TikTok reforça controle parental sobre o tempo de uso por menores na plataforma
Veja o que especialista fala sobre o uso excessivo de telas e como nova funcionalidade reforça importância do monitoramento pelos pais e responsáveis

A rede social TikTok, de propriedade do grupo chinês ByteDance, anunciou que permitirá aos pais na União Europeia limitarem o tempo que os adolescentes passam no aplicativo, na última terça-feira (11).
Esta nova funcionalidade oferece aos pais a possibilidade de impor um intervalo ou limite de tempo diário aos filhos adolescentes diretamente de suas contas, através do modo chamado "conexão familiar".
A neuropsicóloga e especialista em intervenções clínicas na infância e adolescência, Giedra Marinho, falou sobre a importância da nova diretriz para a redução do uso de telas entre crianças e adolescentes.
"Essa determinação no TikTok deveria se espalhar para o mundo inteiro. Eu lido com crianças pequenas, autistas e não autistas e a família simplesmente não consegue gerenciar as crises da criança, não consegue gerenciar o tédio da criança" explicou a psicóloga, Giedra, especialista em análise do comportamento aplicada (aba) e mestre em educação para o ensino e saúde.
Nova função
A nova função da rede de entretenimento é semelhante à disponível no Instagram, concorrente da americana Meta, que há vários meses oferece a funcionalidade 'tempo de tela'. Esse recurso bloqueia temporariamente o acesso ao aplicativo para adolescentes de 13 a 17 anos e só pode ser desativado por um adulto.
Nas próximas semanas, o aplicativo, que afirma ter mais de 175 milhões de usuários mensais na UE, também permitirá que os pais vejam quem seus filhos adolescentes seguem no TikTok e quem os segue de volta, além das contas que eles bloquearam.
A rede social também lançará o recurso "Meditação" para menores de 16 anos. A partir das 22h, o aplicativo pausará as atividades para sugerir exercícios de relaxamento com música suave, recurso que poderá ser desativado.
Na França, onde o TikTok tem mais de 25 milhões de usuários mensais, a Assembleia Nacional deve decidir esta semana se criará uma comissão para investigar os efeitos psicológicos do aplicativo em menores.
O grupo afirma empregar mais de 500 moderadores que falam francês e mais de 6.000 para outros idiomas europeus. "É mais do que todas as outras plataformas juntas", disse um porta-voz do TikTok em uma reunião com jornalistas em Paris.
Ele também indicou que, entre julho e setembro de 2024, a moderação na plataforma permitiu a eliminação de mais de 24 milhões de contas em todo o mundo suspeitas de serem gerenciadas por menores de 13 anos, idade mínima para usar o aplicativo.
Além disso, mais de 95% do conteúdo removido pela moderação é excluído em 24 horas, e quase 90% dos vídeos são removidos antes de qualquer visualização, observou o TikTok.
Uso excessivo de telas
A medida não alcança o Brasil e a especialista Giedra Marinho explica que o uso excessivo pode gerar danos ao desenvolvimento das crianças e adolescentes que consomem sem fiscalização.
"É importante falar que o uso adequado de tela...o uso de computador, o uso de jogos, quando feito adequado, é até uma estimulação cognitiva. Estimula alguns processos e funções psicológicas superiores como atenção, concentração, memória. Então, o uso adequado pode ser de grande valia", explica Giedra.
A neuropsicóloga também explica que existe uma Classificação Internacional de Doenças (Cid) para aqueles que fazem uso excessivo de telas.
"A nomofobia é uma doença, a gente chama até de síndrome da dependência tecnológica que é o excesso de tela. A gente tem criança, adolescente e adultos que estão viciados na tela", explica Giedra.
A psicóloga também explicou que é possível identificar sinais em crianças que não mantêm uma relação saudável com as telas. "A criança se isola e deixa de participar de interações sociais, seja com amigos ou na escola, para passar quatro, cinco, seis horas – ou até mais – diante de uma tela."
A situação se agrava quando não há supervisão de um adulto, pois a criança pode acessar canais e espaços na internet que oferecem todo tipo de conteúdo, inclusive inapropriado.
Idade adequada e recomendações
Por fim, a especialista deu algumas recomendações sobre o tempo de uso:
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Até os 2 anos de idade, o ideal é evitar a exposição às telas. "Nessa fase, é recomendável que a criança não tenha contato com telas, pois seu cérebro ainda está em formação, com diversas estruturas em processo de amadurecimento, incluindo cognição e emoção."
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Entre 2 e 5 anos, o tempo de tela deve ser de, no máximo, 1 hora por dia, sempre com supervisão de um adulto.
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Dos 6 aos 10 anos, o limite recomendado é de até 2 horas diárias, também sob supervisão. "O ideal é que esse tempo seja distribuído em intervalos, como a cada 30 ou 40 minutos, ou de hora em hora, dependendo da dinâmica de cada família."
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Dos 11 aos 18 anos, o tempo de tela recomendado é de até 3 horas por dia. "Nessa idade, os responsáveis podem estabelecer pequenos acordos, como permitir o uso das telas após o cumprimento das tarefas de casa ou da organização do quarto. Isso ajuda a equilibrar o tempo de tela, especialmente na adolescência, uma fase em que o controle tende a ser mais desafiador."