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Terezinha Nunes: Raquel desperta para a política com filiação ao PSD e vai virar a chave do seu Governo

Não se trata de simples assinatura de ficha. Há cerca de um mês, a governadora vem recebendo líderes políticos em Palácio para conversas reservadas

Por TEREZINHA NUNES do BlogDellas Especial para o JC Publicado em 02/03/2025 às 7:02

Desde que assumiu o cargo de governadora de Pernambuco, após uma campanha em que o pernambucano apostou firmemente nas mulheres, elegendo duas para o Governo e uma para o Senado, a governadora Raquel Lyra deu um freio na classe política, sepultando o desejo de muitos aliados de serem aproveitados ou, pelo menos, ouvidos pela chefe do Executivo. Muitos nem brigavam apropriadamente por cargos – é comum na política que quem ajuda a eleger, quer depois ser considerado - mas em ter suas opiniões levadas em conta.

“Ela sempre escutou e concordou com as críticas mas não passou daí”- disse ao BlogDellas um desses políticos com relevância no Estado, e que confessa ter “cansado de dar com os burros n'água”. Nem mesmo os ex-governadores Gustavo Krause, pai da vice Priscila Krause, e João Lyra Filho, este pai de Raquel, foram ouvidos, pelo que se comenta nos meios políticos. Esses, porém, pelo visto, nem se arriscaram.

“Só dou conselho a quem me pede” – disse Krause a um amigo que o procurou pedindo para intervir na situação quando começaram as primeiras escaramuças entre o Palácio das Princesas e a Assembleia Legislativa, que acabaram levando o Executivo a perder, há 15 dias, a condução de 14 das 17 comissões permanentes na Alepe, mesmo sendo a oposição minoritária na casa. João Lyra respondeu também a um amigo que lhe levara a mesma preocupação: “não vou falar, até porque tudo que ela faz, mesmo quando se pensa que é errado, acaba dando certo”.

Caruaru é um espelho

O pai da governadora referia-se ao fato de Raquel ter sido, por duas vezes, prefeita de Caruaru, cultivando um relacionamento crítico com a Câmara de Vereadores, e ter sido reeleita com grande votação. Dois anos antes de concluir o segundo mandato, renunciou para se candidatar à governadora em 2022, e teve 83,3% dos votos caruaruenses. No próximo dia 10, depois que se imaginou, por diversas vezes, que ela estava despertando para a política, sem consequência prática, isto, enfim, vai acontecer com a sua filiação ao PSD, um dos maiores partidos do país.

E não se trata de simples assinatura de uma ficha. Há cerca de um mês, de forma velada, a governadora vem recebendo líderes políticos em Palácio para conversas reservadas. Entre eles o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que se decepcionou já no início de 2023 quando teve votação expressiva para governador no primeiro turno e no segundo arregaçou as mangas para ajudar Raquel a se eleger e não fora ouvido desde então. Outros que suaram a camisa em 2022 ao seu lado, o ex-senador Armando Monteiro e o ex-deputado Ricardo Teobaldo, também foram recebidos com pompa e circunstância. O deputado federal Mendonça Filho idem.

Prefeitos cobiçados

Ela esteve com inúmeros prefeitos que ainda não são do PSD mas foram eleitos com seu apoio, convidando-os a ingressar com ela na nova legenda. O BlogDellas apurou que já no dia 10 alguns podem assinar a ficha do partido, mas há um planejamento no sentido de prolongar o assunto, fazendo filiações sucessivas. A governadora costuma guardar segredo de coisas simples, como o dia da filiação e até mesmo sobre a decisão de ingressar no PSD. Até a sexta, não se sabia o local do evento e o próprio dia foi divulgado não por ela, mas pelo presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, que, necessitando fazer convite a senadores e deputados para estarem presentes, acabou antecipando as informações.

Deputados estaduais devem se filiar ao PSD, mas só o farão na janela partidária, assim como deputados federais. Se ficar com o controle do PSDB, que teria sido oferecido ao presidente da Assembleia, Álvaro Porto, seria interesse de Raquel manter o partido na sua base e com representação na Assembleia e na Câmara Federal.

O atual presidente estadual da legenda, Fred Loyo, teria interesse em concorrer a uma vaga na Câmara Federal. Hoje, além de Álvaro, são do PSDB na Alepe os deputados Débora Almeida e Izaías Regis, que seguirão Raquel se a legenda permanecer sob seu controle.

Pesquisas ajudam

A melhora da avaliação da governadora nas pesquisas nos últimos dias serviu como caldo de cultura para transformar seu ato de filiação ao PSD ainda mais pomposo. Não se sabe quantos convidados nacionais estarão presentes, mas o presidente da legenda, Gilberto Kassab, promete atrair senadores e deputados federais de outros estados para virem com ele ao Recife no dia 10. Expediu os convites antes do carnaval para dar tempo aos mesmos de se programarem. Como governadora de um estado nordestino importante, Raquel vinha sendo cobiçada não só por seu partido, o PSDB, mas também pelo MDB. Kassab a vê como fundamental para fazer o PSD ficar mais forte no Nordeste. Agora é aguardar.

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