Feriado da Data Magna de Pernambuco: entenda história, significado e curiosidades sobre a Revolução Pernambucana de 1817
Movimento foi uma tentativa de independência de Pernambuco, que aconteceu no contexto de um Brasil ainda colonial; portugueses eram alvo principal

Um dos maiores orgulhos dos pernambucanos é o feriado estadual, nesta quinta-feira (6), criado em 2017, que celebra a Revolução Pernambucana de 1817.
Conhecido como feriado da Data Magna de Pernambuco, o momento histórico marca a independência do estado, tornando-se país por 75 dias. Por isso a origem da expressão bairrista "Pernambuco meu país".
Esse movimento foi uma tentativa de independência de Pernambuco, que aconteceu no contexto de um Brasil ainda colonial, e representou um grito de liberdade contra as autoridades portuguesas.
Entenda o que foi a Revolução Pernambucana de 1817
No século XIX, o Brasil presenciava a chegada da Família Real no Rio de Janeiro. Em 1808, o país vivia uma desigualdade social grande e a chegada da Corte causou bastante indignação nas províncias, e uma delas era Pernambuco.
Um dos motivos da revolta foram as ações tributárias que a Família Real começou a tomar após a chegada no Brasil. "A chegada da Família Real aumenta [a insatisfação], especialmente quando as ações da Família Real começam a priorizar a estadia, o desenvolvimento e as questões envolvendo o sudeste do país", explica o historiador Wellington Estima.
"Ela [a chegada da Família Real] nutre esse desejo por independência aqui na província, já que no Rio de Janeiro, que era a capital, a Família Real está tomando essa decisão. Se a gente conseguisse separar, criasse um governo próprio e passasse a ser uma república - como fomos, por 75 dias -, a gente acabaria tendo um melhor direcionamento, por exemplo, desses recursos, e tendo uma administração mais coerente com essa tributação, por exemplo", complementou.
Revolução dos Padres
A Revolução Pernambucana também ficou conhecida como Revolução dos Padres, uma vez que a igreja católica teve uma participação forte durante o movimento. "Você vai ter uma importante participação do clero, você tinha ali um grupo ligado à igreja católica muito importante", afirmou o historiador.
De acordo com Wellington, Frei Caneca foi um dos atuantes da revolução de 1817, mas atuou mais fortemente sete anos depois, em 1824, na Confederação do Equador. Antônio Carlos Ribeiro de Andrade , José Bonifácio, Manoel Correia de Araújo - que foi um dos redatores da Constituição Republicana de Pernambuco - e José de Barros Lima, conhecido como "Leão Coroado", foram alguns nomes que marcaram a Revolução.
"O movimento tem um elemento, um ingrediente interessante, que é a participação de vários grupos: militares, religiosos, intelectuais, comerciantes. Isso tudo ajudou muito no processo de construção da Revolução, porque muitos movimentos participam sem grupos militares, oficiais. Na Revolução Pernambucana, um dos motivos que fez esse movimento sair do papel, e tornar Pernambuco um país durante dois meses, foi justamente a participação de alguns militares, e o Leão Coroado, José de Barros Lima, também é um nome muito importante", explicou Wellington Estima.
"Cruz Cabugá é um outro nome fundamental, que chegou a tentar fazer uma relação diplomática com os Estados Unidos, que já era independente, inclusive tentar angariar recursos, comprar armas para lutar contra o governo imperial", completou.
O fim da revolução
Após 75 dias, a Revolução Pernambucana chegou ao fim por causa da falta de apoio das outras províncias, falhas na organização militar e contradições internas.
Os líderes da Revolução Pernambucana foram mortos ou presos e documentos históricos foram destruídos a mando do rei.
Em 19 de maio de 1817, uma força de oito mil homens cercou Pernambuco e executou os envolvidos na Revolução Pernambucana. Como punição, a Coroa tirou de Pernambuco o território de Alagoas.
Bandeira de Pernambuco
Um símbolo da história da Revolução Pernambucana de 1817 presente e lembrado até hoje é a bandeira do Estado, composta pelas tradicionais cores pernambucanas: azul, branco, vermelho, amarelo e verde.
Um dos idealizados da bandeira foi o Padre João Ribeiro, um dos líderes da revolução. "Ele é o grande idealizador dessa bandeira. Essa bandeira tem uma simbologia bem interessante, a Cruz Vermelha vai remontar justamente essa ligação do movimento à fé cristã, muitos padres participavam", explicou o historiador Wellington Estima.
"O arco-íris teria como elemento a diversidade de povos, mas especialmente de ideias também. O azul tem a ver com o céu de Pernambuco, e o branco seria a paz. Então tem esses elementos que configuram a bandeira do estado de Pernambuco, que é um sintoma que realmente, de fato, dialoga com esse movimento revolucionário que surge na primeira parte do século XIX", completou.
Outro destaque são as três estrelas que estão na bandeira. Segundo o historiador, elas representavam três estados. "Uma que simbolizava o próprio Pernambuco, a outra simbolizava a Paraíba e a outra a bandeira do Rio Grande do Norte", destacou.
Entenda a Revolução Pernambucana em cinco minutos