Metade dos postos de trabalho formais no Brasil são gerados por empreendimentos de micro e pequeno portes. Mas em um país de juros altos, problemas de formação desde a educação básica e uma das mais altas cargas tributárias do mundo, os desafios começam logo na etapa de planejamento e implantação dos negócios. O acesso ao crédito pode ser complicado, a qualificação é um gargalo para a maioria dos setores, e a fatia de impostos e taxas desestimula quem deseja investir num sonho para gerar empregos e traduzir o investimento em repercussões econômicas e sociais.
Na última sexta, o debate da Rádio Jornal, comandado por Natália Ribeiro, recebeu o secretário executivo do Ministério do Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, Tadeu Alencar, o superintendente do SEBRAE-PE, Murilo Guerra, e o presidente do Sistema Fecomércio, Sesc e Senac de Pernambuco, Bernardo Peixoto.
O reconhecimento do quanto os governos podem atrapalhar o processo veio do próprio representante da esfera pública federal, Tadeu Alencar, num bom sinal de disposição para a redução da burocracia – algo que a maioria dos governos, nas três esferas, e também os representantes parlamentares, mencionam bastante, sem que tenha havido grandes avanços nas últimas décadas. Para o secretário, a burocracia é devastadora, sem um ambiente de acolhimento para o empreendedor.
De fato, para muitos que estão planejando abrir um negócio, ou estão na fase de implantação, o ambiente de negócios é refratário, ao invés de atrair o investimento e a geração de empregos. Para Murilo Guerra, é imprescindível que se conheça previamente o mercado e o negócio, para que a criatividade leve a um diferencial do empreendimento. “O grande desafio da empresa é a inovação permanente”, disse o superintendente do SEBRAE-PE. Para ele, o conhecimento é a principal demanda para a pequena empresa. Segundo ele, através do conhecimento das potencialidades e do mercado, é possível transformar os propósitos do empreendimento em capacitação para o negócio.
Com muita burocracia como obstáculo, e sem o conhecimento requerido para atuar no mercado, a maioria das empresas fundadas fecha as portas em pouco tempo, como recordou o presidente do Sistema Fecomércio, Bernardo Peixoto. Para ele, são fatores determinantes dessa mortalidade das empresas a carga tributária e os juros praticados no país, que inviabilizam a sustentabilidade dos micro e pequenos negócios.
Podemos acrescentar que a empolgação de quem empreende a partir de um sonho, de um projeto de vida, merece mais apoio diante de uma realidade desafiadora como a brasileira. É preciso aliviar os empecilhos burocráticos, o peso tributário e as dificuldades de crédito, para que os potenciais dos pequenos negócios sejam capazes de cumprir o papel essencial para o desenvolvimento nacional, regional e local. Afinal, os micro e pequenos negócios, muitos de natureza familiar, dizem respeito à dinâmica das cidades, de bairros e comunidades. Quanto mais a empreendedorismo der frutos nas localidades, melhor para o país inteiro.
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