Na primeira sessão após retornar de licença, realizada nesta segunda-feira (24), o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), utilizou o espaço na tribuna para defender a legitimidade do processo de escolha das comissões parlamentares e acusou o governo de Raquel Lyra de 'intromissão na autonomia do Legislativo'.
"Durante o período que fiquei afastado, na primeira quinzena de fevereiro, o Poder Executivo tentou interferir no processo eleitoral das comissões permanentes", disse Álvaro Porto, indicando que as articulações teriam sido feitas com aval e participação da vice-governadoria e da Secretaria de Casa Civil do Governo. O presidente da Alepe também considerou como uma conduta “truculenta, inapropriada, intimidatória e, principalmente, ofensiva à Casa” a presença “ostensiva”, segundo ele, de assessores do Poder Executivo nas reuniões que trataram da formação das comissões.
A composição da direção das comissões teve uma mudança de direção durante o período de licença de Álvaro Porto, quando o vice-presidente da Alepe, Rodrigo Farias (PSB), esteve à frente da Casa. O processo foi questionado pela bancada governista da Assembleia, que não participou das eleições. Algo que revoltou a base de Raquel Lyra.
"Nunca vi, em cinco mandatos, um processo em que não houve negociação para composição das comissões”, avaliou João Paulo (PT). "É importante que a independência da Alepe seja mantida, mas isso não significa que não haverá diálogo entre o Legislativo e o Executivo", ponderou o deputado e ex-prefeito do Recife.
Quem também criticou a postura do vice-presidente da Alepe, ao convocar reuniões às pressas para aprovar as presidências das comissões parlamentares, foi a deputada Socorro Pimentel (União). "A gente deseja que haja harmonia, que haja união e que todo deputado seja tratado da mesma forma, equitativamente, e que todos aqui tenham direito de em algum momento externar insatisfação com relação à forma como foram tratados pontos do Regimento Interno. O tempo que o deputado Rodrigo Farias esteve à frente desta Casa foi algo que nos deixou boquiabertos", condenou.
Os parlamentares da base governista chegaram a encaminhar uma carta de repúdio contra o deputado Rodrigo Farias, algo que foi desaprovado por Álvaro Porto. "Esta carta foi encaminhada ao vice-presidente, mas teve o intuito de atingir a mim e a Assembleia. Todavia, o deputado Rodrigo Farias se manteve firme, salvaguardando a autonomia da Casa. Lamentavelmente, o comportamento adotado pelo governo escancarou a desconfiança e o desrespeito do Executivo pelo Legislativo”, relatou o presidente da Alepe.