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No Uruguai, Lula se encontra com presidente da Alemanha e candidata do Equador

Lula foi ao Uruguai para acompanhar a posse do novo presidente do país, Yamandú Orsi, em Montevidéu. Orsi é de coalizão de esquerda e centro-esquerda

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Estadão Conteúdo

Publicado em 01/03/2025 às 19:16
Cerimônia de compromisso de honra constitucional por parte do presidente eleito do Uruguai, Yamandú Orsi, e da vice-presidente eleita, Carolina Cosse - Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve encontros com dois líderes internacionais neste sábado (1º) no Uruguai, de acordo com duas notas divulgadas pela assessoria de comunicação do Palácio do Planalto. Ele se reuniu com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier e com a candidata a presidente do Equador Luisa González, ambos de partidos de esquerda.

"Discutimos a importância dos países da América Latina e da União Europeia atuarem em defesa da democracia e do multilateralismo. A Alemanha é um parceiro essencial do Brasil na promoção do acordo Mercosul - União Europeia, no esforço de combate à mudança do clima e em prol do sucesso da COP30", disse Lula, em nota, sobre a conversa com o alemão.

"Tratamos do contexto político na América do Sul. Expressamos nossa concordância na importância do fortalecimento da democracia e da justiça social no continente. Desejo que as eleições no segundo turno no Equador transcorram de forma pacífica e dentro da normalidade, e que a vontade do povo equatoriano prevaleça", afirmou o petista, também em nota, sobre o encontro com Luisa González. Neste caso, a nota também diz que a reunião foi realizada a pedido da equatoriana.

Lula foi ao Uruguai para acompanhar a posse do novo presidente do país, Yamandú Orsi, na Assembleia Geral do Poder Legislativo uruguaio, em Montevidéu. Orsi é da Frente Ampla, coalizão de esquerda e centro-esquerda cujo líder mais conhecido é o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica.

"CENA NA CASA BRANCA FOI GROTESCA"

Lula classificou como "grotesca" a cena em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bate boca com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, no Salão Oval da Casa Branca. Segundo o petista, o ucraniano foi humilhado. Lula falou a jornalistas em Montevidéu.

"Desde que a diplomacia foi criada não se via uma cena tão grotesca, tão desrespeitosa como aquela que aconteceu no Salão Oval da Casa Branca. Eu acho que há uma parcela da sociedade que vive do desrespeito aos outros, e não é possível a gente falar em democracia se não há respeito aos outro ser humano. Acho que o Zelenski foi humilhado. Acho que na cabeça do Trump o Zelenski merecia isso", declarou o petista.

Na sexta-feira, 28, Zelenski foi até a Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, se reunir com Donald Trump. No único momento televisionado da agenda, Zelenski demonstrou incômodo com fala do vice-presidente americano, JD Vance, que criticou o apoio dado por Joe Biden à Ucrânia e defendeu diálogo com o presidente russo, Vladimir Putin. A conversa esquentou e Trump levantou a voz.

"Você não sabe disso. Não nos diga o que vamos sentir. Estamos tentando resolver um problema. Não nos diga o que vamos sentir. Porque você não está em posição de ditar isso", declarou o presidente americano depois de Zelenski sugerir que a Rússia poderia entrar em conflito com os Estados Unidos no futuro. Vance cobrou gratidão aos Estados Unidos de Zelenski, que foi interrompido diversas vezes.

Zelenski disse que a Ucrânia estava lutando sozinha, e Trump declarou que não era verdade. Afirmou que o país recebeu dos Estados Unidos um "presente estúpido" de US$ 350 bilhões em ajuda na guerra. "Você tem que ser grato. Você não tem as cartas, está encurralado, seu povo está morrendo. Você está ficando sem soldados", declarou Trump. Em determinado momento, Donald Trump tirou os jornalistas do Salão Oval. Depois, foi Zelenski quem saiu.

"Conversei com o presidente da Alemanha sobre a situação da Europa, sobre a visão que eles têm do comportamento do Trump com relação ao Zelenski e sobre o futuro da guerra da Rússia e da Ucrânia", disse Lula.

"Durante muito tempo a União Europeia defendia que era preciso conversar só com o Zelenski e não com o Putin. Agora que o Trump conversou com o Putin, a União Europeia quer que o Zelenski participe. Eu acho que não tem paz se não tiver a participação dos dois presidentes que estão em conflito", disse Lula.

"E eu disse ao presidente da Alemanha: é bem possível que a Europa fique responsável pela reconstrução da Ucrânia. É bem possível que a Europa fique responsável pela manutenção da Otan. É bem possível que a Europa seja responsabilizada pelo desastre que está acontecendo. Quando na verdade não é um problema de nenhum país, é um problema de responsabilidade de gente que não quer discutir a paz e quer discutir guerra", declarou o presidente brasileiro.

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