Após vídeo publicado por Anderson Ferreira (PL) nas redes sociais, nesta quarta-feira (26), onde é designado por Valdemar da Costa Neto para liderar a chapa estadual do PL para 2026, o ex-ministro Gilson Machado (PL) reagiu e criticou as movimentações dos presidentes estadual e nacional da legenda, enfatizando que as articulações do bolsonarismo são distintas do PL em Pernambuco.
No vídeo, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, designa Anderson, ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes e presidente estadual da legenda, para liderar a chapa do partido em Pernambuco para 2026. Ainda de acordo com Valdemar, na publicação, Anderson também ficará responsável pela organização do partido no Recife, apontando que para crescer no estado, só há uma chance e “com quem tem voto”.
“Nós temos tudo para você fazer isso. Você (Anderson) é nosso parceiro de muitos anos, inclusive eu quero que você organize o partido na cidade de Recife. Nós precisamos crescer no Recife e precisamos crescer no estado de Pernambuco. Só temos uma chance, com quem tem voto”, disse Valdemar.
Em contato com o JC, Gilson Machado apontou que o movimento de Anderson e Valdemar divide a direita, mas reconhece que é normal que os grupos políticos do partido façam suas ações visando 2026.
“Eu tô muito tranquilo. É normal, é natural que isso aconteça, é salutar. Agora não é salutar a direita se dividir”, afirmou.
“Eu vou fazer de tudo pra unir a direita, pra unir os verdadeiros bolsonaristas que estavam comigo, inclusive, para receber o presidente Bolsonaro”, complementou.
Gilson afirma que o vídeo foi gravado na semana anterior à visita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a Pernambuco, realizada na última segunda-feira (24).
“Esse vídeo foi gravado antes do presidente vir aqui e declarar que a articulação do bolsonarismo em Pernambuco é Gilson Machado. Talvez ele tenha se enganado, ou Valdemar não tenha escutado o presidente dizer isso”, disse.
Ainda de acordo com o ex-ministro, a agenda de Bolsonaro em Pernambuco foi “excelente” e “muito produtiva”, destacando a ausência dos Ferreira.
“Diga-se de passagem, mais uma vez, foi uma agenda excelente, lotada em todos os cantos que a gente foi, muito produtiva, em que eles nem sequer pisaram lá, os Ferreira”, afirmou.
Caminhos diferentes no PL para 2026 em Pernambuco
O ex-ministro foi anunciado por Bolsonaro como o seu candidato para disputar o Senado em 2026, em declaração dada à Rádio CBN, durante as agendas do ex-presidente em Pernambuco, nesta semana. De acordo com Gilson, as movimentações de Anderson e Valdemar não impedem sua candidatura.
“Olha, são duas vagas pro Senado. Ele (Anderson) pode vir candidato de Valdemar da Costa Neto e eu venho candidato de Bolsonaro. Não impede”, comentou.
Ainda de acordo com Gilson Machado, as articulações para 2026 são distintas entre o bolsonarismo e o PL. Para o ex-ministro, o bolsonarismo engloba diversos partidos e vai além do que o PL planeja, citando, como parte do grupo bolsonarista de Pernambuco, as deputadas federais Clarissa Tércio (PP) e Michele Collins (PP), o deputado estadual Cleiton Collins (PP) e os vereadores Eduardo Moura (Novo) e Felipe Alecrim (Novo).
“Bolsonaro já definiu, ele foi muito claro. […] A articulação do bolsonarismo em Pernambuco é uma coisa e a do PL é outra. […] Quer dizer, o bolsonarismo engloba vários partidos”, destacou.
Sobre uma eventual saída do partido, por conta do racha atual na legenda em Pernambuco, Gilson enfatizou que só deixaria o PL se o ex-presidente Bolsonaro sair e que “tem muita gente doida” pra que ele deixe a legenda, mas não vai dar o “gostinho”.
“Troca de partido pode acontecer, mas eu só saio do partido se Bolsonaro sair ou se ele determinar que eu saia. Enquanto ele estiver no partido eu estarei do lado dele. Eu sei que tem muita gente que está doida pra que eu saia, mas eu não vou dar esse gostinho não”, enfatizou.
O ex-ministro relembrou a campanha de 2024, quando concorreu à prefeitura do Recife, onde os dois grupos políticos do PL entraram em conflito na capital pernambucana.
“O presidente Bolsonaro foi muito claro quanto ao presidente do partido aqui na própria campanha eleitoral de prefeitos, que só fazia atrapalhar a nossa campanha”, criticou.
Gilson comparou o seu desempenho eleitoral em 2022, quando foi candidato ao Senado, com o de Anderson, que foi candidato a governador. O ex-ministro também criticou o irmão de Anderson, o deputado federal André Ferreira, que teria subido em palanque do PT nas cidades de Gravatá e Sairé.
“Quero recordar que em 2022 tive quase o dobro dos votos do seu Anderson Ferreira. […] Quero recordar também que o irmão dele, o seu André Ferreira, subiu no palanque do PT, na cidade de Gravatá e em Sairé, inclusive, com o próprio irmão concorrendo ao governo, e elogiou Teresa Leitão (então candidata ao senado pelo PT) no palco. O conservador, o bolsonarista sabe quem é quem, eu estou muito tranquilo quanto a isso”, criticou.
Questionado sobre alguma possibilidade de pacificação no PL em Pernambuco, Gilson afirmou que é possível, mas que só quer a eleição de Jair Bolsonaro em 2026. O ex-presidente está inelegível até 2030, após decisão da Justiça Eleitoral em 2023.
“Sempre há possibilidade (de pacificar). Eu só quero uma coisa, que Bolsonaro seja presidente em 2026. Esse é o meu projeto. O meu projeto chama-se de Jair Messias Bolsonaro”, afirmou.