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Quando o Carnaval passar

No mundo político das relações institucionais, papel agora de Gleisi Hoffmann dentro do governo, as expectativas estão longe de qualquer mar calmo

Por JC Publicado em 03/03/2025 às 0:00 | Atualizado em 03/03/2025 às 8:03

Quando o Carnaval passar será preciso acompanhar com cuidado como deve acontecer a gestão da nova ministra das Relações Institucionais, a "petista raiz" e deputada federal pelo Paraná Gleisi Hoffmann, que toma posse nos próximos dias. E ver o que ainda pode acontecer e se seguirá, de maneira atabalhoada como tem sido  - e  a conta gotas - a tal reforma ministerial conduzida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A escolha da nova ministra, que dará expediente no Palácio do Planalto, causou espanto e perplexidade no meio político. No meio econômico, entre investidores e no mercado financeiro, o susto ainda foi maior, mesmo que não tenha sido exatamente uma  surpresa. Gleisi, presidente do PT, como se sabe, é inimiga pública da política econômica conduzida pelo companheiro de partido, Fernando Haddad. Haddad, como também se sabe, bem ou mal, é uma das poucas âncoras do governo petista com o mercado.

No mundo político das relações institucionais, papel agora de Gleisi Hoffmann dentro do governo, as expectativas estão longe de qualquer mar calmo. Não é novidade para ninguém que este terceiro mandato do presidente Lula tem  base política frágil no Congresso Nacional. E se tem uma coisa que precisa melhorar muito é a relação do governo com as casas legislativas. Com o seu perfil "esquerda raiz" é de se esperar que a nova ministra não poderá contribuir muito. Ou, previsivelmente, muito pelo contrário.

Com índices de popularidade em baixa em todos os institutos de pesquisa, com uma relação de altíssimo desgaste com o Congresso formado por  maioria centro-direita e os números da economia dando claros sinais de desgaste, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma aposta alta. Como cravou o colunista Igor Maciel, deste JC, na sua coluna Cena Política, a escolha de Gleisi parece mais desistência do que tentativa de articulação.

Entre os petistas que conseguem defender o nome da futura ministra  - porque ela está longe de ser  unanimidade inclusive no partido -  a explicação é a de que Gleisi foi escolhida pelo presidente da República porque fez uma boa articulação na campanha vitoriosa que levou o Lula ao seu terceiro mandato. Pois, então, se o que se espera para o próximo pouco mais de um ano e meio do governo petista for mesmo só de olho na reeleição em 2026, aguardemos pois porque dias muito piores podem estar por vir...

 

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