O juiz Cesar Arthur Cavalcanti de Carvalho, da 13.ª Vara Federal de Pernambuco, colocou no banco dos réus por suposta corrupção passiva Renato Xavier Thiebaut, ex-chefe do Gabinete de Projetos Estratégicos de Pernambuco (2015-2022) do governo Paulo Câmara - atual presidente do Banco do Nordeste. Segundo a Procuradoria da República, Thiebaut teria recebido propinas de empresários entre 2017 e 2020 em troca de favorecimento em contratos da Compesa e das secretarias de Saúde e Educação do Estado.
O Estadão pediu manifestação do advogado Ademar Rigueira Neto, que defende Thiebaut. Também encaminhou ao Banco do Nordeste pedido para Câmara se pronunciar e solicitação ao prefeito do Recife, João Campos, filho de Eduardo.
Entenda o caso
Na denúncia, o MPF destacou o "papel de articulador" desempenhado por Thiebaut entre o governo de Pernambuco e seus fornecedores. A Procuradoria citou os cargos público por e desempenhados, lembrando de sua atuação como coordenador da campanha de Paulo ao governo do Estado em 2014, como responsável financeiro da campanha eleitoral de Eduardo Campos à Presidência em 2014 e como tesoureiro da campanha de João Campos à Prefeitura.
A assessoria de João Campos contesta a informação do MPF. Sustenta que outras pessoas atuaram em tal função.
A decisão judicial, assinada no último dia 11, também atinge os empresários acusados de pagamento de propinas ao ex-braço direito de Câmara: Luciano Cyreno Ferraz, dono uma empresa de terraplanagem e uma construtora, e Sebastião Figueiroa de Siqueira, que seria o dono de fato de grupo econômico integrado por uma gráfica, uma editora e uma empresa de serviços de informática.
A avaliação do juiz César Arthur Cavalcanti de Carvalho é a de que 'há provas de materialidade delitiva e indícios de autoria", considerando os relatórios sobre diligências executadas no bojo da investigação e demais elementos do inquérito policial.
Segundo o Ministério Público Federal, uma propina paga a Thiebaut envolveria um apartamento em Boa Viagem, no Recife, de 130 m² com vista para o mar. O imóvel foi adquirido por R$ 1,5 milhão, em 2017, por Sebastião, e depois reformado pela empresa de Luciano. A investigação diz que Thiebaut alugou o apartamento durante três anos por R$ 2 mil. Em 2021, o contrato foi renovado, com aluguel mensal de R$ 3,8 mil.
A Procuradoria aponta 'transação criminosa' e narra que o apartamento teria sido comprado intencionalmente com o 'intuito escuso de oferecer moradia' ao ex-chefe do Gabinete de Projetos Estratégicos de Pernambuco. Segundo a Procuradoria, o aluguel pago por Thiebaut era 'incompatível com o praticado no mercado' e deveria custar ao menos R$ 5 mil.
O MPF sustenta ainda que Luciano teria arcado, indiretamente, com a reforma da casa de Thiebaut em Gravatá. As obras se estenderam de janeiro a março de 2019 ao custo de R$ 113.827,74. Durante a reforma, o empresário teria fechado contratos com a Compesa e executado 'informalmente' a construção da primeira etapa do Hospital Geral Governador Eduardo Campos em Serra Talhada.
COM A PALAVRA, A DEFESA
A reportagem do Estadão pediu manifestação do advogado Ademar Rigueira Neto, que defende Renato Xavier Thiebaut. O espaço está aberto também para o ex-governador Paulo Câmara e para o prefeito do Recife, João Campos.