Desde que passou a ser especulado, o ingresso da governadora Raquel Lyra no PSD sempre esteve vinculado ao interesse dela em estreitar relações com o governo Lula, mas esse fator ficou em segundo plano no evento de filiação da gestora ao novo partido, ocorrido na última segunda-feira (11), no Recife.
Embora o PSD tenha, de fato, presença no governo Lula, onde mantém três ministérios, o nome do presidente quase não foi lembrado no auditório do Recife Expocenter. A dúvida que paira sobre a presença ou ausência dele no palanque de Raquel no ano que vem também não entrou na pauta dos discursos.
O presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, que já havia revelado à Rádio Jornal a possibilidade de o partido lançar um candidato próprio em 2026 — o governador Ratinho Júnior —, chegou a lançar a própria Raquel como possível nome na disputa pela presidência em 2030, caso seja reeleita governadora no próximo ano.
Questionada sobre como ficaria a relação com o presidente agora que ingressou em um partido que integra o governo, Raquel se limitou a dizer que sempre teve proximidade com Lula.
Vale lembrar que um dos motivos que levaram a governadora a deixar o PSDB foi o posicionamento de oposição do partido tucano diante do petista. Na segunda-feira, porém, a justificativa principal foi de que ela buscava integrar um grupo mais robusto.
“É um trabalho para o fortalecimento da nossa construção política. O PSD é um partido que faz parte da composição do governo do presidente Lula e tenho contado sempre com a contribuição do governo federal. Sou grata por isso e vou continuar indo para Brasília”, disse Raquel em entrevista no final do evento.
Perguntada mais uma vez sobre como ficará o palanque do presidente em Pernambuco em 2026, ela novamente desconversou, mencionando somente a relação mantida por ora.
“A gente tem uma relação que já é muito próxima. Institucionalmente, o governo tem nos acolhido desde o primeiro mandato e tem dado demonstrações claras de que quer ajudar o nosso estado”, finalizou Raquel.
“Vamos discutir isso em 2026”
O ministro da Pesca e Aquicultura do governo Lula, André de Paula, que deixou a presidência estadual do PSD e ficou na vice-presidência do diretório, foi mais enfático sobre o assunto ao dizer que a discussão sobre a eleição de 2026 ficará para o ano que vem.
Ele também preferiu destacar somente a chegada da governadora ao partido, afirmando que alguém com a responsabilidade de Raquel “não pode estar conversando sobre eleição”, embora tenha reconhecido que esse ano é decisivo para o pleito do ano que vem.
“2026 é 2026. O que estamos garantindo hoje é mais energia e melhor governabilidade. Esse é um ano decisivo, que antecipa as eleições. Todo o esforço que Raquel e sua equipe fizeram vai resultar em entregas que vão se suceder”, disse o ministro aos jornalistas em entrevista coletiva.
André, que cumpre expediente na Esplanada dos Ministérios, deixou a presidência estadual do PSD sob a justificativa de que o diretório precisa de um líder mais presente em Pernambuco, mencionando que o grupo “precisa da energia de uma liderança como Raquel”.
Além de não falar sobre um virtual apoio de Lula à chapa no ano que vem, ele reforçou a fala de Kassab sobre uma candidatura própria do PSD em 2026, replicando a ideia de ter a governadora de Pernambuco na disputa presidencial em algum momento.
“Qual é o partido que não quer ter um candidato a presidente? Estamos falando de um partido que tem os melhores quadros da política brasileira, inclusive Raquel, que ao entrar no PSD passa a ser um quadro nacional para disputar a presidência. Se vai ser agora ou daqui a seis anos, a gente discute depois”, falou.