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Biografia de Adelmar da Costa Carvalho será lançada na Ilha

Ramon Andrade
Ramon Andrade
Publicado em 18/10/2010 às 8:35

Por Fabiana Freire Pepeu

Do Jornal do Commercio

O Sport Club do Recife volta os seus olhos, nesta segunda-feira, para um dos seus melhores presidentes: Adelmar da Costa Carvalho. Foi ele quem, nos anos 1950, deixou uma das boas vitórias para os rubro-negros, quando remodelou o estádio que leva o seu nome. Esta é uma das peças de um vasto quebra-cabeça biográfico presente em O homem da casa-navio: Adelmar da Costa Carvalho, história de uma época, de autoria de Vera Lúcia Japiassu Cezário de Melo e coautoria de Eliane Souto Carvalho.

O lançamento do livro ocorre das 17h às 21h, na sede do Sport. Na ocasião, também será divulgado o livro Palavra e ação, que reúne artigos de autoria de Adelmar, publicados entre 1961 e 1966. Se ter tido o estádio batizado com seu nome foi um dos feitos mais conhecidos – ao lado da construção de uma casa em forma de navio – a isto se soma uma série de outros, a ser revelada agora, graças a um incansável trabalho de pesquisa feito por Eliane, segunda filha de Adelmar e procuradora regional do trabalho aposentada.

Antes de começar toda essa empreitada, ela queria apenas saber a data de construção da chamada casa-navio – edificação inspirada nas linhas do transatlântico Queen Elizabeth, inaugurada na praia de Boa Viagem, em 6 de fevereiro de 1946 – que acabou virando cartão-postal do Recife, vindo a ser demolida em 1981.

O fato é que uma leitura, aqui, foi puxando uma pesquisa, ali e, assim, lá se foram mais de dois anos de total dedicação à tarefa de reconstrução da trajetória do desportista, empresário e político pernambucano, que, entre os anos 1940 e 1950 do século passado, povoou com um ideário à frente de seu tempo, o empreendedorismo pernambucano.

“Parei todas as minhas atividades para me dedicar a esse projeto. Durante muitos meses, fui diariamente, das 8h às 17h30, à Fundação Joaquim Nabuco e, depois, ao Arquivo Público”, diz a disciplinada Eliane, que veio a conhecer com mais profundidade o seu pai por meio de pesquisas e notícias de jornal.

“Ele era muito silente em casa e não contava muito sobre as suas atividades. Eu tinha uma admiração profunda por ele, mas não o conhecia tanto. No começo da minha pesquisa, tinha apenas o meu coração e a vontade de homenageá-lo. Mas a cada descoberta, uma nova galhardia. Isso ocorreu, por exemplo, quando li o artigo intitulado O sentimento da bondade. Aquilo me tocou muito pelo seu modo conciliador”, ressalta. No artigo, publicado em 1962, Adelmar defendia as diversas maneiras de praticar o bem e dizia que, mesmo na mais humilde criatura, pode haver “uma fortuna de bondade”.

Foi também por meio de suas leituras, mas muito mais pelo exemplo vivo em casa, que a procuradora aposentada percebeu ter sido o pai um verdadeiro democrata. Segundo ela, um episódio ocorrido, quando já tinha completado 18 anos, ilustra a afirmação. “Ele era candidato a deputado (Adelmar foi deputado federal por quatro legislaturas), mas disse em casa que nós não éramos obrigados a votar nele. Deveríamos votar apenas se achássemos que ele merecia nosso voto”.

VIDA E OBRA Com 19 capítulos, nove anexos – entre os quais um detalhado álbum de fotografias – O homem da casa-navio tem 368 páginas, apresentação do escritor Ariano Suassuna e prefácio de Ricardo Brennand. O livro conta a história do fundador da Carvalho & Cia, que veio a se chamar depois Carvalho S.A – Organização Comercial e Importadora, distribuidora exclusiva da Kaiser-Frazer Export Corporation. Foi o empresário pernambucano quem trouxe, para o Brasil, os primeiros automóveis Frazer Manhattan em 1947 e os Kaiser Manhattan - Executive Green, em 1949.

Foi também Adelmar o responsável pela importação de todo o carvão de pedra necessário à manutenção dos fornos da Cerâmica São João da Várzea. O carvão era “originário do porto de Cardiff (País de Gales) e transportado para o Recife, ficando armazenado no Pina, de onde era retirado ao longo dos 12 meses seguintes”, conforme se lê no prefácio da obra.

E não apenas isso. O empresário apoiou a Juventude Musical Brasileira, pagou o douramento do teto do Teatro de Santa Isabel, foi responsável pela criação e manutenção da Clínica de Câncer – hoje conhecida como Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP) – , e, em 1940, construiu o Edifício Almare, na Avenida Guararapes. A obra, concluída em apenas dois anos, foi um marco da engenharia da época, tendo sido considerada por muitos anos como o edifício mais bonito da cidade, naqueles tempos marcados, pelas chamadas obras e construções modernizadoras das cidades brasileiras.

Estruturado a partir de uma boa contextualização de época, o livro possibilita, para além de fazer uma homenagem ao ilustre pernambucano, uma longa aula de história sobre o Recife dos anos 1940,1950, e mais.

» Lançamento dos livros O homem da casa-navio e Palavra e ação. No Sport Clube do Recife (Avenida Sport Clube do Recife, s/n, Madalena), das 17h às 21h. Preço: R$ 50. Parte da renda será destinada ao HCP.

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