Um levantamento da Genial/Quaest divulgado, nesta quarta-feira (26), mostrou que governo do presidente Lula (PT), pela primeira vez, é reprovado por 50% ou mais dos eleitores em 8 estados do Brasil. De acordo com a pesquisa, a desaprovação supera os 60% em estados do sudeste e a aprovação cai mais de 17 pontos na Bahia e em Pernambuco, estados onde Lula venceu as eleições em 2022.
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o cientista político Adriano Oliveira avalia que a rejeição do presidente Lula não pode ser explicada somente pela instabilidade econômica. Oliveira cita três perspectivas. "Primeiro, o anti-lulismo. O anti-lulismo está presente na sociedade brasileira e ele é observado desde 2014", pontua.
"Segunda perspectiva, nós temos hoje dois sujeitos sociais importantíssimos na política brasileira, que são os empreendedores e consequentemente também os evangélicos. Os evangélicos estão mostrando que, tradicionalmente, eles rejeitam o presidente Lula e eles rejeitam também o PT. E esses os evangélicos, eles chegarão a ser cerca de 35% na próxima eleição em 2026", disse.
Por fim, Adriano destaca que 60% dos entrevistados afirmam que os discursos do presidente Lula estão desatualizados e repetidos. "Esse é o grande problema do governo. Como eu já frisei nesse espaço, o governo não é antigo, mas não é um governo inovador. Por que ele não é antigo? Porque o Brasil precisa de programas sociais. Nós não podemos criticar, por exemplo, o pé de meia. É um programa extremamente importante. Todavia, o governo Lula só vive de programas sociais", completou.
Lula 3 repete ações de Lula 1 e 2, segundo especialista
Segundo o cientista político, o governo Lula não se aproxima com a linguagem dos evangélicos, da classe média e dos empreendedores. "O governo Lula não tem nada de inovador. Ele só fala sobre programas sociais. O presidente Lula fez a opção de fazer o pronunciamento na última terça-feira. Pronunciamento necessário, importante. Mas quando ele falou nesse pronunciamento, eu vivi em 2002, eu vivi em 2005, eu vivi em 2008, eu vivi em 2010", afirmou.
"A demanda da sociedade está atrelada fortemente a uma redução de carga tributária, a demanda da sociedade está fortemente associada a uma demanda por saúde, por segurança pública, há uma demanda com menos inflação, há uma opção de não exacerbar a pauta identitária e isso o presidente Lula não faz", complementou.
Eleitores de Lula têm novas demandas
Após as pesquisas recentes, Adriano Oliveira avalia que os eleitores de Lula hoje têm outras demandas em comparação com os governos Lula 1 (2003-2007) e Lula 2 (2008-2011).
"Então, o que está ocorrendo e o PT não entendeu, o lulismo não entendeu, a comunicação do Lula não consegue enxergar isso, é que os lulistas, parte dele, passaram para um processo de emancipação social, de emancipação que podemos até definir cidadã, ou seja, eles hoje têm novas demandas", explicou.
"Eles estão dizendo claramente o seguinte, 'olha, tem cota, ótimo, gostei de ter cota, tem bolsa família, ótimo, gostei, mas eu quero mais, eu quero algo mais, porque hoje eu estou saindo de casa para vender meu cachorro quente, para vender meu milho, para trabalhar numa farmácia, hoje eu já estou formado em virtude do programa, do PROUNI'", exemplificou.