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Após fim de federação com PSDB, presidente estadual do Cidadania defende novo grupo para 2026

Cidadania aprovou por unanimidade o fim da federação com o PSDB, mas separação só acontecerá em maio de 2026 para evitando punições

Cadastrado por

Rodrigo Fernandes

Publicado em 17/03/2025 às 12:58
Presidente estadual do Cidadania, João Freire defende nova composição partidária para 2026 - Arquivo pessoal

Confirmando rumores que circulavam há semanas, o diretório nacional do Cidadania aprovou, no último domingo (16), o fim da federação com o PSDB, com quem estava unido desde maio de 2022.

A separação, contudo, será concretizada apenas em maio de 2026, já que a legislação exige pelo menos quatro anos de união antes de um rompimento. Caso contrário, o partido pode ficar impedido de fazer novas federações e sofrer bloqueios no fundo partidário.

O fim da aliança se deu porque membros do Cidadania se sentiam desprestigiados e sem poder de decisão nas negociações do grupo, já que o PSDB detém maior controle da legenda, conforme a negociação da própria federação.

“A federação é passado. Vamos em frente, retomando o protagonismo de nossa identidade, que deve apontar para onde o Cidadania pretende caminhar”, disse o presidente nacional da legenda, Comte Bittencourt.

Vários diretórios estaduais, inclusive o pernambucano, afirmaram que o desejo do partido é iniciar negociações com outras legendas com vistas em 2026, seja para iniciar uma nova federação, ampliar a composição atual ou até mesmo para disputar o pleito sozinho.

O presidente do diretório pernambucano do partido, João Freire, acredita que o Cidadania não terá força suficiente para disputar uma eleição sozinho, por isso defende a criação de uma federação mais robusta, que pode até mesmo incluir o próprio PSDB, de quem a sigla está se desvinculando agora.

Segundo ele, o presidente nacional da legenda tem conversado com o PDT, Solidariedade e PSD.

Uma nova reunião será realizada pela direção nacional para definir se o partido, de fato, se unirá a outra legenda ou se seguirá sozinho. A nacional também definirá se apoiará Lula ou outra candidatura na próxima eleição presidencial.

“O diretório em Pernambuco é contra seguir sozinho. O partido acaba dessa forma. Quando houver os trâmites da federação  para se desfazer, vamos retomar a conversa, inclusive com o PSDB, mas buscando outra composição, com mais partidos”, falou Freire ao JC.

O dirigente estadual também entende que a melhor solução para a disputa presidencial de 2026 é fugir da polarização entre Lula e Bolsonaro. O dirigente estadual defende que o partido apoie uma terceira via.


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Cidadania em Pernambuco

No cenário estadual, o Cidadania era representado até poucos dias atrás pela vice-governadora Priscila Krause. Na semana passada, ela deixou a sigla e migrou para o PSDB.

A governadora Raquel Lyra, que integrava o PSDB, da mesma federação, deixou o grupo e foi para o PSD de Gilberto Kassab. A ida de Priscila, portanto, é vista como uma forma de o Executivo manter presença e representação dentro da federação.

Além do Executivo, o Cidadania não tem deputado federal, estadual ou prefeitos, somente vereadores.

João Freire afirmou que o partido terá uma chapa disputando uma vaga na Câmara Federal em 2026. O último representante da sigla no Congresso, vale lembrar, foi Daniel Coelho, que ficou no Legislativo até 2023. Há pouco mais de um ano, ele migrou para o PSD para disputar a prefeitura do Recife.

Em relação à saída de Priscila Krause do partido, ele afirmou que o processo de desligamento foi feito de forma consensual.

“Foi uma boa estratégia, foi combinado. Precisava que Priscila ocupasse um espaço no PSDB com a saída de Raquel, foi uma importante combinação. Eu comuniquei à nacional do partido as razões dela, e ela segue como presidente da federação”, declarou João Freire.

A situação do PSDB

O PSDB, do outro lado da moeda, também já iniciou tratativas com outros partidos para o período pós-federação. Há articulações da direção nacional com o PSD, Solidariedade e Podemos — este último vem ganhando força para uma possível fusão.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, vice-presidente da legenda tucana, afirmou ao JC na última semana que é “fundamental para o PSDB” se associar a outras forças políticas para ter força e relevância no cenário político.

No diretório local, a briga agora é pela presidência do partido. Enquanto o governo estadual trabalha para que Priscila Krause conquiste o posto e mantenha a sigla na base governista, a oposição vem trabalhando para que o cargo fique com o deputado estadual Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Porto e Raquel Lyra tiveram vários embates desde que a governadora iniciou a gestão estadual, ainda que fossem correligionários. Com forte aproximação com o prefeito do Recife João Campos, possível adversário de Raquel na disputa pelo governo em 2026, ele poderia levar o partido para a oposição, o que a governadora pretende impedir.

A decisão está nas mãos do ex-deputado Bruno Araújo, que recebeu do presidente nacional da sigla a incumbência de definir a nova direção estadual.

Em relação ao fim da federação, nomes do PSDB local vêm afirmando que a mudança não vai interferir no diretório estadual, uma vez que na eleição de 2022 o Cidadania praticamente não formou chapas.

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