COBRANÇA

Mandato de Dilma no Brics é questionado por baixo desempenho e denúncias

A ex-presidente da República assumiu o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) em março de 2023, e mandato à frente da instituição termina em 2026

Cadastrado por

JC

Publicado em 28/02/2025 às 21:08 | Atualizado em 28/02/2025 às 21:28
Mandato de Dilma Rousseff no Brics é questionado por baixo desempenho e denúncias - Divulgação

A ex-presidente da República e presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco dos Brics, Dilma Rousseff, tem encarado denúncias de assédio e atraso em metas do banco, de acordo com reportagem da Folha de S.Paulo. Dilma recebeu alta hospitalar na última quinta-feira (27), após se recuperar de uma inflamação no nervo do labirinto, patologia chamada neurite vestibular, momento em que esteve afastada da gestão.

Segundo relatório obtido pelo periódico paulista, o Banco dos Brics estaria "atrasado no cumprimento da maioria de suas metas estratégicas para o período de 5 anos (2022-2026)". Além disso, somente 20% da meta de concessão de crédito do NDB foi alcançada. A Folha teve acesso ao voto do diretor alterno da Índia, Prasanna Salian, feito durante uma reunião do conselho de diretores sobre a Revisão de Médio Prazo da estratégia geral do banco, em 2024.

Leia Também

Para Prasanna Salian, "há uma necessidade urgente de priorizar atividades e fazer esforços imediatos para melhorar a execução do banco e reduzir o atraso (no cumprimento das metas) nos próximos anos", ponderou o diretor da Índia. "O NDB está muito aquém dos objetivos de operações não soberanas". As metas estratégicas foram traçadas para o período de 5 anos - de 2022 a 2026.

Assédio moral

Como se não bastasse a administração deficitária para cumprir os objetivos estipulados para o desenvolvimento do Brincs, Dilma também está sendo acusada de assediar moralmente os funcionários do NDB. De acordo com fontes ouvidas pela Folha de S.Paulo, a ex-presidente da República trata os subordinados, por vezes, com grosseria e insultos em um tom de voz elevado, podendo ser escutado em outros andares do prédio do banco. Xingamentos como: "burro", "burra", "ignorante" seriam proferidos frequentemente por Dilma na rotina da instituição.

Além disso, ainda segundo depoimentos de funcionários e ex-funcionários do Brics à Folha, a carga horária era extenuante, ultrapassando mais de 12h de expediente, todos os dias na semana e, muitas vezes, sem direito a folga semanal. Tal atitude estaria ocasionando problemas psicológicos nas pessoas que convivem diariamente com a presidente da instituição.

Diante deste cenário de pressão, como aponta o relatório de avaliação independente do banco, a rotatividade de funcionários do Brics tem sido três vezes maior do que a média em bancos multilaterais de desenvolvimento. Só para se ter uma ideia, desde que Dilma Rousseff assumiu a presidência do NDB, em 2023, 46% dos funcionários brasileiros deixaram o banco - 14 foram desligados. Isso dá uma média de um desligamento de um brasileiro do NDB a cada um mês e meio.

Expansão do Brics paralisada

Outro ponto de crítica à gestão de Dilma é o fato de o Banco dos Brics são ter expandido sua "lista" de membros. Na administração de Marcos Troyjo, por exemplo, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bangladesh passaram a integrar o NDB. Enquanto isso, nesses quase dois anos com Dilma à frente, nenhum país se juntou ao banco.

"Há espaço para melhorar a cultura organizacional, os processos de gestão e de pessoas para aumentar a eficiência do banco para poder cumprir seu mandato", apontou o relatório do Escritório de Avaliação Independente do NDB, assinado pelo diretor-geral Ashwani K. Muthoo, e que foi obtido pela reportagem da Folha de S.Paulo.

Resposta da assessoria

Através da assessoria de Imprensa, o Banco dos Brics afirmou à Folha que "não é apropriado concluir que o NDB não atingiu as metas, pois o ciclo estratégico ainda está em andamento".

Sobre as acusações de assédio moral, a assessoria informou que "não iria comentar, pois não há casos de assédio moral no departamento de conformidade e investigações do banco relacionados à presidente". Além disso, negou que as jornadas de trabalho dos funcionários seja superior a 12h diárias, se limitando ao horário de funcionamento do banco, que é das 9h às 17h15.

Com relação a adesão de novos membros no Banco dos Brics, o posicionamento da instituição foi de que a decisão não é exclusivamente da presidente Dilma, mas que necessita da "aprovação de seu Conselho de Governadores e Conselho de Diretores".

 
 

Tags

Autor

Veja também

Webstories

últimas

VER MAIS