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Entrevista com Guilherme Beltrão

Ramon Andrade
Ramon Andrade
Publicado em 15/08/2009 às 13:43

Desde que assumiu o cargo de vice-presidente de futebol do Sport, em 2008, Guilherme Beltrão nunca foi unanimidade entre os rubro-negros. Pelo contrário. Ouviu mais críticas do que elogios dos torcedores. Tranquilo, não se abateu. Continuou trabalhando e ajudou o clube a conquistar títulos. Mas, após uma má campanha da equipe no Brasileirão, boatos de mal relacionamento dos jogadores e pressão de opositores, Beltrão deixou o clube. Nesta entrevista, ele faz uma análise do momento em que atravessa o clube e diz ter confiança numa reviravolta do time na competição.

Blog do Torcedor - Nos dias que anteceram sua saída, surgiu a notícia que todos os dirigentes teriam pedido demissão, mas o senhor não teria cedido. Enfim, senhor pediu demissão ou foi demitido?

Guilherme Beltrão - Não pedi demissão por um motivo muito simples. Se estívessemos atravessando um bom momento, não teria problema para entregar o cargo, pois o presidente já demonstrou interesse em mudar porque estava sofrendo pressão de pessoas que não conseguem ficar fora do Sport. Como o momento é ruim, disse que não pediria demissão para não ganhar a fama de covarde, inclusive perante aos atletas. Isso seria abandonar o grupo.


BT - Mas porque existe tanta pressão no Sport?


GB - Porque essas pessoas que não conseguem se eleger querem voltar ao clube de todo jeito.  Isso é histórico.  Em 86, Homero Lacerda ganhou uma eleição diante de uma oposição dura. Em 2001, o presidente Luciano Bivar, que detinha a maior quantidade de títulos - pentacampeão pernambucano, vice-campeão da  Copa do Brasil, vice da Copa dos Campeões, campeão da Série B em 90 -  ganhou uma eleição com a grande maioria dos votos. E logo na primeira  partida da sua gestão, começou uma manifestação para sua saída. Uma manifestação nunca vista antes e injusta, pois o presidente tinha se doado ao Sport e tinha feito um aporte financeiro ao clube. Por isso, teve que renunciar. Em  2004, quando o Sport estava na lona, foram buscar ele em casa para o ano do centenário. Em 2006, foi feita uma reformulação e a vinda de Homero Lacerda blindou o grupo de futebol. Ainda tivemos a presença de Gustavo Dubeux, uma nova liderança. Portanto, a pressão vem do medo que essas pessoas que ocupam cargos há mais de 20 anos têm da renovação. Isso atrapalha de qualquer gestão. Elas ocupam espaços na mídia nos piores momentos.


BT - O senhor se sente culpado pela má campanha do time?


GB - Claro que me sinto. Se fui o vice de futebol, tenho minha parcela de culpa. Mas a falta de recursos atrapalhou um investimento maior para o Brasileiro.

BT - Você acha que a boa participação na Libertadores disfarçou as deficiências da equipe?

GB - São duas competições diferentes. Se você colocar o Estudiantes na disputa do Brasileirão, garanto que o time campeão da Libertadores não ficaria entre os dez primeiros. Isso porque o Estudiantes se limitou a Verón e à catimba, algo fundamental na competição.  Não nos enganamos. O time precisava reforçar, mas tínhamos limitações financeiras e falta de jogadores qualificados no mercado. E continua faltando. 


BT - Por que o sport está tão mal?


GB - O problema está no inicio do ano. Não fizemos uma pré-temporada ideal. Foi uma semana de preparação para o Estadual. A preparação física estoura no meio do ano. Qualquer equipe no mundo precisa de, pelo menos, 20 dias de pré-temporada.  O Sport está desgastado. Aí vem o lado psicológico. A ansiedade de ganhar o jogo faz o time perder a confiança. O Sport precisa  da confiança da torcida para reverter a situação.

BT - O senhor foi o principal responsável pela contratação de Nelsinho Batista pelo Sport. Mas, na saída do treinador, o senhor quase não falou. Nem o defendeu... Houve alguma briga, desgaste?

GB - Houve um desgaste natural. E o principal ponto do desgaste foram as contratações que sempre foram feitas pela diretoria com o aval dele. No DVD oficial da Copa do Brasil, Nelsinho enaltece a diretoria. Ele reconhece que o nosso trabalho foi fundamental para a conquista. Até a campanha da Libertadores, ele nunca questionou as contratações. Nelsinho indicou e tentou de tudo pela contratação de Fernando, volante que jogou pelo Goiás no ano passado. Enquanto a diretoria queria Daniel Paulista e Hamilton. Isso causou um desgaste enorme.Ele disse que não indicou Paulo Baier. Mas Baier foi contratado na mesa da presidência, com a presença do então presidente Milton Bivar,. O empresário do jogador, Elias Lacour, ofereceu ao gerente Adelson Wanderley. Nós ligamos para Nelsinho, que estava de férias, que disse: "quero o jogador, até porque ele tem experiência em Libertadores". Isso é tão verdade que Baier era titular absoluto no time. Até de ala direito ele jogo no clássico contra o Santa Cruz. Ele jogou mal e Nelsinho optou pela saída de Fumagalli e entrada de Moacir, trazendo Baier para o meio. Mesmo com o desgaste, considero Nelsinho como o melhor treinador que já passou pelo clube nos últimos dez anos. Só o comparo a Leão, que esteve brilhante em 87 e 2000.


BT - E essa história do seu mau relacionamento com o grupo?


GB - Desconheço essa história. Sempre fui justo com o elenco. Sempre fui o elo das reinvidicações dos atletas com a presidência. Num grupo de 26 ou 28 atletas, claro que alguns não simpatizam. Mas, com a grande maioria, o relacionamento foi muito bom.

BT - Por que a passagem de Leão deu errada?

GB - Foi um nome que todo torcedor queria que voltasse ao clube. Acho que ele teve um trauma com a morte do irmão e isso atrapalhou. Ele estava muito impaciente, cometeu uma grosseria com Álvaro Figueira e, por isso, foi demitido.


BT - Como o senhor avalia a sua passagem pelo clube?


GB - Foi muito boa. Milton Bivar me deu a oportunidade, acreditou em mim. Isso foi muito importante. E a responsabilidade foi enorme para substituir  Homero Lacerda. Foi vista com muita desconfiança, pois eu não era experiente. Mas foi uma passagem muito boa, afinal, o clube conquistou títulos durante minha passagem. Além da boa campanha na Libertadores. Mas quero dizer que não é a pessoa Guilherme. É o conjunto, que inclui diretoria, jogadores, treinadores e torcida.


BT - O senhor se sente magoado com presidente Silvio Guimarães?


GB - De maneira alguma. O presidente fez isso de coração partido. Meu apoio ao presidente é irrestrito. Peço a torcida que jogue com o time, apoie Silvio Guimarães e ao novo dirigente, Augusto Carreras, porque senão, não haverá uma renovação. O torcedor que tiver sonhando em ser dirigente, tem que começar anonimamente. Isso é muito salutar.


BT - Pensa em voltar ao clube?


GB - Não penso em voltar. A minha contribuição ao Sport se encerra. Agora, estarei ao lado do presidente Silvio informalmente para todo apoio que ele precisar. E também estarei torcendo por nossa recuperação. Tudo para o Sport é  difícil, mas vamos conseguir nos superar. Quero aproveitar a oportunidade dessa entrevista para agradecer a Gustavo Dubeux, que foi o dirigente que me levou ao clube. Ele é um dos maiores rubro-negros que eu conheço, pois ajuda o Sport independente de cargos. E sem esquecer a Silvio Guimarães, Milton Bivar, Homero Lacerda e aos ex-companheiros de diretoria.

Confira entrevista concedida pelo dirigente ao site Meu Sport.com

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