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Jair Bolsonaro reúne apoiadores em Copacabana, pede anistia do 8 de janeiro e fala em eleições: 'não derrotarão o bolsonarismo'

Pastor Silas Malafaia, organizador do evento, chamou o ministro do STF Alexandre de Moraes de criminoso. Pernambucanos acompanharam o ato.

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Rodrigo Fernandes

Publicado em 16/03/2025 às 13:20
Jair Bolsonaro discursa em trio elétrico durante ato em Copacabana - Reprodução/YouTube Silas Malafaia

O evento convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu milhares de apoiadores na Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro, neste domingo (16). O ato contou com a participação de governadores, senadores, deputados federais e estaduais para pedir anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.

Embora tenha reunido uma quantidade elevada de militantes, as imagens mostram que a adesão foi menor do que em outros atos realizados anteriormente pelo ex-presidente na mesma avenida. O público compareceu vestindo as tradicionais camisas verde e amarelo e também seguravam bandeiras do Brasil, dos Estados Unidos e de Israel. 

Estavam presentes no trio elétrico os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); o de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos); o de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); e o do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil).

Também estavam no alto do trio os senadores Flávio Bolsonaro e Magno Malta, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o pastor Silas Malafaia, organizador do evento. Entre os pernambucanos presentes estavam o ex-ministro Gilson Machado, os deputados federais Pastor Eurico e Coronel Meira, o estadual Abimael Santos e o vereador do Recife Gilson Filho, todos do PL.

Uma das presenças que chamou a atenção do a do presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, que recebeu liberação da Justiça na última semana para voltar a se comunicar com Jair Bolsonaro. Em seu discurso, Valdemar disse que o evento "mostrou a força do país" e que o povo brasileiro fez o PL "o maior partido do Brasil".

"Tenho fé que Bolsonaro será candidato à presidência da República", declarou Valdemar Costa Neto.

Ato de Bolsonaro reuniu milhares de apoiadores em Copacabana - Reprodução/YouTube Silas Malafaia

Discursos repetiram pedidos anteriores 

Em quase todos os discursos, os aliados de Bolsonaro citaram o nome de Clériston Pereira da Silva, o Clezão, que estava preso por participar do 8 de janeiro e morreu no complexo da Papuda em dezembro de 2023. A família dele estava no evento, apareceu no trio elétrico em diversos momentos e foi usada como exemplo para pedir a anistia aos presos pelos atos.

O deputado federal Nikolas Ferreira foi um dos que citaram Clezão. Ele afirmou que Bolsonaro "salvou o país do comunismo" e disse que "não estava ali para comemorar, mas sim para lutar".

"Lutar pelo que o STF fez com a vida do Clezão. Roubaram a oportunidade de a filha lhe mostrar o neto. Estamos aqui hoje porque o STF, na figura de Alexandre de Moraes, que não teve voto de nenhum cidadão brasileiro, tem decidido a vida das pessoas. O Clezão infelizmente é irreversível, mas existem hoje pessoas que estão perdendo esses momentos", declarou o parlamentar, ovacionado.

O governador Tarcísio de Freitas, tido como possível sucessor de Bolsonaro, atacou o governo Lula e disse que o ex-presidente "é o líder que o Brasil precisa". Já Flávio Bolsonaro bradou que o Brasil precisa acabar com o "alexandrismo", numa referência ao ministro Alexandre de Moraes. 

Malafaia chamou Moraes de Criminoso

Organizador do evento, o pastor Silas Malafaia discursou antes de Jair Bolsonaro e fez um ataque direto ao ministro Alexandre de Moraes.

"O ministro Alexandre de Moraes é um criminoso. Quando você faz uma acusação desse nível você tem que provar. Há quase seis anos, ele passou a presidir o inquérito de fake News. Esse inquérito é ilegal e imoral porque não tem a participação do Ministério Público. A partir desse inquérito, Alexandre de Moraes estabelece o crime de opinião. Como num estado democrático de direito você tem um crime de opinião? Ele rasga a liberdade de expressão e estabelece a censura", disparou Malafaia.

Ele acrescentou que Moraes não poderia presidir o inquérito da tentativa de golpe de Estado "porque ele é vítima". Silas Malafaia se referia à investigação que apontava o plano de assassinar autoridades, como Lula, Geraldo Alckmin e o próprio Moraes.

O líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo também acusou Moraes de abuso de autoridade por causa da delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.

"A delação tem que ser espontânea. O Brasil viu o que Alexandre de Moraes fez contra o coronel Cid. 'Olha, já tem uma ordem de prisão contra você, se você não atender o que a gente está falando, a tua família, a sua mulher e a tua filha, nós vamos continuar o processo'. Isso também é abuso de autoridade”, disse Malafaia.

"Não derrotarão o bolsonarismo"

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi o último a discursar no ato e também pediu pela anistia, citou Clezão, e disse que esse era um dos dias mais difíceis da vida dele, "porque estamos falando da vida de inocentes".

Ele citou nominalmente outros presos pelos atos de 8 de janeiro, especialmente mulheres idosas e com condenações de até 17 anos de prisão.

"Eu jamais podia imaginar um dia na minha vida que teríamos refugiados brasileiros mundo afora. Até poucos anos, a gente não imaginava passar por uma situação como essa. Entendo que a liberdade é importante tanto quanto a própria vida", falou.

Bolsonaro também fez comentários sobre o cenário político e destacou que ali, no trio, ele havia reunido gestores de partidos políticos diferentes que o apoiavam.

"Eu tinha um problema e resolvi: o [Gilberto] Kassab, em São Paulo. Ele está em nosso lado para aprovar a anistia em Brasília. Todos os partidos estão vindo. Tem gente boa em todos os partidos", afirmou o ex-presidente.

"Por ocasião das eleições do ano que vem, me deem 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do nosso Brasil. Eleições sem Bolsonaro é negar a democracia no Brasil [...] Não derrotarão o bolsonarismo", completou.

Bolsonaro encerrou o discurso marcando um novo ato para o dia 6 de abril, na avenida Paulista, em São Paulo. Segundo ele, após esse evento, outro encontro será realizado no Nordeste, "talvez em Aracaju", ainda sem data definida.

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