Aqui a gente está numa pousada que a diretoria arrendou só para o clube, com alimentação boa, hospedagem, tudo adequado para um time de futebol. A gente tem que fazer a nossa função dentro de campo.
Blog - Você falou que já jogou na Série B. Como foi essa experiência?
Marcelo - Joguei pelo Ceará já, passei três anos lá. A gente sabe que é difícil. Todo campeonato é difícil, mas a Série B é diferenciada pela qualidade técnica dos jogadores e dos clubes. E tem times com grandeza de primeira divisão também.
Blog - Falando em outras temporadas, o ASA e o Icasa, que também são de cidades interioranas do Nordeste, tiveram boas participações em 2010. São exemplos para o Salgueiro?
Marcelo - Com certeza. Um espelho, a gente tem que se espelhar neles. Fora de campo eles estavam cogitados para cair, mas foram dois clubes que se saíram bem. A gente tem que frisar o que foi de bom que eles fizeram para que a gente possa pelo menos deixar o time onde ele está, que é na Série B.
Blog - O que o São Caetano pode esperar do Salgueiro na estreia nesta sexta?
Marcelo - Eles não vão encontrar uma coisa muito boa aqui (no estádio Ademir Cunha), não. Não vai ter facilidade. Aqui dentro vai ter um time de guerreiros. Vai ser um time de carcarás.
Blog - Que mensagem você, como um dos líderes do grupo, passaria sobre o Salgueiro e o que a equipe pode fazer nessa Série B?
Marcelo - Acho que agora é o momento do Salgueiro. O Salgueiro é a bola da vez. E a gente tem a perspectiva de colocar o nome do Salgueiro dentro do cenário brasileiro. É uma cidade pequena, um clube com cinco anos de fundação, e a gente colocou ele numa Série B, a gente está entre os 40 melhores clubes do Brasil. A perspectiva é para a gente fazer um bom campeonato.
