Cena do documentário Futebol Brasileiro
Há quem questione se o Brasil é realmente o País do Futebol.
O questionamento se baseia, muitas vezes, no fato do Brasil não ter tantos clubes de futebol em relação a Europa. Em outros casos, o arugmento é a desorganização das federações que estão à frente das competições estaduais e nacionais.
Mas para a diretora japonesa Miki Kuertani não povo mais apaixonado pelo futebol do que os brasileiros.
"Há alguns anos atrás viajei do Japão para o Brasil. Muitas coisas ficaram em minha cabeça, mas voltei ao Japão com uma certeza: de alguma forma os brasileiros tinham o segredo de como desfrutar a vida. Como eu pensava em realizar um filme que falasse sobre o modo de viver do brasileiro, decidi dirigir o foco no futebol, a grande paixão brasileira", explicou Miki.
Foi aí que surgiu a ideia de realizar o filme Futebol brasileiro, que foi apresentado, em outubro, na 33 ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
O filme tem o intuito de revelar a paixão avassaladora do brasileiro pelo esporte e o contou com a participação de figuras ilustres, como omo Sócrates, Pepe, Lima, Coutinho , o antropólogo Roberto DaMatta, o músico Osvaldinho Da Cuica e o jornalista Armando Nogueira.
Após a apresentação, Miki continua no Brasil para cuidar da divulgação do filme e de viabilizar o lançamento do seu trabalho em DVD.
A diretora conversou, por telefone, com o Blog do Torcedor.
Contamos com a colaboração do produtor executivo do filme, Edu Sallouti, que fez a tradução e complementou algumas respostas.
Blog do Torcedor - De onde vem sua paixao por futebol?
Mikki - Sempre gostei de música brasileira. Fiz uma viagem ao Brasil e, por onde, eu ia, via alguém jogando futebol. No Japão não tem isso. Fiquei realmente impressionada.
BT - Como foi o trabalho de produção. Você viajou o brasil inteiro? Quanto tempo de trabalho?
Mikki - A parte mais interessante foi quando surgiu a ideia há três anos, no Japão. Passamos três meses pesquisando no Japão, conversando com os brasileiros. Como não tinha como pegar todas as informações, viemos para o Brasil. Fomos atrás de jornalistas, jogadores, empresários. Foram mais três meses de pesquisas. 38 diárias de filmagens. Passamos por São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Niterói, Lençõis Maranhenses. Tivemos mais um ano de edição de todo o trabalho.
BT - Existem poucos filmes que falam sobre futebol, especialmente aqui no Brasil. O seu trabalho vem para preencher uma lacuna ou de impulsionar a criação de outros trabalhos?
Mikki - Preenchemos uma lacuna de algo que não era exposto no futebol. Existem documentários sobre as estrelas, sobre a técnica. Mas não existia até então um documentário sobre o sentimento, sobre o envolvimento das pessoas. É algo inusitado. É o amor ao futebol.
BT - Qual foi a receptividade do público paulista em relação ao filme na Mostra Internacional de São Paulo?
Mikki - Gostei da receptividade pelas perguntas que fizeram sobre mim e o filme. O filme já rodou o mundo. Estou muito feliz porque as pessoas nunca viram um filme sobre futebol dessa forma.
BT - Qual filme sobre futebol que você mais gostou?
Mikki - Bent it like Beckham. É um filme inglês sobre uma menina que joga futebol, é indiana, e se inspira no Beckham e sofre preconceito.
BT - Futebol brasileiro vai ser exibido nos cinemas do Brasil. Como anda esse trabalho de divulgação?
Mikki - Filmes documentários sobre futebol não se dão bem em circuito comercial. O filme sobre Pelé (Pelé eterno) foi um exemplo. Fiasco nas bilheterias de cinema, mas um sucesso nas vendas de DVD. A gente já apresentou este filme em diversos países, como País do Gales, Inglaterra, Itália, Estados Unidos. Estamos esperando respostas de outros festivais, que não querem o lançamento comercial. Pensamos em lançar nos cinemas de alguns países e em DVD, no Brasil, até o final do próximo ano.
BT - Você fez o filme com a intenção de explicar a paixão do brasileiro pelo futebol. Qual a conclusão que vc chegou ao final do trabalho?
O Brasil é um país apaixonado e apaixonante. O brasileiro tem muito a oferecer ao mundo, mas não sabe disso. Precisa ter confiança em seu poder na sua cultura. Quem assistir ao filme, vai entender do que estou falando.
Confira o trailler do filme: